Por Victor Sant’Ana*
Na próxima quarta-feira (11/01), o IBGE divulga o valor do IPCA para dezembro de 2016. Ao que tudo indica, fechamos o ano passado com a inflação dentro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que vai de 2,5% a 6,5%. Depois de 23 meses consecutivos fora da meta, ter esse índice dentro do controle é uma boa notícia, especialmente pelo período tão conturbado que passamos. A expectativa corrente é que o IPCA se mantenha dentro da meta em 2017 e que feche o ano abaixo de 5%.
Por definição, inflação é o aumento generalizado dos preços de um determinado local. No Brasil, o principal indicador da variação dos preços é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que leva em consideração o preço de diversos bens e serviços em seu cálculo. Por representar a evolução dos preços, a inflação também pode ser enxergada como a perda do poder de compra da população, isto é, como a desvalorização do dinheiro das famílias. Se um conjunto de bens e serviços que poderiam ser adquiridos por cem reais tem seu preço total aumentado em 10% após um ano, são necessários dez reais a mais para realizar essa compra. Ou seja, o dinheiro perdeu poder de compra nesse período, já que não se consegue consumir a mesma cesta de produtos com os mesmos cem reais.
Com o bom funcionamento do sistema de metas de inflação, podemos manter a evolução dos preços sob controle, o que, por sua vez, se traduz em previsibilidade para as famílias e para o mercado. Assim, as pessoas conseguem planejar melhor o seu futuro, já que sabem que sua renda não perderá valor abruptamente. Além disso, a manutenção da variação de preços em um patamar baixo é especialmente importante para a parcela mais carente da população. Quando a inflação é elevada, os cidadãos de renda mais alta têm acesso mais fácil a meios de se proteger contra a desvalorização do seu dinheiro. Para esse fim, utilizam-se de instrumentos do mercado financeiro, como por exemplo o investimento em títulos do Tesouro Direto. Diferentemente deles, os mais pobres arcam com o custo da desvalorização monetária, que acaba por corroer o seu orçamento. Por isso, manter a inflação sob controle não é apenas benéfico para o mercado, mas também é uma política social eficaz.
*Victor Sant’Ana é economista da CDL Porto Alegre e possui Graduação em Ciências Econômicas e Mestrado em Economia Aplicada pela UFRGS.
