O preço do café moído aumentou 66,12% nos últimos 12 meses em Porto Alegre. O dado dialoga com a experiência do consumidor, que tem visto o produto encarecer nas prateleiras. Especialistas dizem que a tendência de alta deve continuar nos próximos meses por fatores econômicos e climáticos.
Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, divulgado nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do café aumentou 11,29% na Capital em fevereiro, na comparação com o mês anterior.
Quando analisado o acumulado em 2025, Porto Alegre teve o segundo maior acréscimo entre as 16 capitais analisadas, de 28,02%, atrás apenas de Aracaju (SE), que contabilizou 28,88% no período. Goiânia (GO) lidera o encarecimento entre as capitais, com disparada de 86,44% em 12 meses. Recife (PE) foi onde o preço subiu menos no mesmo período: 50,24%.
O aumento em Porto Alegre nos últimos 12 meses é similar ao cenário brasileiro: 66,18% — o preço do café aumentou 20,2% apenas neste ano no país.
Aumento do café nas capitais analisadas pelo IBGE nos últimos 12 meses
- Goiânia (GO): 86,44%
- Aracaju (SE): 84,61%
- Grande Vitória (ES): 83,36%
- Salvador (BA): 77,96%
- Belo Horizonte (MG): 77,65%
- Rio Branco (AC): 73,2%
- Brasília (DF): 72,48%
- Curitiba (PR): 70,28%
- Rio de Janeiro (RJ): 70,05%
- Campo Grande (MS): 67,08%
- Porto Alegre (RS): 66,12%
- Belém (PA): 65,54%
- São Luís (MA): 63,92%
- Fortaleza (CE): 61,81%
- São Paulo (SP): 55,37%
- Recife (PE): 50,24%
Por que o café está caro?
Economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank Junior diz que a disparada do preço do café no Brasil é consequência de múltiplos elementos, entre eles a redução de oferta de polos mundiais, como Vietnã e Indonésia.
— Também tivemos problemas climáticos no Brasil que colaboraram para essa restrição da oferta, além das consequências da alta do dólar, que gera incentivo para a exportação e para um menor abastecimento do mercado doméstico. Não vejo uma expectativa de melhora a curtíssimo prazo, isso deve ficar mais para o segundo semestre — cita o especialista.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), desde 2020, a produção tem sido afetada por questões climáticas, com períodos de geadas, seca intensa (reflexos do El Niño) e chuva tardia e em excesso (relacionada ao La Niña), o que afetou a safra do Brasil e de outros países produtores como o Vietnã.
Para a entidade, a análise do mercado indica que o produto deverá manter a tendência de alta no preço nos próximos meses.
— Tudo leva a crer que ainda teremos alguns ajustes, sim. Fazer previsões é complicado, mas, depois de abril, o mercado já terá um cenário de expectativa mais clara sobre a colheita deste ano e perspectivas para 2026. Tudo correndo bem, o mercado ficará mais otimista, o que irá favorecer melhores cenários de preços — diz Pavel Cardoso, presidente da Abic.
Portanto, segundo Cardoso, ainda é cedo para projetar quando ocorrerá a redução do valor do produto no país.
— Quando tem uma boa remuneração, o produtor investe, aumenta a produtividade e a área de produção, o que resulta em uma expectativa positiva para a safra de 2026. Mas só vamos ter esse olhar a partir da finalização da colheita deste ano, que ocorrerá no fim de setembro, quando se dá o início da safra de 2026. Ainda é preciso que não haja nenhuma questão climática prejudicando a produção — pontua.
Fonte: GZH