Capital estuda restringir acesso a praças e parques
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FEVEREIRO, 2021
Notícias
A prefeitura de Porto Alegre adiou o anúncio das medidas restritivas para tentar conter o avanço da pandemia na cidade. Ontem, houve reunião coordenada pelo vice-prefeito Ricardo Gomes, que durou mais de duas horas com entidades empresariais e de trabalhadores para ouvir sugestões. A expectativa é de que o anúncio saia hoje, após encontro com diretores de hospitais públicos e privados, pela manhã, e com o governador Eduardo Leite, de tarde, mas não há confirmação.
Conforme Ricardo Gomes, que coordenou os trabalhos porque o prefeito Sebastião Melo estava em Brasília, está descartado o fechamento do comércio, conforme adiantou a colunista Giane Guerra.
– Temos de buscar o caminho de equilíbrio. Que ao mesmo tempo transmita para a sociedade o momento que estamos vivendo, para que colabore com a contenção do vírus, mas sem sacrificar a renda das famílias – disse Gomes.
O lockdown sugerido por trabalhadores da saúde está descartado. A restrição de acesso a praças, parques e à orla do Guaíba é avaliada pela prefeitura e foi tratada na reunião.
– Esse tema esteve nas discussões, mas não vamos adiantar as medidas antes de ouvir os hospitais. Não adianta um decreto mágico e salvador, porque isso não existe – concluiu Gomes.
Aumento de fiscalização dos protocolos de saúde e tentativa de ampliação de leitos hospitalares também foram tratados no encontro. Outro ponto discutido foi o aumento do teletrabalho.
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL), Írio Piva, há um esforço de todos para tentar conscientizar as pessoas para as necessidades de evitar aglomerações e seguir os protocolos de saúde. Ele avalia que o comércio não é o culpado para o avanço da pandemia.
– Nossa prefeitura está sendo bastante coerente. Tem, inclusive, coerência com o que prometeu na campanha. Economia e saúde têm de andar juntas – sustenta.
Na mesma linha defende o vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcos Rovinski.
– Não faz sentido fechar restaurante às 20h ou adotar várias medidas restritivas de acesso e trabalho da população. Restringir mais não vai adiantar. O que tem de fazer é aumentar a fiscalização – opinou o médico, ao defender mais ônibus circulando para evitar aglomerações nos coletivos.
Fechamento
Já para o presidente do Sindisaúde, entidade que representa outros trabalhadores da saúde, Julio Cesar Jesien, a única solução é o lockdown.
– Não tem alternativa que não o lockdown total e geral a exemplo do que vimos na Austrália e na Inglaterra. Claro, tudo acompanhado de vacinação e testagem. Só assim para dar algum resultado – argumenta Jesien.
Onze centrais sindicais que representam trabalhadores no Estado também encaminharam uma carta, ontem, ao governador Eduardo Leite pedindo medidas mais duras para conter o avanço do coronavírus. No texto, pedem que Leite suspenda a cogestão.
“Ante o agravamento da pandemia em todo o Estado e o iminente colapso das emergências hospitalares, entendemos como fundamental a suspensão da cogestão com os municípios, não devendo o governo de Vossa Excelência adotar a mesma prática do governo federal que omitiu-se repassando aos Estados a responsabilidade de conter a pandemia”, diz o documento entregue ao Piratini.
Fonte: Jornal Zero Hora – Edição impressa em 25 de fevereiro de 2021.