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Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

Projeções para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)

projecao-brasil-11novFonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (08/11/2024). *Mediana. | Elaboração: AE/CDL POA.

O IPCA previsto para 2024 acelerou pela sexta vez consecutiva, ao subir de 4,59% para 4,62% ao longo dos últimos sete dias. Conforme os dados diários, o movimento de alta coincidiu com a surpresa negativa da leitura oficial de outubro. De acordo com o IBGE, o índice avançou +0,56%, superando, portanto, o consenso de +0,53% entre os agentes respondentes. O ajuste no prognóstico para 2025 (de +4,03% para +4,10%) também veio na esteira da divulgação do referido indicador, possivelmente como reflexo da interpretação de que os fatores de pressão sobre os preços da energia elétrica e das carnes no curto prazo derivados do clima adverso atuarão de forma mais intensa do que o imaginado anteriormente no ano que vem. Outra hipótese envolve o impacto da visão a respeito da depreciação da taxa de câmbio (de R$ 5,50 para R$ 5,55 no término de 2024 e de R$ 5,43 para R$ 5,48 no encerramento de 2025).

A valorização do Dólar em comparação com o Real pode estar ligada, em primeiro lugar, à vitória de Donald Trump no pleito presidencial dos Estados Unidos, acompanhada pelo controle do Partido Republicano da Câmara e do Senado. Caso as principais propostas de campanha sejam cumpridas (imposição de tarifas comerciais, restrição da imigração e concessão de estímulos via cortes de impostos), teremos uma resiliência da inflação que precisará ser combatida com juros elevados. Consequentemente, os EUA tendem a atrair capitais dos investidores em busca de uma boa relação entre o risco e o retorno. Em segundo, as incertezas com o desequilíbrio das contas públicas da União continuam ganhando destaque. Cabe ressaltar que o Executivo prometeu lançar um pacote de redução de despesas após a conclusão das eleições visando garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal, algo que ainda não aconteceu.

As estimativas para a Taxa SELIC no fim de 2024 (11,75% ao ano) e 2025 (11,50% ao ano) não apresentaram modificações. No entanto, métricas complementares acabaram reagindo ao endurecimento do tom adotado pelo COPOM em sua avaliação do cenário no comunicado da decisão da semana passada, que aumentou o balizador do custo do crédito de 10,75% para 11,25% ao ano. A mediana dos números enviados pelo mercado entre 1º e 8 de novembro no tocante ao desfecho de 2025 atingiu 12,00% ao ano, o que nos faz entender que a revisão no agregado é apenas uma questão de tempo. É importante lembrar que o exercício preditivo do próprio Banco Central para o IPCA exibiu uma piora dentro do chamado horizonte relevante da política monetária (a autoridade considera um período de 18 meses à frente em virtude dos efeitos defasados de eventuais mudanças na Taxa SELIC sobre a economia real), de modo que a variação anual em meados de 2026 passou de 3,5% para 3,6% (a meta é 3,0%).

Análise da reunião do COPOM – novembro de 2024

Introdução: após ter iniciado o ciclo de elevação de forma parcimoniosa em setembro (+0,25 ponto percentual), o COPOM acelerou o ritmo de alta da Taxa SELIC para 0,50 ponto percentual (de 10,75% ao ano para 11,25% ao ano). O comunicado apresentou uma piora da avaliação no tocante ao atual panorama e das perspectivas para a inflação.

Principais destaques:

1) O exercício preditivo do Banco Central para o IPCA adota uma série de premissas envolvendo fatores capazes de interferir na dinâmica do índice, incluindo a Taxa SELIC. No entanto, mesmo utilizando um nível mais elevado, com base nas revisões efetuadas pelo mercado desde o penúltimo encontro do Comitê (de 11,25% para 11,75% ao ano no encerramento de 2024 e de 10,50% para 11,50% no término de 2025), a projeção para o IPCA continuou subindo, atingindo variação anual de 3,6% no segundo trimestre de 2026. Convém lembrar que esse é o chamado “horizonte relevante” da política monetária, pois mudanças no balizador do custo do crédito levam tempo até que seus efeitos se materializem sobre a economia real. De acordo com a previsão anterior, focada no primeiro trimestre de 2026, tínhamos 3,5%, ou seja, 0,5 ponto percentual distante da meta de 3,0%.

2) Houve maior ênfase a respeito do papel que os riscos fiscais vêm desempenhando para aumentar o retorno (prêmio) exigido pelos investidores nos empréstimos e também no fortalecimento do Dólar. Ademais, a necessidade em torno de um ajuste nas contas públicas (com foco na despesa) ganhou proeminência.

3) No tocante ao quadro externo, o texto enfatiza as incertezas com os Estados Unidos. Os indicadores seguem reforçando a tese de robustez do emprego e da produção, o que gera dúvida quanto à velocidade da desinflação e, por conseguinte, do ritmo de corte dos juros por parte do Federal Reserve (Banco Central dos EUA).

4) O Comitê segue entendendo que os vetores passíveis de modificar a trajetória do IPCA para cima apresentam peso superior em comparação com os de baixa. No primeiro grupo, temos: (1) expectativas de inflação altas persistindo por mais tempo do que o esperado; (2) eventual resiliência dos preços do setor terciário decorrente do crescimento do PIB do Brasil além do equilíbrio sustentável; (3) conjunção de políticas externas e domésticas que provoquem a deterioração do poder de compra da moeda via desvalorização cambial. Já no segundo recorte estão contemplados: (1) o desaquecimento da atividade global; (2) juros ainda elevados no exterior causando a moderação da inflação mundial de uma forma surpreendentemente rápida.

O que esperar para o futuro? O COPOM não deu nenhuma sinalização explícita acerca dos próximos passos como, por exemplo, uma possível intensificação do aumento da Taxa SELIC. Conforme a Asa Investments, a Taxa SELIC necessária para gerar a convergência do IPCA para 3,0% é de 14,75% ao ano no final do movimento. Hoje, o consenso entre os especialistas antevê que o referido patamar alcance 12,50% ao ano, mas vemos um cenário cada vez mais provável de 13,00% ao ano até meados do ano que vem e que, talvez, não contemple qualquer reversão para uma queda ao longo de 2025.

Data

11 novembro 2024

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