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Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

Projeções para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)

Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (17/01/2025). *Mediana. Elaboração: AE/CDL POA.

O principal destaque da edição envolveu a nova deterioração das expectativas para o IPCA em 2025 (de 5,00% para 5,08%) e 2026 (de 4,05% para 4,10%). O movimento ocorreu apesar da surpresa positiva com o IGP-10 de janeiro (prévia do IGP-M): o resultado do indicador (+0,53%) não somente desacelerou ante dezembro de 2024 (+1,14%) como também ficou abaixo do consenso entre os especialistas sondados pela Reuters (+0,61%). Vale ressaltar que o IGP-10 e o IGP-M apresentam diferenças para o IPCA. Os dois primeiros, da FGV, levam em consideração a dinâmica do atacado (60%), dos consumidores finais (30%) e dos custos da construção civil (10%), ao passo que o terceiro diz respeito às famílias apenas.

É possível que uma das hipóteses capazes de explicar as mudanças nos prognósticos do IPCA ainda seja a contabilização dos efeitos do cenário mais adverso, que acarretou na escalada do risco-país e na saída maciça de Dólares em dezembro (cerca de US$ 26 bilhões). A piora foi derivada da somatória de duas forças. A primeira compreende o quadro externo, com perspectiva de menos diminuições de juros nos Estados Unidos ao longo de 2025. Por um lado, a produção e o emprego americanos seguem exibindo resiliência. Por outro, as medidas que tendem a ser adotadas pelo governo Trump colaboram para pressionar a inflação, incluindo restrições à imigração, aumento das tarifas de importação e a manutenção de cortes de impostos para empresas e algumas pessoas físicas. O segundo vetor são as incertezas fiscais no âmbito nacional, cujos impactos se intensificaram em virtude da frustração com o pacote de redução de gastos anunciado pelo Executivo Federal.

Já o PIB registrou incremento para 2025 (de+2,02% para +2,04%). Acreditamos que a divulgação de termômetros referentes a novembro de 2024 provavelmente influenciou na alteração. É bem verdade que o desempenho dos serviços no confronto com outubro dos dados corrigidos pela sazonalidade (-0,9%) decepcionou (estimativa obtida junto aos analistas entrevistados pelo Broadcast+ era de -0,5%). No entanto, o Índice do Banco Central (IBC) de atividade econômica expandiu +0,1%, ultrapassando a mediana das previsões (-0,1%).

No que tange à Taxa SELIC, os agentes de mercado mantiveram 15,00% ao ano esperados para o término em 2025, enquanto que para o encerramento de 2026 houve um ajuste para cima: 12,00% ao ano para 12,25% ao ano. Recentemente, Diogo Guillen, um dos diretores do BC e membro do COPOM, afirmou que a política monetária caminha para um patamar “bastante contracionista”, atuando para frear o ritmo de crescimento. Julgamos que a declaração sinaliza que o fim do ciclo de alta dos juros não deve superar de forma significativa os 14,25% ao ano pactuados a partir da elevação de 1,00 ponto percentual nas reuniões de janeiro e março do Comitê.

Análise das vendas do varejo em novembro de 2024

Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) / Variável: faturamento corrigido pelo IPCA / Fonte: IBGE.

Base: nov-24 / out-24 (após o ajuste sazonal)

Brasil:

→ Conceito restrito: queda de 0,4% veio pior do que o consenso entre os entrevistados pelo Broadcast+ (-0,2%);

→ Conceito ampliado: -1,8%, enquanto a mediana das estimativas apontava -0,4%;

Avaliação: o descasamento entre expectativa e realidade no conceito ampliado ocorreu por causa do desempenho de veículos, motos, partes e peças. O ramo encolheu 7,6%, devolvendo praticamente toda a majoração registrada em outubro (+8,0%). No que se refere aos demais setores que integram ambas as divisões, alguns ligados ao consumo discricionário (não essencial), como material de escritório, informática e comunicação (+3,5%) e tecidos, vestuário e calçados (+1,4%), exibiram crescimentos alavancados provavelmente pelo período promocional da Black Friday. Em contrapartida, houve recuos em segmentos com o mesmo perfil – móveis e eletrodomésticos (-2,8%) e outros equipamentos de uso pessoal e doméstico (-1,0%) –, possivelmente devido à antecipação de descontos que impactaram a leitura imediatamente anterior.

Os dados são consistentes com o quadro de desaquecimento da economia no quarto trimestre de 2024. Julgamos que o cenário-base envolve a continuidade de um arrefecimento gradual do varejo no futuro por conta dos prognósticos de elevação da inflação e dos juros. Contudo, não acreditamos em um movimento de baixa abrupto, pois o mercado de trabalho tende a permanecer resiliente e a política fiscal do Governo Federal seguirá complementando a renda disponível.

Rio Grande do Sul:

→ Conceito restrito: +0,5%

→ Conceito ampliado: -1,0%;

Avaliação: se considerarmos a classificação restrita, o índice renovou pela terceira oportunidade consecutiva o pico da série histórica iniciada em janeiro de 2000. O patamar mais recente é +5,9% maior no confronto com abril, ou seja, antes das enchentes que atingiram o território gaúcho. Já no recorte ampliado, o declínio representa uma natural acomodação provocada pela base de comparação bastante alta, de tal sorte que o volume de transações supera o de abril em +9,5%.

Parte da expansão diz respeito à própria dinâmica benigna em nível nacional. Além disso, a taxa de desemprego deprimida (5,1% no terceiro trimestre de 2024) é responsável por acentuar a disputa por mão de obra escassa entre as firmas e, consequentemente, pela geração de ganhos reais de salários. No entanto, a diferença favorável para o RS passa, fundamentalmente, por três questões: (1) menor ritmo de aumento dos preços, de modo que o IPCA no acumulado em 12 meses até novembro alcançou +4,87% no BR e +3,49% na Região Metropolitana de Porto Alegre (mínimo entre as 16 localidades investigadas); (2) conjunto de recursos alocados visando o enfrentamento da crise climática de maio; (3) diminuição da incerteza e dos gargalos à mobilidade da população, o que incentiva os gastos.

Volume de vendas do comércio varejista* por categoria – Brasil e Rio Grande do Sul
(Em variações percentuais)

Fonte: IBGE. *Faturamento deflacionado. Elaboração: AE/CDL POA.

Data

21 janeiro 2025

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