A inflação segue persistente na região metropolitana de Porto Alegre. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 1,14% em outubro em relação ao mês anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados ontem. Foi a maior variação para o mês desde 2002 (1,48%). Na comparação com o avanço apurado em setembro, 1,53%, a inflação diminui o ritmo na região. O IPCA agora acumula alta de 9,02% no ano na região. Em 12 meses, registra elevação de 11,92%.
Observando os dados por segmentos, oito dos nove grupos pesquisados no IPCA apresentaram crescimento na Região Metropolitana em outubro. Apenas o grupo de saúde e cuidados pessoais teve variação negativa.
O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, afirma que o desempenho desse segmento somado ao dos alimentos, que se manteve estável, ajudam a explicar a desaceleração do IPCA em outubro na região. No entanto, o economista destaca que, tanto no acumulado do ano quanto no de 12 meses, a região segue na dianteira na comparação com o país:
– No meu entendimento, o que ajuda a pesar em relação a outras regiões é o fato do componente renda. A gente tem renda aqui que é mais elevada do que a média nacional e isso acaba puxando os preços para cima, além de taxa de desemprego que é mais baixa. Tudo isso acaba colaborando para uma pressão em relação aos salários e isso naturalmente acaba se refletindo sobre os preços.
O setor de transportes anotou o maior avanço, 3,20%. As acelerações nos valores da gasolina (3,56%) e do transporte por aplicativo (40,71%) ajudam a explicar o dado. No país, o movimento ocorre no mesmo molde, segundo o IBGE.
– A alta da gasolina está relacionada aos reajustes sucessivos que têm sido aplicados no preço do combustível nas refinarias pela Petrobras – afirma o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
Dentro dos transportes, a passagem aérea, com elevação de 32,22%, também chama atenção. Esse movimento não é exclusivo da Grande Porto Alegre. Houve alta em todas as regiões, diz o IBGE.
– A depreciação cambial e a alta dos preços dos combustíveis, em particular do querosene de aviação, têm contribuído com o aumento das passagens aéreas. A melhora do cenário da pandemia, com o avanço da vacinação, levou a um aumento no fluxo de circulação de pessoas e no tráfego de passageiros nos aeroportos. Como a oferta ainda não se ajustou à demanda, isso também pode estar contribuindo com a alta – explica Kislanov.
Na sequência, os grupos de habitação, com destaque para itens como energia elétrica e gás de cozinha, e de vestuário apresentaram as maiores variações na Região Metropolitana (veja no gráfico). No âmbito do vestuário, o economista- chefe da CDL Porto Alegre cita o aumento da circulação de pessoas como um dos fatores que explicam esse movimento:
– Com a volta dos eventos sociais, as pessoas estão buscando novamente (os produtos).
Brasil
No país, o IPCA subiu 1,25% em outubro, o maior valor para o mês desde 2002, quando o índice foi de 1,31%. No acumulado do ano, o índice registra variação de 8,24%. Já no período de 12 meses, ficou em 10,67%.
Fonte: Jornal Zero Hora – Edição impressa