A Reforma Tributária já é uma realidade e trará mudanças significativas para a operação do seu negócio nos próximos anos. Como empresário do varejo, é fundamental entender o que está por vir e, principalmente, como proteger o fluxo de caixa e a saúde financeira da sua empresa durante o longo período de transição.
Conheço os principais impactos da reforma e apresenta um plano de ação prático para garantir que sua empresa mantenha a vantagem competitiva e a estabilidade operacional.
IVA Dual e o Cronograma de Transição
A reforma substituirá cinco tributos atuais (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por apenas dois: o CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), adotando o modelo de IVA Dual (Imposto sobre Valor Agregado). A alíquota estimada para essa unificação está entre 26,5% e 28%.
O período de transição é um dos pontos mais críticos, estendendo-se de 2026 a 2033. Durante esse tempo, as empresas terão que operar com os dois sistemas simultaneamente, o que exige um alto nível de adaptação e investimento.
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Ano |
Mudança Principal |
Detalhe |
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2026 |
Início do Ano Teste |
Alíquota de 0,9% para CBS e 0,1% para IBS. |
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2027-2028 |
Cobrança da CBS |
Extinção do PIS e Cofins; Redução a zero da alíquota de IPI (exceto Zona Franca de Manaus); Instituição do Imposto Seletivo. |
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2029-2032 |
Transição de ICMS e ISS |
Aumento gradual da alíquota do IBS e redução gradual da alíquota do ICMS e do ISS. |
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2033 |
Vigência Integral |
Extinção total do ICMS, ISS e IPI, com vigência plena do novo modelo. |
Impactos Diretos na Operação do Varejo
Você, varejista, deve estar atento a quatro áreas de impacto imediato:
- 1. Mudanças no Fluxo de Caixa e Descasamento
O novo sistema altera a forma de cobrança dos impostos. Atualmente, os tributos são pagos sobre o faturamento, permitindo que o valor total da venda fique temporariamente no caixa da empresa, auxiliando nas despesas operacionais. Com a reforma, o imposto será cobrado na operação seguinte da cadeia.
Para empresas que realizam vendas a prazo, essa mudança pode gerar um descasamento evidente entre recebimento e desembolso. A empresa receberá o valor já líquido em cada recebimento, o que representa uma redução imediata do caixa disponível para custear as operações diárias.
- 2. Fim da Cumulatividade e a Gestão de Créditos
O novo sistema promete o fim da cumulatividade, mas exige controle rigoroso sobre os créditos tributários. Você poderá aproveitar créditos decorrentes de pagamentos de tributos ocorridos durante a cadeia de consumo, mas a falta de controle pode levar à perda de dinheiro.
- 3. Aumento da Carga Tributária para Alguns Setores
A unificação dos tributos em um IVA com alíquota única (estimada em 26,5% a 28%) pode aumentar o custo para prestadores de serviços. Dependendo do seu ramo de atividade no varejo, a carga tributária efetiva pode aumentar, reduzindo sua margem de lucro e a disponibilidade de caixa.
- 4. Complexidade e Custo da Transição
Operar com dois sistemas simultâneos por até seis anos é um desafio. A implementação do novo sistema exigirá investimentos em tecnologia, treinamento e adaptação, o que pode aumentar o orçamento, especialmente para pequenas e médias empresas.
Plano de Ação: 6 Estratégias para Proteger Seu Negócio
A chave é o planejamento estratégico. Empresas que se anteciparem terão uma vantagem competitiva.
- 1. Mapeie Seu Fluxo Tributário Atual
- Revise processos de emissão de nota fiscal, apuração e escrituração fiscal.
- Analise o que você paga atualmente (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS).
- Identifique sua alíquota efetiva total e projete cenários com as novas alíquotas estimadas.
- 2. Fortaleça Seu Capital de Giro
- Reserve recursos para cobrir possíveis descasamentos de caixa.
- Renegocie prazos com fornecedores e clientes, se possível.
- Considere linhas de crédito preventivas.
- 3. Revise Seus Sistemas de Gestão
- Verifique se seu sistema está preparado para a transição.
- Garanta que você conseguirá rastrear e aproveitar todos os créditos tributários.
- Invista em tecnologia se necessário, garantindo que todos os sistemas (vendas, estoque, financeiro e fiscal) estejam integrados para uma comunicação fluida de dados.
- 4. Ajuste Sua Precificação
- Recalcule seus preços considerando o novo cenário tributário.
- Avalie a competitividade dos seus produtos/serviços.
- Reavalie condições comerciais e renegocie contratos, considerando os impactos da tributação e dos custos logísticos.
- 5. Capacite Sua Equipe
- Treine seu departamento financeiro, contábil e jurídico.
- Mantenha-se informado sobre as regulamentações que ainda virão.
- Avalie a possibilidade de contratação de consultoria especializada.
- 6. Planejamento Estratégico e Monitoramento
- Estabeleça um cronograma até 2033.
- Forme um comitê interno e mantenha sócios e *stakeholders* informados.
- Monitore e audite regularmente a sua operação, pois a integração entre as áreas é fundamental para uma boa transição.
Use o Tempo a Seu Favor
A Reforma Tributária é inevitável, mas o período de transição é longo justamente para permitir que você se prepare. Não deixe para a última hora. Converse com seu contador e monte um plano de ação para sua realidade. Os impactos no seu negócio podem ser gerenciados com planejamento adequado.
E para auxiliar na transição, a CDL Porto Alegre realiza, na quinta-feira (27), o CDL POA Talks – Reforma Tributária em foco: o que esperar entre 2026 e 2033.
O evento gratuito será ministrado por Fernanda Vaz Luft, procuradora-geral do Município de São Leopoldo e única representante da esfera municipal gaúcha a integrar o grupo de especialistas federais e estaduais que colaboraram na construção do formato final da reforma.
O evento é gratuito e tem vagas limitadas. Ele acontece na sede da CDL POA (Av. Júlio de Castilhos, 377, 3ºandar), às 16h. As inscrições podem ser realizadas pelo site do evento.