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Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

Projeções para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)

Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (03/01/2025). *Mediana. Elaboração: AE/CDL POA.

A previsão para o IPCA em 2024 caiu pela segunda semana consecutiva: após ter atingido +4,91% no dia 20 de dezembro, a variação diminuiu para +4,90% no dia 27 e +4,89% recentemente. Entendemos que as mudanças refletem a surpresa com o índice cheio da prévia oficial de dezembro (IPCA-15), cujo resultado (+0,34%) veio abaixo do consenso entre os especialistas sondados pelo Broadcast+ (+0,45%). No entanto, o desempenho não significa que a situação para o futuro seja confortável. Apesar da dinâmica melhor do que a esperada em componentes tipicamente voláteis, como as passagens aéreas, os recortes mais atrelados aos ciclos econômicos mostraram aceleração, como os serviços essenciais. Além disso, os prognósticos do indicador para todos os intervalos de tempo disponíveis também subiram, incluindo 2025 (de +4,96% para +4,99% – a 12ª alta ininterrupta), 2026 (de +4,01% para +4,03%) e 2027 (de +3,83% para +3,90%). Portanto, houve afastamento generalizado para a meta de 3,0%.

É importante ressaltar que o movimento dos preços não guarda conexão com um eventual aquecimento do PIB, pois as estimativas do produto em 2025 (+2,02%), 2026 (+1,80%) e 2027 (+2,00%) continuaram praticamente estáveis. Nesse sentido, é necessário recorrermos a outros fundamentos, como a saída líquida de dólares para o mês de dezembro considerando os dados até o dia 27: -US$ 24,1 bilhões. O impacto sobre a taxa de câmbio só não foi maior porque o Banco Central realizou injeções no mercado à vista (spot) de US$ 21,5 bilhões utilizando suas reservas internacionais. Questões externas, mas, principalmente, de ordem doméstica, estão por trás do fluxo negativo.

No que se refere ao primeiro, as perspectivas dos próprios membros da autoridade monetária dos Estados Unidos apontam para cortes menores de juros (duas reduções de 0,25 ponto percentual em 2025 em vez de quatro até então imaginadas em setembro) em virtude da resiliência exibida pelo nível de atividade americano. Ademais, a transição política permanece no radar dos investidores, gerando volatilidade nas negociações. No que tange ao quadro interno, temos os desafios para equilibrar as contas públicas, já que o pacote de contenção de gastos proposto pelo Executivo Federal e aprovado pelo Congresso não garante sustentabilidade para o arcabouço fiscal.

Diante do cenário supracitado, os agentes reajustaram novamente a Taxa SELIC computada para o encerramento do presente ano (de 14,75% para 15,00% ao ano). Em coletiva de imprensa concedida em meados de dezembro, o Presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que é “bastante apegado ao guidance”, ou seja, ao direcionamento na última reunião do COPOM que contratou dois aumentos adicionais de 1,00 ponto percentual cada. Logo, somente uma piora drástica do panorama em sua visão poderia alterar o ritmo.

Especificamente para o PIB, a deterioração do poder de compra da moeda e o encarecimento do custo do crédito em comparação com 2024 devem frear os setores secundário e terciário em 2025. Em contrapartida, o efeito do carregamento estatístico herdado de 2024 (expansão de +0,8% em 2025 caso ocorra estagnação entre outubro de 2024 até o fim do ano que vem) e a expectativa de uma safra positiva de grãos são vetores que atuarão favoravelmente.

