Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira
Projeções para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)
Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (18/10/2024). *Mediana. | Elaboração: AE/CDL POA.
O prognóstico relacionado ao PIB para 2024 subiu de +3,01% para +3,05% ao longo dos últimos sete dias. Entre as prováveis causas do movimento está o resultado do Índice do Banco Central (IBC) de atividade econômica, cuja elevação em agosto no confronto com julho (+0,2%), na série com ajuste sazonal, superou as expectativas dos analistas de estabilidade, conforme a sondagem do Broadcast+. A safra recente de indicadores corrobora com um cenário de desaceleração, porém em um ritmo menor do que o imaginado por nós anteriormente. De uma maneira geral, a renda continuará amparada no mercado de trabalho aquecido e na atuação do governo, abrangendo, por exemplo, o efeito da correção real do Salário Mínimo no pagamento de benefícios. Por sua vez, a previsão de +1,93% para o PIB em 2025 permaneceu constante.
Já o cômputo do IPCA sofreu alteração tanto para 2024 (de +4,39% para +4,50%) quanto 2025 (+3,96% para +3,99%). No primeiro caso, a modificação ocorreu em virtude, principalmente, da reestimativa para outubro (de +0,40% para +0,49%). O número é consistente com as leituras dos preços da FGV, considerando o recorte voltado aos consumidores no IGP-10 de outubro (+0,53%) e o IPC-S da 2ª quadrissemana de outubro (+0,51%). Ambos evidenciaram o impacto do clima desfavorável sobre o custo da energia elétrica e dos alimentos, com destaque para hortaliças e legumes (bastante sensíveis às condições do tempo). Os desdobramentos dos conflitos geopolíticos para a cotação do petróleo e, consequentemente, os combustíveis representam pontos de atenção.
Acreditamos que a atualização para o ano que vem do IPCA refletiu a ampliação do risco fiscal. Embora alguns ministros tenham sinalizado cortes de gastos, tivemos notícias contemplando a possibilidade de exclusão das estatais dos limites impostos pelo arcabouço. Ademais, o Presidente Lula afirmou que certos tipos de dispêndios devem ser encarados como investimentos. Julgamos que esse conjunto de vetores fez com que o Real desempenhasse abaixo das moedas comparáveis na semana passada, de modo que a taxa de câmbio fechou próxima a R$ 5,70. Inclusive, o patamar esperado para o final de 2024 avançou de R$ 5,40 para R$ 5,42.
Os desafios existentes para a convergência da inflação rumo à meta de 3,0% (crescimento acima do nível sustentável, desequilíbrios nas contas públicas, entre outros) seguem provocando novas revisões altistas na trajetória aguardada da taxa básica de juros. Apesar de sem mudanças para o encerramento de 2024 (11,75% ao ano, ou seja, dois acréscimos de 0,50 ponto percentual nas reuniões de novembro e dezembro do Comitê de Política Monetária), o valor da Taxa SELIC para o término de 2025 aumentou de 11,00% para 11,25% ao ano.
Avaliação do Índice do Banco Central (IBC) – agosto de 2024
Definição: o IBC é um termômetro do nível de atividade criado através da agregação de pesquisas setoriais.
Informações para o Brasil:
→ Ago-24 / Jul-24 (com ajuste sazonal): +0,23%;
• Apesar da queda, a estatística veio melhor do que a mediana das previsões dos especialistas sondados pelo Broadcast+ (estabilidade);
• Números de maio (de +0,36% para +0,39%) e julho (de -0,41% para -0,59%) sofreram revisão;
É possível atualizarmos o efeito carregamento para o terceiro trimestre e o ano de 2024 como um todo: as variações simuladas no confronto com os períodos imediatamente anteriores se houver estagnação em setembro e até o final do ano (entre setembro e dezembro), respectivamente. No primeiro caso, teríamos alta de +0,6%, o que representa metade da leitura precedente (+1,2%). No segundo, a majoração alcança +2,9%. Entendemos que a dinâmica recente é consistente com nossa crença de desaceleração gradual no segundo semestre, porém de forma menos intensa para o que projetávamos. A diminuição do impulso fiscal, a base de comparação elevada e o ciclo de aumento da Taxa SELIC em curso (embora a política monetária opere com defasagem sobre a economia real) figuram entre as causas. Ainda assim, julgamos que o cenário de crescimento do PIB de cerca de +3,2% é bastante razoável.
E o Rio Grande do Sul?
→ Ago-24 / Jul-24*: -1,16%;
• Consequentemente, voltamos a ficar abaixo do patamar constatado em abril ( 0,7%), ou seja, antes das enchentes;
→ Os resultados por categorias apresentaram dicotomia;
• O parque fabril retraiu -3,0%. Em contrapartida, o varejo ampliado (+1,9%) e os demais serviços (+0,5%) registraram avanço;
É importante lembrar que não podemos inferir tendências a partir de um dado pontual. Todavia, esse talvez seja um sinal preliminar de certo esgotamento dos recursos injetados junto ao estado visando o enfrentamento da crise climática, principalmente pelo lado da demanda (auxílios e adiantamento de pagamentos) que estimularam a recuperação após o tombo verificado em maio.
→ Acumulado do ano: jan-ago24/23: +3,6%;
• Depois de dois anos ruins (2022 e 2023), a safra de grãos de verão 2024 próxima ao padrão de normalidade havia sido colhida em grande quantidade até abril. Além disso, os alagamentos afetaram muito mais os centros urbanos em relação ao campo;
• A conjunção de tais fatores, aliadas às medidas de apoio à oferta e à procura postas em marcha como resposta às inundações, ajudam a explicar o tamanho do incremento no ano;.
Índice do Banco Central (IBC)
(Var. % em relação ao período anterior)
Fonte: Banco Central. *Com ajuste sazonal. | Elaboração: AE/CDL POA.