Faz 15 anos que Guga Schifino participa da NRF. E nunca a tinha visto tão vazia e bipolar. E foi a melhor e mais iluminada na qual o head de Transformação Digital da DX . CO | 4all Group, curador da FFX e conselheiro da CDL POA, já esteve. Ou seja, conceitos por trás dos adjetivos “vazio” e “bipolar” podem não ser, necessariamente, negativos como dita o senso comum. Vazio porque, em edições anteriores, a feira reunia cerca de 45 mil pessoas. Em 2022, foram 15 mil. Bipolar, porque, se, de um lado, o CEO da Ralph Lauren, Patrice Louvet, falava de família e de comunidade, na sala contígua, o assunto eram as criptomoedas. “Então, foi equilibrada. E nos colocou diante de um futuro, que pode gerar mais curiosidade ou mais desconforto. Como tudo na vida, temos que modular”.
Por mais que estejam sendo tão badalados pela mídia, o futuro pode não ser metaverso nem NFT, reflete Guga, mas ele tem certeza absoluta de que é a Web 3.0, a nova energia. “A nossa geração foi apresentada à digitalização por meio da Web 1.0 entre a década de 90 até 2015. Depois, vivemos a 2.0, de interagir e entregar os nossos dados para serem monetizados. E, agora, a NRF trouxe os conceitos objetivos da 3.0 – descentralizada, com novas wallets (carteira, em português) não só de dinheiro, mas com a nossa identidade”, argumenta. As Big Techs também se deparam com o desafio de surfar em um mundo descentralizado.
Parado no centro do palco, Guga lembra que são cerca de 3 bilhões de gamers no planeta. E um deles deve ser o seu filho ou filha, neto ou neta. “Vocês estão apavorados, como pais e dindos, cujos filhos trocam uma camiseta ou um tênis por créditos no Fortnite. Imagina, então, como varejistas.” Estas novas gerações, além de nativos digitais, são gamers nativos também. Eles são o cliente.
Um garoto da Geração Z (entre 11 e 23 anos) ou da Alpha (dois a 10 anos) que nem sabe dirigir pode influenciar o pai ou a mãe na compra de um carro, porque ele sabe tudo da máquina e vai convencê-los que é uma droga, não vale a pena. “E, se a empresa for em direção ao preconceito, vão cancelar porque eles valorizam o propósito e a verdade. Eles se importam com os impactos de suas compras. “As empresas e seus CEOs precisam ter muita clareza na relação de propósito x lucro. Por isso, tem que saber de onde a onda vem”, avisa o sempre surfista Guga.
NFT tem só três letras, porém foi a expressão mais mencionada pelo convidado que encerrou a noite do ‘Pós-NRF 2022 – Acelere o seu negócio’. Guga está convicto de que o NFT tem potencial para influenciar o varejo até mais do que o metaverso. Apenas em 2021, os NFT’s movimentaram incríveis R$ 100 bilhões. NFT é a sigla em inglês para o termo “non fungible token” ou “token não fungível”. Eles são tokens, ou seja, códigos numéricos com registro de transferência digital que garantem autenticidade aos seus donos. Na prática, funcionam como itens colecionáveis, que não podem ser reproduzidos, mas sim transferidos. E, para dar um suporte na compreensão, fungível é algo possível de ser substituído por outra coisa de mesma espécie, qualidade, quantidade e valor. Por exemplo, um bitcoin é fungível porque se troca por outro bitcoin, e a pessoa terá exatamente a mesma coisa. “Acredito mais no NFT, como asset digital, do que no metacommerce para o varejo. Com NFT, gero um ativo digital para agregar no físico, pode ser um programa de fidelidade, pode ser uma condição especial a heavy user no próximo Liquida POA. Isso porque se trata de um certificado mais prático e efetivo, por ser confiável”, exemplifica Guga, um dos líderes na concretização do South Summit em Porto Alegre, em maio próximo.
Preste atenção no caminho para obsessão pelo propósito:
Definição
Alinhamento
Comprometimento
Atitude
Medição
Consistência
Algumas reflexões trazidas por Guga:
“88% pretendem comprar mais em seus bairros”, Lee Petersen, da WD Partners, sobre globalismo reverso.
“O verdadeiro omnichannel é quando seu físico se torna tão transacional quanto seu digital, e quando seu digital se torna tão experencial quanto suas lojas”, Mitch Joel, investidor, empresário e escritor.
“O privilégio é real, a realidade que é virtual”, Cassandra Napoli, estrategista sênior da WGSN.