Em comunicado oficial, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu de forma unânime aumentar a taxa de juros em 0,5 ponto percentual, elevando a SELIC para 9,5% a.a.
Esse é o quinto aumento consecutivo da taxa de juros, que já subiu 2,25 p.p. desde o fim de abril.
Sem mudanças em seu comentário oficial, o Banco Central entende que “ a decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”.
O aumento ocorreu em linha com as expectativas do mercado, tanto no mercado como um todo quanto das instituições que mais acertam suas previsões.
Para o final de 2013, o mercado (incluindo as instituições que mais acertam suas projeções) espera taxa de juros em 9,75% a.a., cenário que implicaria ainda em um aumento total de 0,25 p.p. em novembro, última reunião do ano.
Quanto à inflação, as expectativas estão divididas. A mediana do mercado espera o índice oficial fechando em 5,78% a.a. em dezembro, enquanto que as instituições que mais acertam projetam inflação mais alta: 5,96% a.a.
A próxima decisão da taxa de juros ocorrerá em 27 de novembro.(em % a.a. – final de período; em var % acumulada para dez/13, respectivamente)
Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: AE/CDL POA.
(em % a.a. – final de período; em var % acumulada em 12 meses, respectivamente)
Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: AE/CDL POA.
Considerações da Assessoria Econômica
Conforme o gráfico acima, a inflação acumulada em 12 meses em setembro foi de 5,86%. Apesar do compromisso assumido pelo Banco Central em trazê-la para 4,5% a.a., a inflação não se aproxima da meta desde 2011.
Parte do problema está associado à dificuldade do governo em manter o orçamento sob controle:
- desde jul/2011 o superávit primário (a economia feita pelo governo para cumprir com os pagamentos da dívida) é constantemente menor;
- mesmo com as alterações contábeis do Governo para “inflar” o superávit, ele continua caindo;
- isso significa que as despesas correntes do governo crescem mais que as suas receitas;
- ocorre que as despesas estão sendo mais alocadas em custeio ao invés de investimentos e educação, o que pressiona ainda mais a demanda, sem criar condições para aumento de produção.
Apesar da inflação ter cedido, acreditamos que há um risco de nova pressão nos preços até o final do ano:
- os preços de Alimentos no Atacado estão subindo, o que sinaliza que pode haver repasse ao consumidor;
- essa nova pressão se soma à que ocorre sobre os Serviços, que crescem há mais de 8% no acumulado em 12 meses;
- com isso o orçamento do consumidor se mantém apertado, o que barra a expansão mais acelerada do consumo de outros bens.
Nesse cenário, o aumento de juros necessário para manter a inflação dentro da banda estipulada pode acabar sendo maior que o Banco Central esperava inicialmente. A depender do comportamento da Inflação em outubro o Banco Central pode ser forçado a aumentar os juros por um tempo mais prolongado, o que levaria a taxa para acima de 10%.(em R4 bilhões constantes acumulado em 12 meses – IGP-DI jul/13)
Fonte: STN; IBRE/FGV. Elaboração: AE/CDL POA.