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Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

Projeções para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)

Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (22/08/2025). *Mediana. Elaboração: AE/CDL POA.

O PIB esperado para 2025 moveu-se de +2,21% para +2,18% entre os dias 15 e 22 de agosto. É possível que a mudança tenha sido deflagrada por causa da divulgação do IBC de junho: o termômetro que mede o nível de atividade apresentou queda de 0,06% no confronto com maio, na série com ajuste sazonal. O dado veio levemente abaixo do consenso entre os analistas sondados pelo Broadcast+ (+0,05%) e representa o 2º recuo consecutivo nessa base de comparação. Os números reforçam a transição de uma trajetória de crescimento para uma desaceleração gradual.

Ao longo da semana anterior, os agentes repercutiram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de punir empresas que acatem resoluções do exterior sem o aval do órgão, incluindo as sanções da Lei Magnitsky contra determinadas autoridades. Como resultado, companhias listadas na B3 sofreram prejuízos, sobretudo as ações de bancos. O Congresso também aprovou o regime de urgência para a tramitação do projeto que aumenta o limite de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para quem recebe até R$ 5 mil mensais. O assunto é acompanhado de perto em virtude de suas implicações para as contas públicas.

No tocante à inflação, o IPCA aguardado para 2025 caiu pela décima terceira oportunidade ininterrupta (de +4,95% para +4,86%). Duas hipóteses podem ajudar na contextualização. Em primeiro lugar, o arrefecimento da demanda em razão da menor expansão da produção, que ganhou um novo componente com as sobretaxas dos EUA de 50%. Em segundo, o prognóstico para a taxa de câmbio no término de 2025 decaiu marginalmente (de R$ 5,60 para R$ 5,59). Além da perda de valor do dólar em escala global diante da desconfiança dos investidores com as políticas de Donald Trump, o Brasil é um polo de atração de capitais em função da Taxa SELIC em 15,00% ao ano, a maior desde 2006.

O IPCA computado para 2026 exibiu decréscimo (de 4,40% para 4,33%). É importante lembrar que o governo do Paraná optou por diminuir a alíquota do IPVA (de 3,5% para 1,9%) em 2026. Estimativas preliminares demonstram que o item “registro e licenciamento de carros” deverá passar de +3,0% para -1,5% no território nacional no ano que vem, introduzindo um viés de -0,12 ponto percentual para o índice como um todo. Outro aspecto benigno no curto prazo diz respeito ao barateamento do IPI para veículos compactos e sustentáveis, que tende a beneficiar 60% da oferta pela previsão oficial.

No cenário internacional, tivemos o famoso Simpósio de Jackson Hole nos Estados Unidos. Conforme o Presidente do FED, Jerome Powell, apesar do atual momento caracterizado pela proximidade do pleno emprego, as evidências em torno de um desaquecimento mais forte do mercado de trabalho americano vêm se acumulando, o que acaba por majorar a probabilidade de uma deterioração acentuada adiante. Por sua vez, os preços permanecem acima da meta de 2,0%, mas existe uma convergência gradativa rumo ao objetivo. Ademais, as expectativas seguem bem ancoradas. No que se refere às tarifas, o entendimento é de que se trata de um choque temporário. Julgamos que a visão predominante é de que os riscos envolvendo a piora da ocupação são preponderantes, o que realça a perspectiva de corte de juros para setembro e, provavelmente, uma redução adicional até dezembro. O fenômeno é positivo para o Brasil, abrindo espaço para alguma flexibilização no futuro.

Desempenho dos serviços em junho de 2025

Pesquisa Mensal dos Serviços (PMS) / Variável: faturamento deflacionado pelo IPCA / Fonte: IBGE.

