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Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

Projeções para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)
Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (02/08/2024) *Mediana. | Elaboração: AE/CDL POA.

O prognóstico para o PIB em 2024 subiu de +2,19% para +2,20% no intervalo entre 26 de julho e 02 de agosto. Uma das justificativas capazes de embasar a alteração diz respeito à leitura do volume de manufaturados oriundos do parque fabril de junho, cujo resultado (+4,1% em relação ao período imediatamente precedente, na série com ajuste sazonal) veio bem acima do consenso entre os analistas (+2,5%). Não à toa, o PIB antevisto da indústria no ano avançou de +2,35% para +2,40%.

Ademais, o IBGE mostrou que a taxa de desemprego atingiu 6,9% ao longo do segundo trimestre. Nesse sentido, acreditamos que as pressões de demanda decorrentes do crescimento mais forte do produto e da maior disputa por mão de obra escassa, reverberando positivamente sobre os salários, podem estar por trás da revisão do IPCA em 2024: de 4,10% para 4,12%.

Já o PIB computado para 2025 sofreu uma diminuição (de +1,94% para +1,92%). O efeito estatístico adverso provocado pela elevação da base de comparação herdada de 2024 e a majoração da Taxa SELIC prevista para o encerramento de 2025 (de 9,50% para 9,75% ao ano) são algumas das hipóteses explicativas. Cremos que o movimento dos juros básicos é reflexo do endurecimento do tom adotado pelo COPOM quanto à inflação em sua última reunião. Consequentemente, os agentes passaram a entender que a política monetária deverá ser mais restritiva do que a imaginada anteriormente, atuando para conter o nível de atividade e os preços.

Também houve alta da taxa de câmbio esperada para o término de 2025 (de R$ 5,25 para R$ 5,30) e do IPCA para o ano que vem (de 3,96% para 3,98%), provavelmente fruto de todo o conjunto de incertezas fiscais e monetárias no âmbito doméstico. Hoje, inclusive, os mercados reagem de forma bastante negativa à possibilidade de recessão dos Estados Unidos, principalmente após o payroll de julho, que exibiu desaceleração na criação de vagas formais e incremento da taxa de desocupação. Além disso, o aumento de juros no Japão prejudica o desempenho do Real, uma vez que diversos investidores utilizavam as condições favoráveis do país asiático para o chamado “carry trade”: contrair recursos baratos e lucrar com operações em nações que oferecem um retorno superior.

Análise da reunião do COPOM sobre a Taxa SELIC – julho de 2024

Considerações iniciais: o comunicado da decisão que manteve a Taxa SELIC em 10,50% ano (de acordo com o esperado pelo mercado) endureceu o tom quanto à evolução do quadro econômico e às perspectivas envolvendo a política monetária.

Seguem as principais diferenças em comparação com o encontro anterior:

1) Em junho, o COPOM reconhecia que apenas as medidas subjacentes do IPCA (núcleos que excluem componentes tipicamente voláteis, como alimentos, energia e as passagens aéreas nos serviços) exigiam atenção. Agora, o entendimento é de que o processo de desaceleração do índice cheio (todos os itens investigados pelo IBGE) “tem arrefecido”.

2) O documento costuma apresentar a visão dos riscos que podem provocar acréscimo ou baixa além da projetada para a inflação. Até junho haviam dois fatores para cada grupo. Hoje existem três elementos que integram o primeiro bloco, de modo que dois são inéditos: (1) o descolamento das expectativas do IPCA em relação à meta por um período longo; e (2) a persistência do Dólar mais valorizado no confronto com o Real. Ambos estão atrelados às incertezas no âmbito fiscal e à condução do Comitê a partir da mudança na composição da diretoria em 2025. Portanto, embora não explicitamente, a interpretação é de um viés de alta.

3) O atual contexto “demanda acompanhamento diligente” e “ainda maior cautela” (grifo nosso).

4) Se a Taxa SELIC permanecer parada em 10,50% ao ano até o primeiro trimestre de 2026, o IPCA resultante anual é de 3,2%. Logo, o grau de restrição exercido pelos juros ao nível de atividade seria suficiente para praticamente garantir a convergência dos preços para o objetivo de 3,0% dadas as condições de momento, sem a necessidade de elevação.

Avaliação e implicações para o futuro: a parte final da nota não emitiu sinais no tocante aos próximos passos (forward guidance) do COPOM. No entanto, nos parece claro que as portas estão abertas para a retomada breve do ciclo de aumento da Taxa SELIC na hipótese de deterioração adicional do panorama. Caso contrário, sem piora do cenário, apostamos em uma Taxa SELIC estacionada em 10,50% ao ano até meados de 2025.

Decisão do FOMC sobre os juros nos Estados Unidos – jul/24

→ O balizador do custo do crédito nos EUA (fed funds, algo semelhante à Taxa SELIC no Brasil) permaneceu entre 5,25% e 5,50% ao ano, em linha com as projeções;

• De acordo com o comunicado, o Comitê (FOMC) reconheceu o progresso da convergência da inflação para a meta de 2,0% nos últimos meses, embora novas evidências sejam necessárias visando o início do ciclo de queda dos juros;

• Apenas pelo texto, o declínio poderia levar mais tempo;

→ Porém, em sua tradicional coletiva de imprensa após a divulgação da nota, o Presidente da instituição, Jerome Powell, citou diversos elementos que corroboram com uma perspectiva favorável quanto ao começo breve da flexibilização da política monetária;

• O mandatário afirmou que existe a possibilidade de que a baixa aconteça na reunião seguinte, em setembro e, inclusive, foi discutida sua aplicabilidade no encontro de julho;

• No entanto, deixou a porta aberta para que ocorra uma postergação se os dados não confirmarem a tendência aguardada;

• Conforme sua análise, o mercado de trabalho está forte, mas não “superaquecido”. No tocante aos preços, disse que os riscos altistas caíram. Powell espera também a continuidade de um “pouso suave”, ou seja, a desaceleração gradual do crescimento;

Avaliação da AE / CDL POA: a probabilidade de termos uma diminuição de 0,25 ponto percentual das fed funds já a partir de setembro subiu consideravelmente. Nesse sentido, a safra dos indicadores americanos de atividade econômica nos próximos 45 dias, caso não apresentem surpresas negativas, devem ser suficientes para tanto.

A notícia é positiva para o Brasil, pois ajuda a elevar o diferencial de juros e, consequentemente, a atratividade dos investimentos financeiros locais (mantidos todos os demais fatores relevantes constantes). Logo, a concretização do referido cenário é importante para reduzir a chance de retomada do aumento da Taxa SELIC no curto prazo. Todavia, uma eventual deterioração adicional do quadro doméstico (reverberando sobre a taxa de câmbio e as expectativas do IPCA) é capaz de deflagrar o movimento a despeito do panorama externo mais benigno.

 

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    Data

    05 agosto 2024

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