Conjuntura nacional: prévia da inflação de dezembro e indicadores do mercado de trabalho

IPCA-15 – dez/24:

→ A prévia da inflação oficial de dezembro subiu +0,34%, de acordo com o IBGE;

• Consenso entre os especialistas sondados pelo Broadcast+ acusava +0,45%;

→ No acumulado de 2024, houve majoração de +4,71%, ou seja, acima do limite máximo definido pelo Regime de Metas (+4,50%);

• Variação anual praticamente repetiu o resultado de 2023 (+4,72%);

→ A análise das informações desagregadas demonstra que o grupo de “Alimentos e Bebidas” continuou pressionado em dezembro (+1,47%), devido ao subsegmento no domicílio (+1,56%);

• Nesse caso, destaque para os saltos constatados nas carnes, como alcatra (+9,02%), contrafilé (+8,33%) e porco (+8,14%). Diversos fatores explicam o movimento, incluindo: (1) impacto das secas no encolhimento dos pastos; (2) incentivo à exportação provocado pela desvalorização cambial; (3) ganhos de renda dos cidadãos; (4) fase atual do chamado “ciclo do boi”, com redução do total de abates;

• A dinâmica verificada no óleo de soja (+9,21%) também é reflexo do clima desfavorável;

→ As passagens aéreas (+4,43%) foram a principal responsável pela surpresa positiva, pois o C6 Bank estimava +22,5%;

→ As “Despesas Pessoais” (+1,36%) acabaram sofrendo a influência do cigarro (+12,78%), alavancado pelo acréscimo da alíquota do IPI válido desde 1º de novembro;

→ Além disso, os serviços essenciais (+0,71%) avançaram bem mais do que o aguardado pela XP (+0,48%), de modo que a média móvel trimestral anualizada dos dados com ajuste sazonal passou de +5,5% para +8,0%;

→ Por sua vez, a “Habitação” apresentou deflação de -1,32% por causa da queda da energia elétrica residencial (-5,72%);

• O barateamento decorreu da adoção da bandeira tarifária verde (sem cobrança adicional a cada 100 kWh) desde 1º de dezembro, em contraposição à cor amarela vigente em novembro (R$ 1,88 a cada 100 kWh de uso);

→ Os descontos concedidos na Black Friday e a estabilidade dos combustíveis (+0,09%) evitaram a piora do índice;

Avaliação: a despeito do número cheio benigno, o IPCA segue inspirando cautela, sobretudo em virtude do comportamento dos recortes mais sensíveis aos ciclos econômicos, como os serviços. Entendemos que os riscos envolvendo uma aceleração superam a possibilidade de uma moderação. O mercado de trabalho robusto, o efeito defasado do incremento da taxa de câmbio, o aumento das projeções do indicador e os contratos que farão a reposição automática de determinados preços e salários contribuem para tal visão. Todavia, a expectativa em 2025 de desaquecimento do PIB, a suavização do impulso fiscal do governo federal e a atuação da política monetária, no sentido de elevar a taxa de juros real, tendem a conter uma deterioração ainda maior do poder de compra da moeda.

CAGED – nov/24:

→ O saldo entre admitidos e desligados com carteira assinada atingiu +106,6 mil em novembro;

• Estatística veio abaixo da mediana entre os prognósticos coletado pelo Broadcast+ (125 mil);]

• Desempenho aquém do esperado ocorreu da mesma forma em outubro;

PNAD – trimestre móvel com término em nov/24:

→ A taxa de desemprego renovou a mínima histórica, ao diminuir de 6,2% para 6,1% entre outubro e novembro;

→ No confronto com o trimestre móvel encerrado em agosto, a massa de rendimentos no conceito habitual registrou expansão real. No ano, a variação alcançou +7,2%;

Avaliação: o levantamento do CAGED sugere um cenário de arrefecimento gradual do emprego formal no quarto trimestre de 2024. Embora não seja capaz de manter o ritmo expressivo do período imediatamente anterior, isso não significa que o mercado de trabalho constitua uma fraqueza. Pelo contrário: o quadro mostra resiliência, o que pode ser confirmado pela taxa de desocupação. Se, por um lado, as notícias colaboram para o consumo das famílias no curto prazo, por outro a missão do Banco Central em gerar a convergência do IPCA para o objetivo de 3,0% torna-se mais desafiadora graças à demanda forte.

Data

06 janeiro 2025

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