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Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

PIB: o prognóstico para 2021 caiu de +5,30% para +5,28% entre 06/08 e 13/08. O recuo aconteceu a despeito do resultado do Índice do Banco Central de atividade econômica para o mês de junho, cuja alta de +1,14% em relação ao período imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, superou as expectativas dos especialistas sondados pela Refinitiv (+0,4%). A causa primordial do avanço foi o desempenho além do esperado do ramo terciário nesse ínterim (+1,7% contra majoração aguardada de +0,4%, de acordo com o consenso de mercado do Valor Data), em contraposição à estabilidade da indústria e à queda do varejo, tanto no conceito restrito (-1,7%) quanto ampliado (-2,3%).

Embora a melhora do quadro sanitário tenha propiciado a flexibilização do isolamento social em diferentes localidades do Brasil, acreditamos que as perspectivas para o futuro nas últimas semanas pioraram. As razões que embasam a interpretação são: (1) a resiliência da inflação, suscitando aumentos da Taxa SELIC que servirão para frear o crescimento nos próximos trimestres; (2) o recrudescimento dos riscos fiscais, detalhados na seção específica abaixo; (3) a diminuição do nível de ociosidade no mundo, que age para conter a cotação das commodities e, consequentemente, o impulso para o setor externo; (4) incertezas do conflito entre os três poderes. Já para 2022, a projeção do produto retrocedeu de +2,05% para +2,04%. Logo, a tendência é de que a retomada continue, porém de maneira lenta e gradual.

Preços e Taxa SELIC: o IPCA calculado para 2021 moveu-se de +6,88% para +7,05%. Parte do movimento se deve à divulgação da estatística oficial de julho (+0,96%), uma vez que o dado veio acima da mediana dos analistas interrogados pela Refinitiv (+0,93%). Somadas às pressões conhecidas – crise de abastecimento dos reservatórios das hidrelétricas, combustíveis e depreciação cambial – os serviços também estão cooperando para a subida do indicador, em resposta ao processo de reabertura dos negócios e à demanda reprimida. Da mesma forma, o frio rigoroso afetou desfavoravelmente a agricultura, ocasionando escassez em algumas lavouras com provável impacto em agosto.

Destacamos a deterioração adicional para 2022: de +3,84% para +3,90%. Hoje, portanto, a distância para a meta encontra-se em 0,4 ponto percentual. Tal fato repercute sobre a política monetária, de modo que houve uma revisão dos juros básicos computados para 2021 e 2022: de 7,25% ao ano (a.a.) para 7,50% a.a.. Cremos que o viés ainda é ascendente, notadamente porque o COPOM ratificou que o ciclo atual ultrapassará o patamar considerado neutro – estimado entre 6,50% e 7,00% a.a..

Contas públicas e taxa de câmbio: as mudanças no texto da reforma tributária no âmbito do lucro corporativo podem reduzir a arrecadação em até R$ 25 bilhões se aprovadas. Ademais: (1) a indexação do orçamento, posto que fração substancial das despesas (cerca de ¾), sobretudo no campo assistencial, são corrigidas automaticamente pelo INPC; (2) o desejo de expansão do programa Bolsa Família e (3) o incremento dos dispêndios com os precatórios representam desafios notáveis. No que diz respeito ao valor do Dólar ante o Real, o agravamento do panorama referente ao novo coronavírus em certos países e o enfraquecimento dos fundamentos fiscais nacionais pesam negativamente. Por sua vez, os juros mais elevados e os fluxos comerciais intensos determinados pelo encarecimento dos artigos primários contribuem positivamente.

 

Avaliação dos indicadores de preços ao consumidor em julho

O IPCA cresceu +0,96% no mês passado, alcançando o maior nível para o período em 19 anos. Todavia, o resultado veio praticamente em linha com o consenso das instituições que compõem o Relatório FOCUS (+0,95%). Conforme o IBGE, oito das nove grandes aberturas registraram alta, de modo que duas delas explicam 83,3% da majoração no agregado: “habitação” (+3,10%) e “transportes” (+1,52%).

