As vantagens do Cadastro Positivo no cenário econômico atual
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AGOSTO, 2020
Notícias
Boa Vista Serviços, parceira de negócios da CDL Porto Alegre, esclarece as vantagens do sistema
Em uma transmissão ao vivo no Youtube, nesta quarta-feira (26), a Boa Vista Serviços – parceira de negócios da CDL Porto Alegre – mostrou como o Cadastro Positivo poderá ajudar na recuperação das empresas e dos consumidores após a crise provocada pelo coronavirus. Com mediação da gerente de produtos da Boa Vista, Gabriela Peres, e a participação do diretor de produtos, Alexandre Xavier, e do economista-chefe, Flávio Calife, os especialistas responderam às principais perguntas da audiência e utilizaram alguns exemplos internacionais para esclarecer como se dará o processo de maturação do Cadastro Positivo no Brasil.
O Cadastro Positivo
Em 2011, houve uma primeira versão do Cadastro Positivo no Brasil. Na ocasião, os consumidores deveriam optar por ter seus dados incluídos na plataforma, o que é chamado pelos especialistas de ‘opt in’, o que não foi muito efetivo, com baixa adesão. Em 2016, o tema voltou à discussão. E, em 2019, por meio da Lei Complementar 166, entre outras mudanças, adotou-se a modalidade ‘opt out’, quando o consumidor ou a empresa estão automaticamente cadastradas e, ao optarem por sair, devem se manifestar. A Boa Visa é uma das gestoras de banco de dados homologadas pelo Banco Central que, desde então, já oferta produtos para a análise de crédito de pessoas físicas e jurídicas considerando informações de Cadastro Positivo.
Quais são as vantagens do uso do Cadastro Positivo versus a análise do crédito já habituais?
O diretor de produtos da Boa Vista, Alexandre Xavier, destaca que no modo mais tradicional de análise de crédito, com os dados negativos, o credor fica sabendo dos eventos ruins e desconsidera os sucessos do processo. No Cadastro Positivo, é possível entender como esse consumidor se relaciona com o crédito. Os sucessos ajudarão aos concedentes de crédito na tomada decisões melhores. Hoje, também é muito difícil definir a capacidade de pagamento, o Cadastro Positivo ajudará, de forma muito importante, a estabelecer melhor os limites de crédito.
Em geral, as empresas são conservadoras em relação aos limites crédito e à utilização dos dados do Cadastro Positivo, por isso o sistema poderá ajudá-las a aumentá-los, o que representaria, inclusive, um aumento no PIB do País.
Sobre a questão, o economista-chefe da Boa vista, Flávio Calife, ressalta que, no delicado momento de crise, os formatos existentes de concessão de crédito deixarão de funcionar. Por sorte, o mercado de crédito conta, agora, com novas informações, que não tinha antes, e que ajudarão na construção de novos modelos.
Calife lembra que o Cadastro Positivo no Brasil faz parte de importantes mudanças institucionais no mercado de crédito. No final dos anos 1990 e início dos anos 2000, a quantidade de crédito no Brasil era de aproximadamente 20% do PIB e hoje representa cerca de 50% (R$ 3,6 trilhões), ainda sem os efeitos do Cadastro Positivo, que acabou de começar.
As mudanças institucionais no mercado de crédito foram evoluindo nas últimas décadas. Alguns exemplos foram a alienação fiduciária, do mercado de crédito imobiliário, e o crédito consignado. Hoje, a junção destas modalidades de crédito representa mais da metade do crédito para pessoa física no Brasil, antes, o segmento representava menos de 3% no País. A evolução vem com a lei das falências, em 2005, lei dos consórcios, em 2008, e, na sequência o Cadastro Positivo. O economista ressalta que ocorrerão, ainda, muitos movimentos que irão incrementar mais ainda o mercado de crédito, como os pagamentos instantâneos e os ‘open bank’.
Muitos estudos vêm mostrando que os efeitos do Cadastro Positivo para o Brasil trarão a redução do risco, e as experiências internacionais mostram que, na média, a inadimplência cai cerca de 40%, o que é bastante. Para Calife, “esse dado é muito importante, porque, a inadimplência no Brasil já caiu bastante em relação ao que era, mas só é possível atingir patamares internacionais, por volta de 3%, se houver mudanças importantes estruturais, como a do Cadastro Positivo”.
Segundo o economista, a partir do Cadastro Positivo, serão introduzidas cerca de 25 milhões de novas pessoas no mercado de crédito, são indivíduos, por exemplo, não bancarizados. O incremento no PIB será de cerca de R$ 1,3 trilhão, ou seja, um terço a mais do que se tem hoje. Pode acontecer, em momentos que não são de crise, um aumento de até 0.5% no PIB de um País, durante muitos anos, com o Cadastro Positivo. A partir do Cadastro Positivo, podem ser gerados novos indicadores sobre o mercado, como os já divulgados pela Boa Vista;
Como funciona o Cadastro Positivo
A gerente de produtos, Gabriela Peres, destaca que os dados processados nos bancos de dados do Cadastro Positivo não são abertos, há uma interpretação transmitida em scores. Hoje, para compor o Cadastro Positivo, os bureaux de crédito recebem informações bancárias, como financiamentos e cartões de crédito. Estas informações darão muita visibilidade às pessoas fora do sistema financeiro e em busca de crédito. Sempre que recebe um dado novo, a adaptação é simples e automática, e os dados trafegam de forma muito transparente, garante.
