Após o fraco desempenho de Junho, o Varejo Restrito no estado atingiu próximo a R$ 7,8 bilhões no estado em Julho desse ano.
Os dados divulgados pelo IBGE apontam:
- + 7,9% no volume de vendas, em relação a julho/2012,;
- +2,6%, com em relação a junho/2013,
- em 2013 acumula crescimento de 3,9% em relação a 2012;
- em 12 meses crescimento acumulado de 5,9%.
Para o Varejo Ampliado, que inclui Veículos e Material de Construção, o desempenho foi melhor, com crescimento de 9,9% em relação a julho/2012.
Por fim, o Varejo restrito no Brasil teve desempenho pior que o gaúcho, com crescimento de 5,9% em relação a julho/12, totalizando aproximadamente R$ 58,2 bilhões em receita nominal de revenda.(em var. % real mês sobre igual mês ano anterior)
Fonte: IBGE. Elaboração: AE/CDL POA.
(em var. %acumulada em 12 meses)
Fonte: IBGE. Elaboração: AE/CDL POA
Considerações da Assessoria Econômica
Em primeiro lugar, é importante destacar que o forte desempenho registrado em Julho parece estar ligado à efeitos atípicos, e não aos fundamentos econômicos que sustentam o Varejo.
As motivações econômicas incomuns para esse desempenho, tanto no Rio Grande do Sul quanto no Brasil, são:
- uma “transferência” das compras de Junho para Julho, em função das manifestações públicas;
- a brusca queda de temperatura no Estado;
- a linha de crédito subsidiada para a compra de móveis e eletrodomésticos de baixo valor (este último segmento cresceu 11% em relação a 2012), Minha Casa Melhor;
As manifestações de Junho, por terem obrigado o Comércio a trabalhar em horário reduzido, podem ter feito com que os consumidores não pudessem adquirir os produtos de interesse naquele mês. Com isso, parte daquela demanda foi realizada em Julho.
Entretanto, acreditamos que esses efeitos econômicos podem ter sido potencializados na pesquisa do IBGE em função de um efeito estatístico. Os segmentos de Vestuário e Calçados, bem como Móveis e Eletrodomésticos, que tiveram desempenho mais forte aumentaram seu peso no índice em julho.
A questão é que ambos os fatores são temporários e, portanto, não devem se propagar próximos meses. Além disso, quando comparamos a pesquisa do IBGE com outras pesquisas de atividade no Varejo verificamos desempenhos bem diferentes. Os indicadores de atividade para julho esperavam variação entre 0-0,8% para Julho.
Quando olhamos para os fundamentos econômicos que afetam o Varejo, podemos observar que o cenário mais provável ainda é de crescimento moderado, ou estabilidade, para o restante do ano pois há:
- queda nas expectativas dos consumidores;
- estabilidade na renda real das famílias;
- capacidade de endividamento das famílias limitada pelo grande volume de empréstimos já realizado;
- aumento da taxa de juros.
Ou seja, o Varejo está em expansão, porém em ritmo mais moderado que no mesmo período de 2011 e 2012.
Notas sobre a pesquisa do IBGE
Lembramos que em função da mudança na metodologia na pesquisa as comparações entre 2012 e anos anteriores poderiam estar superestimadas, o que não deve ocorrer para as comparações com esse ano. Como exemplo, citamos o setor de Comércio de alimentos, bebidas e fumo, que incluem Hipermercados e supermercados. Conforme o IBGE esse segmento cresceu 14% em volume de vendas apenas no estado, em 2012. Entretanto, comparando com dados da Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS), o crescimento das vendas em 2012 foi de 6,6% – um desempenho bastante inferior ao divulgado pelo IBGE.
Ainda conforme o IBGE, o Volume de Vendas é o faturamento real, ou seja, já descontado os efeitos da inflação. A Receita Nominal mede o faturamento nominal, sem descontar os efeitos da inflação. A pesquisa do IBGE verifica apenas empresas com, no mínimo, 20 funcionários.(em var. %sobre igual mês ano anterior)
Fonte: IBGE. Elaboração: AE/CDL POA.