Diante do Salão Nobre do Palácio do Comércio lotado, o debate entre os candidatos à prefeitura de Porto Alegre, nesta quinta-feira, 19/09, teve um clima respeitoso e acalorado principalmente nos momentos relacionados às propostas sobre a infraestrutura de proteção de Porto Alegre contra as cheias. A presidente da ACPA, Suzana Vellinho Englert, deu as boas-vindas e destacou este momento histórico marcado pela união entre Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL Porto Alegre), Sindicato de Hotéis de Porto Alegre (SHPOA), Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre (Sindha) e Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas) – entidades promotoras do encontro. “Essa união se dá por meio do diálogo, da convergência de ideias, da busca constante por um ambiente seguro para que o empreendedor possa trabalhar e se desenvolver de maneira sólida e crescente”, afirmou Suzana.
Em quatro blocos, a expectativa do público, ratificada por Suzana, era ouvir como os candidatos pretendem fomentar o empreendedorismo local, atrair investimentos, melhorar a infraestrutura, e, acima de tudo, como Porto Alegre pode se tornar uma cidade mais justa, moderna e próspera para todos.
Maria do Rosário (PT), Sebastião Melo (PMDB), Juliana Brizola (PDT) e Felipe Camozzato (NOVO) – a ordem de posicionamento no palco foi sorteada previamente – responderam a perguntas das entidades sobre ações para a Capital não sofrer mais com enchentes (ACPA), mobilidade (CDL POA), segurança (Sindilojas POA), crescimento do turismo e dos eventos (Sindha) e sistema de coleta de lixo, limpeza da cidade e tratamento de resíduos sólidos (SHPOA). Houve partes em que um candidato questionava o outro, trazendo, por exemplo, questões sobre educação e saúde.
Os candidatos convidados para o debate foram selecionados com base na representatividade de suas bancadas no Congresso Nacional.
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Apresentações
Maria do Rosário usou seus primeiros 45 segundos para falar que a eleição é o momento de avaliar o que melhorou e o que piorou. Disse, ainda, que irá colocar Porto Alegre no desenvolvimento junto com o Brasil, aproveitando a estimativa de crescimento de 3% do PIB.
Juliana Brizola propôs deixar de lado a desunião e se mostrou aberta ao diálogo para reconstruir Porto Alegre e enfrentar seus problemas crônicos.
Sebastião Melo enfatizou que o debate é um momento importante para discutir temas essenciais para a Capital e seu desenvolvimento econômico.
Felipe Camozzato afirmou que sem gente competente na política não há milagre, por isso destacou sua formação acadêmica e sua atuação com gestor.
BLOCO I
No primeiro bloco do debate, mediado pelo comunicador Leandro Olegário, os candidatos responderam à pergunta da ACPA:
Considerando toda a situação decorrente das mudanças climáticas e, em especial, da recente enchente em Porto Alegre, o que consideras fundamental para prevenir e mitigar danos futuros com uma eventual reincidência da calamidade? Gostaríamos da sua visão sobre os investimentos em infraestrutura de proteção (diques, comportas, muros, bombas, dragagem), medidas de prevenção (defesa civil, novo plano diretor, campanhas de conscientização sobre riscos, alertas públicos) e outros temas que consideres relacionados com a proteção da cidade.
Juliana Brizola disse escutar muito sobre a falta de segurança para se abrir um negócio em Porto Alegre. Portanto, garantir a recuperação de todo o sistema de proteção, assim como uma reforma nas casas de bomba e a implementação de um sistema de alerta para que as pessoas possam saber o que fazer em ocasiões de desastres, é primordial. Afirmou, ainda, que o básico deve ser feito, porque até hoje vê bueiros nos quais a água volta.
De acordo com as regras do debate, Juliana escolheu Melo para fazer uma pergunta. A saúde foi o tema escolhido pela candidata que falou sobre a grave crise de gestão. O prefeito Sebastião Melo afirmou que a saúde teve muitas conquistas nos últimos anos, as filas foram agilizadas e qualquer promessa em resolver todas as questões da saúde não são factíveis, pois a Capital recebe pacientes de outras cidades entre outros grandes problemas relacionados aos demais poderes. Juliana respondeu que está em contato com o Sindihospa e prometeu vencer as filas para procedimentos de média e alta complexidade em seis meses.
Maria do Rosário foi a segunda a responder à pergunta do primeiro bloco. A candidata iniciou sua resposta afirmando que o principal entrave de Porto Alegre diz respeito às cheias. Lembra que, no mês de janeiro, a CEEE Equatorial não entregou soluções para as cheias e lembrou que 19% das lojas foram totalmente alagadas. Manutenção e obras são essenciais e recursos federais não podem ser perdidos. Ela assegurou que, em 2023, somente 37% do orçamento do DMAE foi utilizado. Até este momento, existem casas de bombas que não foram recuperadas.
De acordo com as regras do debate, Maria do Rosário escolheu Juliana Brizola para fazer uma pergunta e trouxe a educação como pauta. Juliana respondeu que a gestão é importante e que o dinheiro público deve ser respeitado de forma eficiente e transparente. Afirmou que a gestão atual não tem feito uma boa gestão, tanto que, em quatro anos, a pasta teve quatro secretários. Para Juliana, uma boa educação é um pressuposto para o desenvolvimento econômico e para o fortalecimento do mercado de trabalho.
