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Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

Projeções para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)

Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (17/04/2025). *Mediana. Elaboração: AE/CDL POA..

A agenda de dados relativos ao Brasil foi fraca nos últimos dias, em parte por conta da Semana Santa. Nesse sentido, a grande novidade abrangeu o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PDLO) de 2026 elaborado pelo Executivo e enviado para apreciação do Congresso Nacional. Julgamos que vários aspectos do texto preocupam. O superávit primário antevisto para 2026 é de 0,25% do PIB (equivalente a R$ 34,3 bilhões). No entanto, o objetivo depende de dois fatores essenciais: (1) ganhos de arrecadação de R$ 118 bilhões – sem qualquer detalhamento no que concerne as fontes; e (2) a exclusão de R$ 55 bilhões em dispêndios com precatórios da contabilização do resultado, com base em decisão do STF.

O Governo Federal também apresentou as metas para 2027 (0,5% do PIB), 2028 (1,0% do PIB) e 2029 (1,25% do PIB). Contudo, a estimativa da poupança necessária para estabilizar a dívida bruta como proporção do PIB figura entre 2,0% a 2,5% do PIB, de acordo com o Banco Central. Logo, o endividamento público continuará aumentando, o que traz implicações negativas para o poder de compra do real e da Taxa SELIC. Por fim, chama a atenção o crescimento das despesas obrigatórias – aquelas determinadas por força da lei ou da Constituição – ao longo dos próximos anos, muito em virtude da expansão dos benefícios previdenciários. Consequentemente, o espaço para os gastos discricionários (onde existe margem de manobra para a alocação do recurso) diminuirá consideravelmente. Portanto, se não houver reformas para limitar o primeiro grupo, corre-se o risco de termos problemas para o custeio da máquina, a efetuação de emendas parlamentares e o cumprimento do piso dos investimentos definidos no arcabouço fiscal em pouco tempo.

No cenário internacional, os Estados Unidos retiraram os produtos de tecnologia (computadores, smartphones e outros) da lista de sobretaxas de importação, incluindo a China. Porém, o secretário de Comércio americano afirmou que o movimento é provisório, de modo que os artigos tendem a integrar um novo regime tarifário para semicondutores dentro de um mês. Já o Presidente do Banco Central (FED), Jerome Powell, trouxe um tom mais duro no tocante à condução da política monetária. O mandatário disse que a inflação derivada do protecionismo pode ser duradoura. Além disso, apesar do desaquecimento do PIB esperado para o 1ºT/25 e de toda a incerteza e volatilidade que caracterizam a atual conjuntura, o nível de atividade dos EUA persiste sólido na sua visão, o que gera cautela no curto prazo.

Por sua vez, tivemos a divulgação de diversos indicadores para a China. O PIB entre janeiro e março de 2025 subiu +5,4% no confronto com o mesmo período de 2024, superando os prognósticos dos analistas (+5,2%) e repetindo o desempenho verificado na leitura anterior. Tratam-se dos maiores ritmos desde o 2ºT/23. Ademais, a antecipação dos efeitos das alíquotas estabelecidas por Donald Trump contribuiu para o incremento das exportações, especialmente de bens de capital e duráveis. Em contrapartida, o ramo imobiliário permanece como principal debilidade, e, a despeito dos estímulos que devem ser adotados pelo alto comando, não parece provável a elevação de +5,0% do PIB em 2025, dado que a China é o alvo preferencial da guerra comercial travada pelos EUA.

Avaliação do PIB do 4º trimestre de 2024 do Rio Grande do Sul

Conforme o DEE / RS, o PIB do Rio Grande do Sul aumentou +1,0% no quarto trimestre de 2024 em comparação com o período imediatamente anterior considerando os dados corrigidos pela sazonalidade. O número vem na esteira das retrações constatadas no segundo (-0,3%) e terceiro trimestres (-0,8%). Consequentemente, o patamar da série histórica praticamente igualou seu recorde, verificado entre janeiro e março de 2024, ou seja, previamente às enchentes.

Apesar do recuo de 4,9% da agropecuária, o setor primário exerceu sua parcela de contribuição para o resultado agregado. Nesse sentido, o bom desempenho do trigo colaborou para o incremento de 20,4% do segmento ante o mesmo intervalo de 2023 e, por conseguinte, para que o tamanho da queda contra o terceiro trimestre acabasse sendo menor.

Por sua vez, a indústria (+0,7%) e os serviços (+1,1%) cresceram de forma consistente. Julgamos que ambas as majorações dizem respeito à continuidade da recuperação da infraestrutura, responsável pela retomada gradual da mobilidade da população, ajudando sobretudo as categorias mais prejudicadas pelos alagamentos.

No ano, o PIB do RS subiu +4,9%. Diversos fatores atuaram para a composição da referida variação. Em primeiro lugar, o RS vinha de dois anos caracterizados por fortes estiagens que legaram uma base bastante deprimida. Enquanto o PIB estadual caiu 0,7% em termos acumulados entre 2022 e 2023, a expansão em nível nacional atingiu 6,3%.

Os recursos direcionados para o enfrentamento da crise climática também apresentaram relevância. Ao todo foram R$ 29 bilhões em gastos da União, segundo o Tesouro. Além disso, a safra de verão gaúcha restou preservada em boa medida, pois a colheita já havia sido realizada antes das chuvas sem precedentes.

Por fim, o IPCA da Região Metropolitana de Porto Alegre em 2024 (+3,57%) registrou a mínima entre as 16 localidades investigadas pelo IBGE, com destaque para o avanço mais contido dos preços dos alimentos (+3,83%) em relação ao total do Brasil (+7,69%). Convém lembrar que várias Unidades da Federação tiveram problemas de oferta em virtude das queimadas que afetaram diferentes biomas.

PIB do Rio Grande do Sul
(Var. %)

Fonte: Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento do RS. *Série com ajuste sazonal. Elaboração: AE/CDL POA.

Data

23 abril 2025

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