Brasil: quase uma década e meia perdida?

Os dados oficiais acusam uma preocupante realidade econômica. De acordo com as estatísticas do IBGE, o PIB per capita – valor dos bens e serviços finais dividido pelo total de habitantes – brasileiro fechou 2020 11,1% abaixo do momento que antecedeu a grande crise ocorrida entre 2014 e 2016, marcada pela turbulência política e pela (necessária) guinada para reverter a chamada “Nova Matriz”, responsável pela imposição de medidas excessivamente intervencionistas da parte do Estado.

Nesse período, portanto, a renda média por cidadão saiu de R$ 39.582 para R$ 35.172, ou seja, um empobrecimento superior a quatro mil e quatrocentos reais. Trata-se de uma evolução completamente distinta da observada na maioria dos países, pois, à exceção do ano passado, o mundo apresentou sucessivos avanços.

Exercícios preditivos fornecem uma ideia da trajetória esperada da recuperação doméstica, a partir da combinação entre as previsões para o futuro da atividade e da população. Caso os números estejam corretos, somente em meados de 2027 é que voltaremos a ter um patamar semelhante ao verificado em 2013.

É importante lembrar que a dificuldade relativa à expansão sustentada do produto traz uma série de implicações negativas do ponto de vista social, das finanças públicas e do mercado de trabalho. Além disso, conforme a avaliação da FGV, nosso PIB potencial – nível de crescimento que não gera o recrudescimento de desequilíbrios, como a inflação – encontra-se em 1,4% ao ano, ao contrário do estimado pelo Relatório FOCUS (+2,5% ao ano). Consequentemente, a travessia nesse cenário seria ainda mais lenta do que a supracitada.

Se quisermos alterar positivamente a dinâmica, precisamos de reformas estruturais: tanto pelo lado macro (ajuste das contas do governo) quanto micro (aumento da produtividade da mão de obra e das empresas).

*Conteúdo exclusivo – Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA

 

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Data

21 maio 2021

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