Análise e perspectivas para o PIB do Brasil
07
DEZEMBRO, 2020
Notícias
De acordo com o IBGE, o PIB do Brasil no terceiro trimestre cresceu +7,7% em relação ao segundo, após o ajustamento sazonal. A estatística, portanto, veio aquém da esperada pelos especialistas sondados pelo Valor Data (+8,8%). Todavia, é fundamental ponderar duas questões sobre essa discrepância.
1) Os métodos que permitem realizar o confrontamento com o período imediatamente anterior devem sempre ser interpretados com cautela, até porque tivemos um evento sem precedentes como a pandemia, responsável pela quebra dos padrões recentes. Se mudarmos a comparação para o decurso entre julho e setembro de 2019, a queda de -3,9% esteve em linha com a expectativa mais atualizada do Relatório FOCUS, do Banco Central (-3,8%).
2) Houve uma revisão para cima nos dados do PIB para 2018 (de +1,3% para 1,8%), 2019 (+1,1% para +1,4%) e o primeiro semestre de 2020 (de -5,9% para -5,6%). Consequentemente, a base subiu, tornando o aumento menos expressivo.
E qual o impacto da divulgação do IBGE para o fechamento de 2020 e para as projeções em 2021?
A Assessoria Econômica da CDL Porto Alegre estima acréscimo de +1,5% do nível de atividade nos três últimos meses de 2020 frente ao intervalo precedente. Como resultado, o total de bens e serviços cairia 4,7% no presente ano. Para o ano que vem, um excelente ponto de partida é considerarmos o “efeito carregamento”, ou seja, qual a variação registrada caso a renda encerre 2021 no mesmo patamar do fim de 2020.
O exercício mostra que o número “contratado” é de +2,3%. Logo, se quisermos ir além, teremos de avançar. Conforme o Relatório FOCUS, a previsão para 2021 é de +3,45%. O consenso de mercado, à vista disso, aguarda que o incremento médio trimestral seja de, aproximadamente, +0,5%, replicando a dinâmica entre 2017 e 2019. As simulações podem ser observadas a seguir.

Ainda que a tendência de manutenção de juros baixos, da disponibilização de vacinas para o novo coronavírus e do uso da poupança das famílias para bancar gastos constituam fatores positivos, o cenário é permeado por desafios. É possível destacar, entre esse conjunto, o quadro fiscal, a busca por entendimento político para a aprovação de reformas macro (equilíbrio das contas públicas) e micro (elevação da produtividade), o emprego muito deteriorado e a situação financeira das empresas com a retirada (necessária) das medidas estatais promovidas para amenizar a recessão.
*Conteúdo exclusivo – Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA
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