O envio de dados ao Cadastro Positivo é obrigatório?
Existe uma necessidade de envio de informações ao Cadastro Positivo, mas não há uma sanção legal caso não ocorra. Receber informações dos bancos foi mais fácil, por serem regulados pelo Banco Central, e aos poucos novas informações irão compondo e enriquecendo o banco de dados. Em experiencias estrangeiras, é possível constatar que as empresas que compartilham seus dados com o Cadastro Positivo têm melhor adimplência. As empresas, inclusive, têm interesse em divulgar que dividem seus dados.
Sobre a divulgação das regras do Cadastro Positivo, os especialistas destacam que nem todas as pessoas estão a par, entretanto, é papel da Boa vista compartilhar esta informação. Todo o comércio que vende a crédito é usuário das informações, e o consumidor será beneficiado pelo cadastro. Calife defende que ter o nome no Cadastro Positivo é muito mais benéfico do que prejudicial. É um comportamento de pagamentos que separa melhor os bons dos maus pagadores e premia os bons pagadores com condições melhores. A ideia é dar mais poder para o que paga melhor as suas contas.
Calife acredita não ser necessária uma sanção para que as empresas compartilhem suas informações de pagamentos. É assim na maior parte dos países. Segundo ele, o BC tem ouvido bastante o mercado, antes de montar as regras e espera o bom-senso para entendimento do benefício. O Cadastro Positivo é benéfico para todo o ecossistema.
O score é a única ferramenta do cadastro positivo?
O score não é único instrumento, mas é o melhor para codificar tudo em uma pontuação, isso faz dele o melhor produto. Entretanto, se o consumidor autorizar, o credor poderá ver mais dados do seu cadastro. O score também irá afetar as formas de aferir renda. Há ganhos em termos de aprovação, e o limite melhora muito. Esses dois efeitos aumentam os ganhos para o credor. Calife lembra que nos Estados Unidos, por exemplo, o cidadão não consegue crédito sem o ter utilizado antes, e o histórico de pagamentos é mais importante do que a declaração de renda. Esta realidade influencia muito a forma como se consegue o crédito com mais assertividade, garante.
O Cadastro Positivo é um novo produto?
Sim, o Cadastro Positivo é um produto diferente dos já utilizados no mercado. São informações diferentes.
Qual é a diferença entre a Boa Vista e os demais players do mercado?
Segundo o diretor de produtos da Boa Vista, Alexandre Xavier, em princípio, se o score se faz a partir do dado, a diferença seria nenhuma. Mas, a distinção se dá na forma, na codificação e na análise destes dados. Assim, o valor se estabelece, com o capital intelectual, quem melhor extrair o dado. O dado não é competitivo, é a inteligência que se coloca nele. “Estamos dispostos para sermos confrontados. Testem, não acreditem em mim”, finaliza. O mesmo raciocínio vale para os indicadores econômicos. Qual indicador você gera? A função da Boa Vista é interpretar o mercado de crédito.
O Cadastro Positivo é democrático?
O Cadastro Positivo é bem inclusivo, garante Xavier. No Brasil, as empresas têm dificuldades enormes para tomar crédito. Agora, poderá usar o histórico de pagamento, isto democratiza muito o mercado. Essas informações não existiam, a única forma era olhar se o nome era negativado ou não. Hoje, se tem mais informação da empresa ou do consumidor. O Cadastro Positivo é fundamental para as empresas que estão se recuperando da crise. E, se estivesse mais maduro, seria muito melhor.
O Cadastro Positivo viola a Lei Geral de Proteção de Dados?
Ele não viola a LGPD, ele faz que os dados venham para os bancos de dados onde são tratados e codificados. Não há conflito, são complementares, pois os dados nunca trafegarão abertos. Inclusive, o cadastro negativa continua existindo com a LGPD. As informações se complementam.
Como funciona a saída do Cadastro Positivo?
A saída do Cadastro Positivo, ‘opt out’, pode ser feita a qualquer momento em qualquer entidade de crédito. É um direto do consumidor e das empresas. Mas, se for pedir um crédito e o concedente souber que a pessoa não tem as informações positivas disponíveis, pode ser prejudicial. O concedente terá menos informações. Para os especialistas, prejudica a avaliação de crédito, e a negativação vai continuar a existir. A inclusão no Cadastro Positivo é automática.
CDL Porto Alegre e Boa Vista
A CDL POA é parceira de negócios da Boa Vista e disponibiliza relatórios de inteligência analítica que trazem as informações do Cadastro Positivo para que as empresas possam melhorar suas políticas de risco, ampliando a oferta de crédito ao mesmo tempo em que reduzem a inadimplência e custos futuros com ações de cobrança.
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A CDL Porto Alegre reafirma seu compromisso em acolher as necessidades dos varejistas, auxiliando-os a transpor os entraves da disseminação do coronavírus. A Entidade tem a convicção de que a unidade do setor fará grande diferença neste momento tão delicado e de apreensão para todos. Com a atenção e a disponibilidade de cada empresário, para fazer a sua parte, o setor sairá ainda mais forte desta crise.