No primeiro caso, destaque para o impacto da energia elétrica (0,35 ponto percentual), em função do baixo abastecimento dos reservatórios determinado pela escassez de chuvas. O botijão de gás e a gasolina, sensíveis às flutuações do barril de petróleo no mercado internacional, apresentaram, igualmente, sua parcela de contribuição: apesar do acordo da OPEP+ envolvendo a expansão do provimento da commodity, sua cotação média avançou +1,6% em relação a junho. Da mesma forma, a taxa de câmbio depreciou 2,5% nesse ínterim. Outros fatores que colaboram para a geração de desequilíbrios entre oferta e demanda são os programas de sustentação dos empregos e da renda do governo federal e a desorganização das cadeias produtivas, dificultando o acesso a insumos / suprimentos.

De agosto de 2020 até julho de 2021, o IPCA atingiu +8,99% – cômputo inédito desde maio de 2016 (+9,32%), e bem distante da tolerância máxima de 5,25% definida no sistema de metas para o ano corrente.

IPCA da Região Metropolitana de Porto Alegre: o IPCA da RM de Porto Alegre aumentou +1,23% – segunda colocação entre as 16 localidades averiguadas pelo IBGE. Nos últimos 12 meses, a variação na RM de POA totalizou +10,0%.

INPC – Brasil: o INPC, utilizado, entre diversos propósitos, para balizar negociações salariais, encerrou julho com elevação +1,02%, somando +9,85% na janela de 12 meses.

 

Apontamentos sobre a conjuntura econômica

1) Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) – jun/21

De acordo com o IBGE, o varejo do Rio Grande do Sul viveu um momento de acomodação em junho. As estatísticas revelam que o volume de vendas na definição restrita do segmento teve queda de -5,1% em comparação com o período imediatamente precedente, na série com ajuste sazonal. Vale lembrar que o nível havia alcançado o recorde histórico em maio desde o início do levantamento, em 2000. Já em relação a junho de 2020, o crescimento foi de +6,6%, ainda refletindo a base afetada pela rigidez das medidas de distanciamento social. No conceito ampliado, as variações foram, pela ordem, de -4,8% e +8,0%.

A abertura das informações mostra resultados dicotômicos. Pelo lado positivo, destaques para os nichos beneficiados pela demanda reprimida e pela retomada gradual das atividades, como “tecidos, vestuário e calçados”, “outros artigos de uso pessoal e doméstico” e “veículos, motocicletas, partes e peças”, com altas de +39,2%, +31,8% e +15,4%, respectivamente, sobre igual intervalo do ano anterior. Nesse último caso, o frio tem ajudado, suscitando a comercialização, em muitas situações, de tickets médios mais elevados. Algumas categorias mantiveram a resiliência, como “farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos” (+23,6%), dada sua característica de necessidade para os indivíduos, e “materiais de construção” (+6,1%), em linha com a realocação de gastos das famílias determinada pelo prolongamento do tempo de permanência nos lares.

Por sua vez, as decepções foram os móveis e eletrodomésticos (-1,9%), fruto do desempenho do segundo, e os hiper e supermercados (-6,3%). Cabe ressaltar que essa divisão apresenta a maior relevância para o índice agregado, respondendo por quase metade do total. O atual panorama é marcado pelo enfraquecimento do poder de compra dos consumidores, principalmente das classes baixas, impactando negativamente os ramos bastante atrelados à renda. Além disso, os dados da PNAD demonstram que a ocupação persiste com notável ociosidade.

Os indicadores capturam somente a dinâmica das lojas com pelo menos 20 colaboradores, de modo que entendemos ter acontecido um processo de substituição parcial das transações das pequenas para as grandes ao longo da pandemia.

2) Pesquisa Mensal dos Serviços (PMS) – jun/21

O setor terciário no RS avançou +3,4% em junho em relação a maio, após a correção pela sazonalidade. Trata-se da maior taxa de expansão registrada desde setembro. Agora, o patamar está apenas 3,1% inferior ao de fevereiro de 2020. A discriminação dos números evidencia que os serviços prestados às famílias gaúchas – alojamento, alimentação e salões de beleza, entre outros estabelecimentos que dependem de interação humana – continuaram exercendo influência decisiva (incremento de 91,0% em comparação com junho de 2020). A partir do abrandamento da COVID-19, diversas localidades seguiram flexibilizando o funcionamento dos negócios, propiciando a recuperação.

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Data

17 agosto 2021

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