Abril foi o pior mês para o comércio em duas décadas
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JUNHO, 2020
Notícias
As vendas do comércio varejista no Rio Grande do Sul despencaram 13,1% em abril, em relação ao mês anterior, aponta a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Influenciado pelos efeitos da pandemia de coronavírus na economia, o desempenho divulgado ontem foi o pior registrado desde 2000, quando o levantamento começou a ser realizado.
No comércio varejista ampliado, que inclui ainda os setores de veículos e de materiais de construção, o tombo no Estado foi de 9,1% frente a março deste ano.
O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA), Oscar Frank, avalia que abril pode ter sido o “fundo do poço” para o comércio gaúcho. Isso porque, naquele momento, muitas lojas permaneceram totalmente fechadas, atendendo a decretos de prefeituras e do governo do Estado.
Com as flexibilizações a partir de maio, a tendência é de que o cenário seja diferente em novas atualizações da pesquisa.
– A queda em abril é bastante significativa, ela materializa essa crise que vivemos desde meados de março. Com base nos dados das notas fiscais em maio, notamos um processo de “despiora”. A atividade econômica segue recuando, frente a 2019, mas em uma intensidade menor do que aquilo que vimos no início da pandemia – afirma Frank.
Dúvidas
O clima de incertezas segue pairando na economia, lembra a economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo.
A perda de renda da população, ocasionada pelo aumento do desemprego e das medidas de redução da carga de trabalho, e o enrijecimento das regras para abertura de lojas na Capital e no Interior, verificado nas últimas semanas, devem afetar o desempenho das empresas gaúchas. Mesmo com a abertura das lojas, a procura segue distante da verificada antes da pandemia.
– Se a demanda não volta ao que era, como a empresa vai manter os empregados? E se tiver que fechar de novo? Isso é muito complicado, e novas demissões vão vir. Além da tragédia derivada da própria doença, vamos viver outra dimensão de impacto com a perda do emprego e da renda – analisa Patrícia.
Em comparação com o mesmo mês de 2019, a retração no Rio Grande do Sul é ainda maior: 17,7% no comércio varejista e 27,7% no comércio varejista ampliado.
No acumulado dos quatro primeiros meses de 2020, ambos os grupos têm resultados negativos, de 5,2% (varejista) e 10,3% (varejista ampliado).
Declínio
Em abril, a maior queda foi verificada no ramo de livros, jornais, revistas e papelaria, com recuo de 85,5% em relação ao mesmo período de 2019.
Na sequência aparecem tecidos, vestuário e calçados (-78,4%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-62,1%), veículos, motocicletas e peças (-62%) e móveis e eletrodomésticos (-39,2%). O IBGE não divulga o recorte estadual por setores da comparação de abril frente ao mês de março.
O único grupo a crescer entre os 10 analisados foi o de hipermercados e supermercados, com avanço de 4,8%. O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, destaca que a Páscoa e o aumento de campanhas para doação de alimentos a pessoas impactadas pela crise ajudam a explicar a elevação.
Ainda assim, o dirigente constata que o ritmo de negócios vem desacelerando em relação ao início da pandemia, quando muitos consumidores correram aos estabelecimentos para fazer estoque de itens.
– Pelo caráter essencial da atividade, ela seguiu crescendo. Mas o perfil da compra mudou. As pessoas têm ido menos vezes ao supermercado, porém fazendo compras maiores – avalia Longo.
Desempenho nacional teve queda ainda maior
No país, a queda no comércio varejista em abril chegou a 16,8% frente a março, o pior nível da série histórica. No comércio varejista ampliado, o volume de vendas retrocedeu 17,5% em abril, na comparação com o mês anterior.
O resultado foi puxado pelo setor de tecidos, vestuário e calçados, com retração de 60,6%. Na sequência vieram livros, jornais, revistas e papelaria (-43,4%) e veículos, motos, partes e peças (-36,2%).
Frente a abril de 2019, a queda também é de 16,8% no varejo e de 27,1% no varejo ampliado. O único setor com expansão em âmbito nacional foi o de supermercados e hipermercados, com alta de 4,7%. Todos os demais ficaram no vermelho, puxados por tecidos, vestuário e calçados (-75,6%), livros, jornais, revistas e papelaria (-65,6%), veículos, motocicletas e peças (-47,8%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-45,6%).
Fonte: Jornal Zero Hora – Edição impressa em 17 de junho de 2020.
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A CDL Porto Alegre reafirma seu compromisso em acolher as necessidades dos varejistas, auxiliando-os a transpor os entraves da disseminação do coronavírus. A Entidade tem a convicção de que a unidade do setor fará grande diferença neste momento tão delicado e de apreensão para todos. Com a atenção e a disponibilidade de cada empresário, para fazer a sua parte, o setor sairá ainda mais forte desta crise.