O que esperar da economia em 2021?
30
DEZEMBRO, 2020
Notícias
O ano de 2020 foi marcado por uma notável reversão de expectativas. Embora as projeções em janeiro não acusassem crescimento expressivo, a tendência era de aceleração do processo da retomada da atividade frente ao período entre 2017 e 2019. No entanto, os impactos da pandemia determinarão queda de -4,4% do PIB nacional, segundo o Relatório FOCUS. Os prognósticos de momento apontam para a devolução de parte dos prejuízos em 2021, porém há incertezas no horizonte.
Nesse sentido, é importante elencar os vetores positivos e os obstáculos para os próximos 12 meses. Os elementos do primeiro grupo são:
- Juros ainda baixos: apesar do início aguardado do ciclo de alta entre junho e agosto, a Taxa SELIC deve permanecer deprimida para nossos padrões. Logo, setores ligados ao comportamento do crédito, como o imobiliário e o de veículos, se beneficiarão desse cenário;
- Efeito benigno das vacinas para a COVID-19: a imunização parcial ajuda a melhorar o sentimento dos consumidores e dos empresários com relação ao futuro;
- Uso da poupança acumulada em 2020 para financiar gastos: nem todos os recursos ofertados pelo governo foram desembolsados pelas famílias. Somente a caderneta captou R$ 161 bilhões entre março e novembro. Esse montante será fonte essencial para a aquisição de bens e serviços;
- Ampla liquidez internacional: diversos bancos centrais ao redor do mundo injetaram quantidades abundantes de moeda, como forma de amenizar a recessão. Esse quadro é especialmente favorável aos emergentes, dada a promessa de sustentação desse patamar em uma longa janela de tempo.
Por sua vez, os principais desafios são:
- Equilíbrio das contas públicas: o Brasil, que já tinha um nível de endividamento estatal muito maior do que seus pares antes da atual crise, promoveu expansão fiscal superior ante esse conjunto de nações. Portanto, é fundamental aprovar medidas de contenção de despesas, incluindo a PEC Emergencial e a reestruturação das carreiras do funcionalismo;
- Consenso para as reformas: além da busca pela estabilidade no âmbito macroeconômico, é indispensável estimular o aumento da produtividade, via modernização da legislação tributária e novas privatizações / concessões;
- Mercado de trabalho deteriorado: no trimestre entre agosto e outubro em comparação com igual época de 2019, cerca de 9,7 milhões de pessoas perderam suas ocupações (formais e informais). Quanto maior o prazo de afastamento da mão de obra dos seus respectivos ofícios, mais difícil é sua posterior reinserção;
- Situação das firmas sem o amparo da União.
Conforme explicitado no último artigo, existe um número contratado para o PIB do Brasil em 2021, da ordem de 2 pontos percentuais, fruto da base diminuta. O restante, em torno de 1,4 a 1,5 ponto percentual, está atrelado a uma dinâmica semelhante à verificada entre 2017 e 2019, ou seja, uma recuperação lenta e gradual.
No caso específico do Rio Grande do Sul, a previsão é de avanço mais forte do que a média das Unidades da Federação após o duplo choque negativo, que combinou as restrições ao funcionamento dos negócios à estiagem da safra de grãos. De acordo com a FIERGS, depois da retração de -6,8% em 2020, a perspectiva é de +4,0% para 2021. Contudo, a elevação depende das consequências da La Niña sobre o campo.
*Conteúdo exclusivo – Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA
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Veja também:
- Análise e perspectivas para o PIB do Brasil
- Qual o impacto da COVID-19 sobre a inflação?
- Como a pandemia afetou o consumo e a prestação de serviços?