Em sua devolutiva, Maria do Rosário ressaltou que não aumentará a carga tributária, mas que fará a arrecadação aumentar por meio do comércio. Ainda mencionou que a Guarda Municipal deverá estar integrada com a Brigada Militar para proteger as ruas comerciais e também as escolas. Juliana Brizola, ao finalizar sua fala, lembrou que Porto Alegre é a penúltima capital no IDEB e reiterou que a educação é a base para a economia. E para auxiliar a recuperação dos empresários afetados, têm uma proposta de microcrédito para estimular a renda e o consumo.
Felipe Camozzato foi o terceiro a responder à pergunta do primeiro bloco. O candidato afirmou que ouviu dois discursos sobre as enchentes. O primeiro é de que toda a responsabilidade foi do prefeito atual. E a segunda de que a culpa de todo o desastre climático sofrido foi apenas causada pela intensidade das chuvas. O candidato argumentou que, em 50 anos, não foi construído um dique na comunidade Asa Branca no Bairro Sarandi, que a falta de manutenção das comportas e o sistema pluvial inadequados são problemas não resolvidos por muitas gestões, sendo que existem responsabilidade dos governos Federal e Estadual em muitas questões que falharam.
Camozzato direcionou sua primeira pergunta à candidata Maria do Rosário. E questionou a responsabilidade dos colegas de partido dela nos últimos anos. A candidata garantiu que até 2004 houve manutenção dos sistemas. A discussão ficou em torno do tema entre os candidatos.
Sebastião Melo foi o último a responder à questão do primeiro bloco do debate. O candidato e atual prefeito disse que, na enchente, não tem ideologia nem partido político. Destacou que o sistema, construído pela União, não deu conta. Afirmou que obras já estão em andamento, as comportas devem ser trocadas e ajustadas. Especialistas foram consultados e que medidas também devem ser tomadas pelo Governo Federal e Estadual, cuja promessa foi de despoluir o Guaíba.
Camozatto perguntou ao Melo sobre a concessão do DMAE, que não foi concluída, lembrando que há lugares na cidade nos quais o esgoto corre a céu aberto. Melo respondeu que encontrou inconsistências nos termos da concessão e que sua gestão teve muita competência para privatizar a Carris.
BLOCO II
No segundo bloco, os candidatos realizaram perguntas destinadas aos concorrentes. Temas como histórico de trabalho dos candidatos, diálogo entre partidos políticos e com empreendedores, educação, empreendedorismo, divergências políticas e ideológicas, segurança pública, inteligência de dados e inovação foram abordados.
BLOCO III
O terceiro bloco ofereceu aos candidatos quatro envelopes com perguntas previamente elaboradas pelas entidades anfitriãs e todos os candidatos responderam à mesma questão.
1 – CDL POA
Quais melhorias em infraestrutura serão implementadas para qualificar o acesso e a mobilidade na cidade, a médio e longo prazos?
A questão sobre mobilidade foi respondida pelo candidato Melo, que mencionou as melhorias realizadas em sua gestão, como a conclusão das obras da avenida Tronco e a duplicação da Avenida Edgar Castro, na Hípica, bairro que mais cresce na Capital.
2 – Sindilojas POA
Quais os seus planos para aumentar a sensação de segurança, bem como a segurança efetiva nas áreas comerciais?
Maria do Rosário respondeu, propondo uma gestão que valorizasse a segurança a partir dos centros de bairro. Prometeu concurso municipal e apoio aos lojistas no ir e vir.
3 – Sindha
Sabendo a relevância da indústria do turismo de toda sua cadeia para a economia, quais serão seus principais pilares para o crescimento do turismo e dos eventos na Capital?
Ao responder, Camozzato ressaltou a importância de se reconstruir a confiança para que sigam investindo na cidade.
4 – SHPOA
Uma cidade limpa e que cuida do meio ambiente é fundamental para os moradores e para os turistas. Qual sua proposta para melhorar o sistema de coleta de lixo, limpeza da cidade e tratamento de resíduos sólidos?
Juliana Brizola foi a primeira a responder à quarta questão. Afirmou que há falta de gestão na limpeza da cidade e que, ainda, são encontrados entulhos espalhados pelas ruas e bueiros entupidos. A candidata afirma que há desconexão entre as secretarias da prefeitura.
BLOCO VI
O último bloco do debate foi dedicado às considerações finais dos candidatos. Os mesmos temas foram abordados em perguntas entre candidatos.
Sebastião Melo afirmou que lutou muito pela democracia e que sente muito orgulho de sua trajetória em Porto Alegre.
Juliana Brizola agradeceu a oportunidade e pelo resgate do diálogo.
Maria do Rosário ressaltou a importância da zeladoria para a cidade, do apoio técnico e científico para que nunca mais ocorram alagamento e para o desenvolvimento do turismo e da gastronomia.
Felipe Camozzato lembrou que todos os candidatos presentes ofereceram soluções para problemas criados por eles próprios e que a política precisa de coragem para mudar.