O Banco Central divulgou há pouco a Ata da última reunião que definiu pelo aumento da Taxa de Juros SELIC para 8% a.a., de forma unânime pelo comitê responsável.
O comunicado informa que a inflação em nível elevado, e aumentos dispersos na maioria dos produtos, contribuíram para acelerar o processo de ajuste e, portanto, para um aumento maior da taxa de juros.
Nas palavras da instituição:
“Tendo em vista os danos que a persistência […] (da inflação) […] causaria […] (ao) […] consumo e investimentos, faz-se necessário que, com a devida tempestividade, o mesmo seja revertido”.
Quanto às perspectivas para os próximos meses, a instituição entende que:
- a demanda no Brasil deve se manter aquecida nos próximos meses;
- políticas de incentivo tomados pelo governo em 2012 ainda devem impactar a economia por alguns meses;
- o balanço do governo ainda aponta expansão dos gastos públicos;
- a recuperação da confiança dos empresários aponta recuperação dos investimentos.
Por fim, o Banco Central entende que essas perspectivas apontam para uma tendência de elevação da inflação no curto prazo e, nesse caso, conclui ser necessário manter-se atento a novas mudanças para definir os próximos passos.
A próxima reunião do Banco Central sobre a taxa de juros será dias 09-10/julho.
Considerações da Assessoria Econômica
Se considerássemos apenas as perspectivas do Banco Central para os próximos meses e sua intenção de cautela na condução da Política Monetária seria razoável esperar a taxa de juros fechando em 8,25% a.a. até o final de 2013, em linha com o que espera o mercado segundo o Relatório Focus.
Entretanto, nos últimos anos o comportamento do Banco Central foi errático, sem parecer ter uma meta clara de onde pretende chegar e, com isso, seu comportamento tornou-se muito difícil de prever.
Durante os anos de 2011 e 2012 a instituição afirmou trabalhar para que a inflação convergisse para o centro da meta (4,5%) no longo prazo. Contudo, quando os dados apontaram serem prudentes leves aumentos na taxa de juros para trazer a inflação para baixo a instituição não tomou esse caminho.(em % a.a.; em var. % acumulada em 12 meses – respectivamente)
Fonte: Banco Central do Brasil; IBGE. Elaboração: AE/CDL POA.
Ao contrário, parecia que o Banco Central trabalhava com uma meta de inflação “alternativa”, perto de 6%, porém sem comunicar isso claramente.
Isso é um problema pois o combate à inflação através da Política Monetária é mais eficiente quando:
- o Banco Central deixa claro qual o seu objetivo;
- e conjuntamente toma decisões para que isso aconteça, sempre de acordo com os dados.
Quando isso ocorre os agentes podem se planejar e tomam suas decisões esperando a inflação com que o Banco Central se comprometeu.
Quando isso não ocorre, os agentes tomam decisões tentando proteger seus ganhos. Como resultados temos que:
- em mercados mais concentrados os fornecedores repassam mais inflação para as empresas;
- negociações de salários exigem mais inflação antes dela ocorrer, o que aumenta custos e reduz margens.
Sendo assim, entendemos ser prudente esperar a divulgação dos novos dados sobre o andamento da economia e da inflação para fazer qualquer projeção sobre a taxa de juros.