Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira
Previsões para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)
Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (03/11/2023) *Mediana. | Elaboração: AE/CDL POA.
A edição mais recente praticamente não apresentou mudanças nas projeções ao longo dos últimos sete dias. Os grandes acontecimentos envolveram as decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.
COPOM: a Taxa SELIC caiu de 12,75% ao ano para 12,25% ao ano, conforme esperado. No entanto, o comunicado trouxe informações relevantes. Em primeiro lugar, os membros manifestaram maior preocupação com o panorama externo, em decorrência da elevação dos rendimentos dos títulos da dívida americana (treasuries) e dos impactos do conflito entre Israel e Hamas. Além disso, o direcionamento para as “próximas reuniões” (ênfase para o uso no plural) é unânime em torno da sustentação do atual ritmo de baixa, de -0,5 ponto percentual. A sinalização afasta a possibilidade de termos uma aceleração dos cortes, para 0,75 ponto percentual, cujo cenário encontrava-se no radar de uma corrente, ainda que minoritária, dos investidores e analistas.
FOMC: a autoridade manteve inalterada as fed funds (balizador semelhante à Taxa SELIC) na faixa entre 5,25% a 5,50% ao ano. Muito embora se tenha reafirmado a existência de graus de liberdade para eventuais novos aumentos, entendemos que as condições não estão postas por ora. Portanto, somente uma piora significativa na conjuntura poderia deflagrar essa resposta.
Na sexta-feira (03) tivemos a divulgação de estatísticas referentes à criação líquida de postos formais e à taxa de desocupação em outubro, que surpreenderam negativamente. Logo, houve um movimento de reprecificação dos ativos em escala global com o apetite ao risco, justamente pela visão de que as evidências de desaquecimento do nível de atividade não exigirão aperto adicional do Federal Reserve. Tanto o IBOVESPA quanto a taxa de câmbio (Real contra o Dólar) exibiram forte valorização.
Fiscal: outro destaque da semana diz respeito à provável revisão da meta para o resultado primário (diferença entre receitas e despesas com exceção do pagamento de juros da dívida) para o ano que vem, de déficit zero para -0,5% do PIB. A medida é alarmante, uma vez que o arcabouço precisa de consolidação para ser considerado uma regra eficiente de controle do gasto.
Novo CAGED – setembro de 2023
O Novo CAGED abarca o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o eSocial e o Empregador Web. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, os números representam as movimentações formais de celetistas, bolsistas, autônomos, dirigentes sindicais e funcionalismo público.
Brasil:
→ A diferença entre recrutamentos e demissões totalizou 211.764 em setembro;
• Dado superou o consenso entre os analistas consultados pelo Valor Data (203.200 postos);
• A média móvel em 12 meses – métrica utilizada para capturar a tendência –, passou de 125,0 mil para 119,4 mil, ou seja, caiu pela sexta oportunidade consecutiva. É o mínimo registrado desde março de 2021 (48,2 mil);
Por que o emprego com carteira assinada está desacelerando?
1) O ritmo do crescimento dos setores mais sensíveis aos ciclos econômicos, como indústria de transformação e os serviços, reduziu;
2) Absorção dos impactos do conjunto sem precedentes de medidas da União para conter a COVID-19. A taxa de poupança, por exemplo, vem gradativamente diminuindo após a maciça injeção de recursos;
3) Queda da demanda reprimida em virtude da sustentação da melhora do quadro sanitário;
4) Aumento da base de comparação, responsável por gerar efeito estatístico que dificulta expansões adicionais: a mão de obra incorporada ao mercado nos últimos 12 meses somou 1,433 milhão (de 42,6 para 44 milhões);
Avaliamos que a dinâmica segue benigna em face aos vetores supracitados, o que acaba contribuindo para o consumo das famílias no curto prazo.
Rio Grande do Sul:
A criação líquida de vagas no território gaúcho alcançou +1.267 em setembro, o que significa elevação de apenas +0,05% do estoque de trabalhadores no confronto com agosto. Pela referida ótica da variação relativa, tivemos o pior desempenho entre as Unidades da Federação. A principal causa do resultado diz respeito às sequelas do ciclone extratropical, sobretudo no Vale do Taquari. Em vinte municípios ficou caracterizada calamidade, de acordo com o Decreto 57.197 do governo estadual, conforme a tabela abaixo. Especificamente para a cidade de Venâncio Aires, cabe ressaltar que decréscimos são sazonais por conta do perfil inerente ao parque fumageiro. Ainda assim, o nível (-976) foi inferior ao verificado em setembro de 2021 (-768) e de 2022 (-459).
Criação líquida de empregos formais nos municípios em estado de calamidade – Rio Grande do Sul
(Em unidades e percentual)
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Decreto 57.197 do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. | Elaboração: AE/CDL POA.
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