Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira
Previsões para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)
Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (07/11/2022) *Mediana. | Elaboração: AE/CDL POA.
O grande destaque das projeções envolve o PIB para 2023, que saiu de +0,64% para +0,70% entre os dias 28 de outubro e 04 de novembro. Acreditamos que essa aceleração, possivelmente, encontra amparo no acréscimo de dispêndios que já está em negociação no Congresso para o ano que vem. O objetivo é abrir espaço nas contas do governo federal para atender algumas das promessas de campanha feitas pelo presidente eleito Lula.
→ Manter o Auxílio Brasil em R$ 600 e pagar R$ 150 extras mensais para famílias contempladas pelo benefício com crianças de até 6 anos de idade;
→ Criar poupança de R$ 5.000 voltada para jovens pobres que terminarem o ensino médio;
→ Zerar filas do SUS – exames, consultas e cirurgias;
→ Promover o aumento do Salário Mínimo acima da inflação: ideia é conceder ganho real de +1,3%, o que representa a média do crescimento do PIB dos últimos cinco anos;
→ Corrigir a tabela do Imposto de Renda Pessoa Física, ampliando o limite de isenção;
→ Preservar a desoneração (PIS / Cofins e CIDE, quando aplicável) para os combustíveis;
→ Reajustes para o funcionalismo;
O conjunto de medidas soma R$ 175,2 bilhões anuais, o que equivale a 2,0% do PIB de 2021. É importante lembrar que a reação do mercado com relação ao pacote dependerá de duas questões essenciais: (1) perfil da equipe econômica; (2) credibilidade da nova âncora fiscal, em substituição ao Teto de Gastos aprovado em 2016. Caso tenhamos somente nomes políticos no comando das pastas e não exista alternativa capaz de sinalizar responsabilidade na gestão entre despesas e receitas, o efeito sobre o nível de atividade será limitado pela piora na percepção do risco. Logo, além da perda do valor dos nossos ativos, incluindo a taxa de câmbio, os juros permanecerão altos por mais tempo.
Análise da conjuntura internacional: decisão do Banco Central dos Estados Unidos sobre os juros
O que foi definido?
→ Conforme o esperado, as fed funds – referencial semelhante à Taxa SELIC no Brasil – subiram 0,75 ponto percentual;
• O novo patamar varia entre 3,75% e 4,00% ao ano;
O que aguardar com relação ao futuro?
→ Por um lado, o comunicado afirmou que os próximos passos levarão em conta o fato de que a política monetária opera com defasagem sobre a atividade econômica;
• Esse aspecto, por si só, indicaria uma moderação na velocidade da alta já a partir de dezembro, para 0,50 ponto percentual;
→ No entanto, o Presidente do FED, Jerome Powell, mencionou diversas questões que evidenciam preocupação a respeito dos riscos envolvendo a perda do poder de compra da moeda. Entre as frases citadas estão:
• “Ainda há um caminho a ser percorrido no tocante ao processo de aperto”;
• “As taxas terminais (valor em que o atual ciclo se encerrará) superam as projetadas em setembro”, de 4,6% ao ano, sendo que o mercado prevê hoje algo em torno de 5,0% ao ano;
• “Os juros precisarão continuar em níveis restritivos” – acima, portanto, da taxa neutra, que equilibra a oferta e a demanda;
→ De acordo com a nossa avaliação, os sinais mistos fazem com que tenhamos maior incerteza entre os possíveis cenários (rodada adicional de +0,75 ponto percentual ou diminuição para +0,50 ponto percentual).
Setor privado nacional aumenta ritmo de expansão entre setembro e outubro
Detalhamento: o Índice de Gerentes de Compras (PMI), criado pela IHS Markit, é fruto de uma sondagem qualitativa realizada junto a centenas de empresas instaladas no Brasil. Seu intuito é fornecer um termômetro a respeito da economia. De acordo com a metodologia adotada, os 50 pontos representam a neutralidade: patamares acima denotam ampliação contra o intervalo imediatamente precedente, e vice-versa. O objeto da análise é o PMI Consolidado da Produção, que conjuga a indústria e os serviços (sem o varejo).
Visão Geral:
Houve majoração de 51,9 em setembro para 54,0 pontos em outubro, nos dados ajustados pela sazonalidade. Trata-se, portanto, de um ganho de tração observado após três leituras marcadas por desaceleração na intensidade do crescimento. Por um lado, o segmento secundário apresentou moderação (de 51,1 pontos para 50,8). Por outro, o terciário (de 51,9 para 54,0) determinou o comportamento no agregado.
PMI Consolidado da Produção (indústria e serviços) – Brasil*
(em pontos)
Fonte: IHS Markit. *Com ajuste sazonal. | Elaboração: AE/CDL POA.
Destaques por categoria:
Indústria:
→ As matérias-primas recuaram de forma inédita em oito anos, em função: (1) do impacto que a redução de impostos exerceu principalmente nos custos com energia elétrica e combustíveis; e (2) do arrefecimento dos preços das commodities;
→ Os novos pedidos, cuja importância é a maior entre os demais quesitos, retraíram pela primeira vez em oito meses, assim como a demanda oriunda do exterior;
→ Todavia, as expectativas para os negócios seguem favoráveis, o que ajuda a explicar o porquê o volume de bens e o emprego continuam avançando;
• Logo, a visão predominante é de que os respondentes provavelmente avistam retomada no horizonte;
Serviços:
→ Elevação da procura ocorreu na velocidade mais rápida desde julho, com proeminência da aquisição de clientes e do incremento da grandeza dos eventos presenciais;
→ Otimismo com relação ao futuro é sustentado por investimentos, oferta de soluções adicionais e estabilidade política com o fim do pleito eleitoral;
• Tal fato, naturalmente, impulsiona as admissões;