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JULHO, 2020
Notícias
Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

Duas mudanças nos números chamaram a atenção em relação aos últimos sete dias. Em primeiro lugar, a estimativa de recuo do PIB nacional para 2020 passou de -6,10% para -5,95%. Trata-se da terceira semana consecutiva marcada por uma despiora. Nesse sentido, o banco UBS, que melhorou sua expectativa de -7,5% para -5,5%, elencou algumas das razões que vão ao encontro dessa revisão.
1º) Prorrogação e efetividade do coronavoucher: o programa de auxílio emergencial para a manutenção dos rendimentos da camada mais pobre tem sido importante para dar suporte ao consumo das famílias;
2º) Diminuição das restrições à oferta: centros relevantes, como São Paulo e Rio de Janeiro, vêm reduzindo paulatinamente o distanciamento social. Esse afrouxamento já está repercutindo positivamente sobre a economia no curto prazo;
3º) Recuperação da China: o nível de atividade no país asiático cresceu +11,5% no segundo trimestre em comparação com o primeiro, após o ajustamento sazonal. Já ante igual período de 2019, a alta foi de +3,2%. Ambas as variações superaram aquilo que era aguardado pelo mercado. Essa aceleração da retomada tende a fortalecer nossas exportações de commodities;
4º) Corte da taxa de básica de juros: modificações na política monetária levam tempo até que seu pleno efeito se materialize. Logo, a extensão do ciclo de queda da Taxa SELIC, deflagrada em função da pandemia, deverá exercer sua parcela de contribuição para tornar as condições financeiras mais favoráveis, e, consequentemente, alavancar o emprego e a renda.
O outro destaque do Relatório FOCUS diz respeito ao resultado primário esperado para 2020 (de -11,0% para -11,6% do PIB). No nosso entendimento, essa deterioração se deve mais à contabilização de novos gastos públicos contratados para amenizar os impactos do coronavírus, e menos pelo lado da receita de impostos, dado o cenário de atenuação das perdas na produção de bens e serviços.
No tocante às demais variáveis, como inflação, Taxa SELIC e taxa de câmbio, não houve alterações significativas, tanto para 2020 quanto para 2021.
Confiança melhora novamente em julho, mas ainda permanece abaixo dos patamares pré-coronavírus
A sondagem prévia de maio, divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ocorreu entre 01 e 14 de julho, com 2.652 firmas e 1.000 cidadãos de todo o território nacional. Os resultados evidenciam que o Índice de Confiança Empresarial (ICE), composto pelos dados de quatro grandes setores (indústria, serviços, comércio e construção civil), e o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) devolveram mais uma parte das perdas de março e abril.
No primeiro caso, o incremento foi de 7,3 pontos (de 80,4 para 87,7). Já o segundo cresceu 4,8 pontos (de 71,1 para 75,9). Vale lembrar que “100” representa a neutralidade: valores menores em comparação à referência, por exemplo, denotam maior pessimismo.

As estatísticas de cada ramo apresentam dois subcomponentes: situação atual e expectativas. No que tange aos empresários, a avaliação dos dois componentes melhorou de forma parecida: de 72,6 para 79,5 pontos, e de 82,4 pontos para 90,4 pontos, respectivamente. Por sua vez, o vetor do momento presente se manteve praticamente estável para os consumidores (de 70,6 pontos para 71,3 pontos), enquanto a visão para os próximos meses subiu de 72,8 pontos para 80,1 pontos.
Conforme a tabela a seguir, nenhum segmento foi capaz de recuperar o estágio anterior à pandemia, em fevereiro. A categoria mais próxima desse feito é a da indústria de transformação, que repôs 85% da retração verificada entre março e abril, ao passo que o comércio devolveu restabeleceu apenas 62% do recuo.

Os números da confiança são condizentes com o processo de retomada da economia brasileira observado ao longo das últimas semanas, em linha com o relaxamento das medidas de distanciamento social em alguns centros.