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Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

Previsões para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)
Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (13/10/2023) *Mediana. | Elaboração: AE/CDL POA.

PIB: as projeções de crescimento para 2023 (+2,92%) e 2024 (+1,50%) permaneceram estáveis nos últimos sete dias. Acreditamos que o motivo se deve à agenda fraca de dados no período. Recentemente, o FMI lançou sua atualização do cenário e dos prognósticos para diversos indicadores relevantes do Brasil e do mundo. O Fundo está mais otimista a respeito do desempenho do PIB no presente ano (+3,1%), enquanto o cômputo para 2024 coincide com a mediana dos analistas domésticos.

IPCA: após recuar de +4,86% para +4,75%, a estimativa para 2023 voltou a ficar dentro do intervalo máximo de tolerância definido pelo Sistema de Metas para a Inflação (SMI). Trata-se de algo inédito desde 17 de junho de 2022. A desaceleração ocorreu depois da divulgação do índice de setembro, cujo resultado (+0,26%) veio abaixo do calculado pelos participantes do Relatório FOCUS (+0,35%).

O panorama ainda requer cautela. Somado ao impacto da guerra entre Israel e Palestina sobre a cotação do barril de petróleo, o Banco Central, de acordo com o Relatório Trimestral de Inflação de setembro, concluiu, fundamentado em uma nova metodologia, que a ociosidade de fatores de produção como o capital e a mão de obra é inferior em comparação com a antiga aferição, o que tende a acirrar os efeitos sobre os preços decorrentes de desequilíbrios entre oferta e procura.

Taxa SELIC: entendemos que a leitura do IPCA não altera o ritmo dos cortes contratados pelo COPOM no curto prazo, com duas reduções sucessivas de meio ponto percentual nos encontros de novembro e dezembro. Nossa expectativa também é de que o ciclo de queda continue em 2024.

No entanto, a extensão do movimento para 9,00% ao ano, conforme a avaliação consensual de momento, é ameaçada pelas seguintes questões: (1) riscos fiscais; (2) possível surpresa positiva com a dinâmica do nível de atividade e da ocupação, alavancando pressões de demanda sobre a inflação; (3) quadro externo conturbado, incluindo não só as turbulências geopolíticas como a perspectiva de que os juros nos países desenvolvidos se mantenham elevados por mais tempo do que o imaginado (higher for longer).

Taxa de câmbio: a revisão do valor do Dólar para o encerramento de 2024 (de R$ 5,02 para R$ 5,05) pode ter sido deflagrada em função do item (3) listado na seção anterior, na medida em que a ata da reunião Comitê de Política Monetária dos Estados Unidos (FOMC) de setembro detalhou que a visão da maioria dos membros sobre a economia americana é bastante incerta. Dos 19 integrantes, 12 já haviam afirmado a necessidade de promover aumento de 0,25 ponto percentual dos juros até dezembro, além da sustentação de uma trajetória mais alta no futuro.

Avaliação do IPCA de setembro de 2023

Observações gerais:

→ O IPCA avançou +0,26% em setembro de 2023;

• Mediana das previsões obtida pela Refinitiv era de +0,34%;

→  A métrica relativa ao acumulado em 12 meses cresceu pela terceira vez seguida: de +4,61% para +5,19%;

• Convém ressaltar que a estatística para o mesmo intervalo em 2022 (-0,29%) saiu da base de comparação;

• A economia sentia à época os efeitos da chamada “PEC dos Combustíveis”, responsável pela desoneração temporária e parcial de ICMS em bens e serviços considerados essenciais;

Destaques por categoria:

IPCA – Variação e influência por grupos
(Em var. % e pontos percentuais)
Fonte: IBGE | Elaboração: AE/CDL POA.

→ Transportes (+1,40%):

• Aumento puxado principalmente pela gasolina (+2,80%) e diesel (+10,11%);

♦ No primeiro caso, a variação veio aquém da esperada pelo Itaú (+3,3%) e XP (+3,6%);

♦ Indicador capturou uma parcela do reajuste determinado pela Petrobras junto às refinarias válido desde o dia 16 de agosto: +16,3% e +25,8%, respectivamente;

♦ Já as passagens aéreas majoraram 13,47%, devolvendo, portanto, a retração da leitura imediatamente anterior (-11,69%);

→ Alimentos e bebidas (-0,71%):

• Quarta queda consecutiva, algo que encontra precedência em 2017, quando também houve uma supersafra;

• Diminuição catapultada pela deflação da alimentação no domicílio (-1,02%), cuja intensidade surpreendeu positivamente o Itaú e a CM Capital;

• Além da batata-inglesa (-10,41%) e da cebola (-8,08%), o leite longa vida (-4,06%), o ovo de galinha (-4,96%) e as carnes (-2,10%) caíram em virtude do impacto da oferta abundante de grãos sobre os custos de nutrição dos animais;

♦ No que tange às proteínas, a expansão dos abates de bovinos, frangos e suínos no primeiro semestre de 2023 e o arrefecimento do consumo ajudam a explicar o fenômeno;

Aspectos qualitativos:

→ Serviços (+0,50%):

• Após seis recuos sucessivos, o acumulado dos últimos 12 meses voltou a subir (de +5,43% para +5,54%);

♦ Na nossa visão, a desinflação no segmento continuará lenta em função da resiliência do mercado de trabalho nacional;

• Boa parte da alta no confronto com agosto (+0,08%) ocorreu por conta do comportamento das passagens aéreas. Se excluirmos o referido elemento, o setor terciário registraria +0,30%, em linha com os últimos meses.

→ Média dos cinco núcleos acompanhados pelo Banco Central: +0,22%

• Os recortes que eliminam componentes tipicamente voláteis, como alimentação e energia, desaceleraram pela décima quinta oportunidade ininterrupta: de +5,22% para +5,02%;

♦ Patamar ainda permanece acima do limite máximo de tolerância estabelecido para o IPCA cheio em 2023, de 4,75%;

→ Índice de difusão (42,7%):

• Número mostra o percentual de itens investigados pelo IBGE que apresentaram encarecimento de qualquer ordem;

• O dado ficou abaixo, inclusive, do verificado em maio de 2020 (43,0%) – período marcado pelo barateamento dos preços no momento mais crítico do distanciamento social para controlar a pandemia de COVID-19.

 

Data

16 outubro 2023

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