A NRF mais aplicável de todos os tempos: essa foi a conclusão dos participantes de evento promovido pela CDL Porto Alegre, na noite desta quarta-feira (25), sobre a 113ª edição da feira mundial de varejo e consumo.
Quando deu as boas-vindas às cerca de 500 pessoas que lotaram o Teatro da Unisinos para assistir ao Pós-NRF 2023, o presidente da CDL POA, Irio Piva, reafirmou um dos propósitos da Entidade ao organizar o evento. “É uma alegria estarmos juntos aqui a fim de qualificar e preparar o ambiente de negócios para as transformações em curso. Participamos da NRF para aprender e, depois, compartilhar. Estamos conectados às novidades que podem impactar os negócios e as relações de consumo. Esta NRF realista deixou claro que é possível aplicar iniciativas para empresas de todos os tamanhos. E o importante é fazer o básico muito bem feito”, enfatizou o dirigente. A CDL POA largou na frente, e o evento realizado na noite de quarta-feira (25) foi o primeiro presencial pós-NRF organizado no Brasil. Pelo 17º ano, a Entidade teve uma comitiva participando da feira, realizada em Nova York, cidade referência para o varejo e o consumo, entre os dias 14 e 16.
Guga Schifino – diretor de novos negócios Linx e curador/sócio FFX – afirmou que esta 113ª edição da mais representativa feira mundial de varejo e consumo foi a mais pragmática e aplicável para os empresários. Dentre “Os 10 takeaways que irão ditar o varejo em 2023”, Guga considerou o mais relevante “Vender é o mínimo que a loja física deve fazer”. A loja física é crucial na jornada do cliente e proporciona a conveniente e efetiva venda digital, contudo o faturamento precisa vir de outras áreas e não só da compra e venda. “Pode vir de serviços, dados, pesquisas e publicidade social”, detalha.
O que mais impressionou a jornalista especializada em economia Giane Guerra foi, durante as visitas técnicas da comitiva na NRF, conhecer lojas que ensinam as crianças a reciclar. “Não esperem o consumidor pedir a sustentabilidade”, resumiu a profissional que acompanhou a sua quinta NRF na carreira. Depois de fazer essa introdução no painel “Impactos e perspectivas no varejo”, Giane conversou com os empresários Luísa Cobalchini, da Artelana, Virgílio Tonolli, da Tonolli Sono & Saúde, e Lucas Neuhaus, da Cadile’s Esportes. Luísa destacou a necessidade de carinho com a marca e o com o cliente: “Vamos fazer o básico bem feito e, depois, fazer o novo, sempre preservando a essência de tratar o cliente com carinho, pois ele vai te trazer todas as respostas”. Para Virgílio, dois aspectos são cruciais na conquista da confiança: envolvimento com a comunidade e resolver o problema do cliente. Lucas também abordou a centralidade no cliente: “Devemos entender e estar no lugar do consumidor”.
A fim de desenvolver o tema “Tendências e Inspirações para Vender Mais: do Global para o Local”, o coordenador de Varejo do Sebrae RS, Fabiano Zortéa, mesclou conceitos – como varejo raiz, jornada híbrida, audiência digital e produção de conteúdo – com cases de empresas tanto do Rio Grande do Sul quanto nacionais e estrangeiras. Foram reflexões simples sem serem triviais. “Varejo é para encontrar as pessoas, afinal consumidores são pessoas, colaboradores são pessoas e fornecedores são pessoas. Varejistas têm que entender de … ???”, questionou. Com duas décadas de atuação no Sebrae RS, Zortéa defende que, para transmitir os valores da marca, não significa, necessariamente, que pequenos negócios não possam aplicar estratégias sofisticadas. “Talvez não seja questão de crescer, porém de rentabilizar o varejo”, concluiu.
Depois de mais de duas horas, o último palestrante da noite, Guto Rocha – co-founder do Oto CRM e VP Vendas e Marketing da Pmweb – conseguiu manter a plateia atenta pelos raciocínios espirituosos e, às vezes, irônicos e certeiros sobre “O futuro do varejo é humano”. “A prioridade é investir nos colaboradores e na loja, pois o robô não compra na tua loja. Não se pode ficar ouvindo tendência e não resolver pendências. E, preste atenção: você pode não ter aberto um site, mas o Google abriu uma loja”, disse Guto, em um dos vários momentos em que fez as pessoas se divertirem.
Os principais insights da NRF 2023:
“Esta foi umas das NRFs mais pé no chão, que mostrou uma conexão atuante entre o físico e o digital para compreender o que as comunidades querem e necessitam”, Irio Piva, presidente da CDL Porto Alegre.
“Marketing sem propósito é só mais barulho em um mundo já muito barulhento. Dentro das comunidades é que estão os clientes, e conexão do propósito da empresa e das comunidades constrói a lealdade”, Guga Schifino, diretor de novos negócios Linx e curador/sócio FFX.
“Na NRF, falou-se sobre macroeconomia, inflação, recessão nos EUA, juros e mercado de trabalho – informações importantes para se fazer um bom planejamento. Como estamos em policrise (pandemia e guerra), é preciso usar a musculatura adquirida para outros períodos”, Giane Guerra, jornalista.
“O varejo físico nunca vai morrer. Nós precisamos ser relevantes e criar experiências relevantes para os consumidores e nossas comunidades”, Luísa Cobalchini, da Artelana.
“As marcas necessitam se voltar para o bairro. Temos que aprender a nos relacionarmos de novo com as pessoas. Só o olho no olho para conquistar a confiança”, Virgílio Tonolli, da Tonolli Sono & Saúde.
“Nossa empresa foi revolucionada com o uso de tecnologia e dados, presentes da estratégia à operação. Não podemos ser um catálogo de produtos, tem muito mais por trás”, Lucas Neuhaus, da Cadile’s Esportes.
“Os consumidores aprenderam que podem exigir das marcas, não vai ter mais a escolha do físico ou do digital, o que importa é resolver a vida”, Fabiano Zortéa, coordenador de Varejo do Sebrae RS.
“A tecnologia, sozinha, não vai a lugar nenhum. Temos que empoderar o nosso próprio time”, Guto Rocha – co-founder do Oto CRM e VP Vendas e Marketing da Pmweb.