Brasil:

→ Jun-25 / Mai-25 (após o ajuste sazonal): +0,3%;

o Consenso entre as estimativas dos analistas sondados pelo Broadcast+ acusava estabilidade;

o É o quinto incremento seguido na referida métrica;

→ 2ºT25 / 1ºT25 (após o ajuste sazonal): +1,1%;

Apesar da surpresa positiva em junho, julgamos que a composição foi fraca porque somente uma entre as cinco categorias investigadas subiu: a de transportes (+1,5%). Por um lado, a majoração do segmento aéreo (+2,5%) esteve possivelmente atrelada ao valor das passagens para os consumidores, cuja elevação de apenas +0,80% sucedeu os recuos de 14,2% e 11,3% em abril e maio, conforme o IPCA. Por outro, o transporte terrestre avançou +0,8%, o que provavelmente ainda guardou conexão com o escoamento da supersafra. Em contrapartida, os serviços prestados às famílias (-1,4%) e outros serviços (-1,3%) caíram de forma mais forte.

Entendemos que os dados são consistentes com um quadro de desaceleração gradual da atividade econômica. Questões como a inflação pressionada, os juros altos e as incertezas externas pesaram. Todavia, o mercado de trabalho sólido, os incentivos à demanda oriundos do Governo Federal e o transbordamento da colheita recorde ajudam a contextualizar os resultados.

Atividade dos serviços* – Brasil
(Em variações percentuais)


Fonte: IBGE. *Faturamento deflacionado. **Série com ajuste sazonal. Elaboração: AE/CDL POA.

Rio Grande do Sul:

→ Jun-25 / Mai-25 (após o ajuste sazonal): -0,7%;

o Trata-se do sétimo declínio consecutivo nas últimas oito leituras.

→ Jun-25 / Jun-24: +4,5%;

→ 1ºS25 / 1ºS24: -8,5%;

A queda verificada no primeiro semestre é atípica, puxada por transportes e correio (-21,5%) e profissionais / administrativos (-10,0%). Uma hipótese explicativa para o primeiro caso poderia envolver a dinâmica da agropecuária gaúcha, de modo que o prognóstico construído pela CONAB para a produção de grãos no ciclo 2024/2025 é de -9,6%. Porém, tivemos estiagens bem mais severas no passado que sequer se aproximam do tamanho do tombo registrado pela PMS. Ademais, a receita nominal do setor apresentou expansão de +11,2%, ou seja, o deflator necessário para se chegar ao volume corresponde a 41,7%, o que definitivamente não nos parece razoável. Portanto, acreditamos que existe um problema de ordem metodológica.

Atividade dos serviços* – Rio Grande do Sul
(Em variações percentuais em comparação com o período equivalente do ano anterior)


Fonte: IBGE. *Faturamento deflacionado. Elaboração: AE/CDL POA.

Cabe lembrar que houve crescimento expressivo dos transportes no ápice das enchentes, pois o fator de correção utilizado é o preço dos pedágios, de acordo com o IBGE. Como muitos dos pontos de cobrança foram desativados para facilitar o deslocamento de doações e das próprias pessoas, o termômetro disparou à época. No entanto, o recolhimento voltou ao normal em julho de 2024, assim como parte representativa da infraestrutura prejudicada pelos alagamentos até dezembro do ano passado. Logo, não vemos justificativa plausível para o fenômeno, que acaba contaminando a avaliação não só do ramo como do indicador como um todo.

Por sua vez, o decréscimo no volume de profissionais, administrativos e complementares também ocorreu em termos nominais (-4,9%), algo que se coaduna com o número real e a conjuntura. A antecipação do pagamento de precatórios da União em fevereiro de 2024 (cerca de R$ 30 bilhões em nível nacional) beneficiou os escritórios de advocacia, gerando um efeito estatístico significativo.

O desaquecimento esperado para o segundo semestre no Brasil deve contribuir para o arrefecimento no RS. Contudo, os estímulos à procura já adotados pela União e os novos que estão por vir (reajustes ao funcionalismo, a liberação de emendas parlamentares, o aumento dos gastos de estados e municípios por conta das eleições de 2026, a reforma do imposto de renda – potencial isenção para quem recebe até R$ 5 mil – a intensificação na aprovação de despesas do BNDES), além da robustez do emprego, constituem aspectos benignos para as transações.

Data

25 agosto 2025

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