Quais os impactos econômicos do protecionismo comercial dos Estados Unidos? - CDL POA

Quais os impactos econômicos do protecionismo comercial dos Estados Unidos?

O segundo mandato de Donald Trump à frente da Presidência dos EUA tem sido marcado pela série de restrições ao comércio com outras nações. Chama a atenção tanto a abrangência das medidas quanto as mudanças constantes nos parâmetros que balizam as trocas.

Antes do anúncio que retirou os produtos de tecnologia (smartphones, computadores, etc.) da lista de sobretaxas, a tarifa média de importação aplicada pelos Estados Unidos alcançou 24%, de acordo com as estimativas da Bloomberg Economics. O número representa um aumento de 22 pontos percentuais desde o início do novo ciclo político em janeiro, remetendo a patamares inéditos em mais de um século.

O chefe do Executivo defende que o objetivo é promover a reindustrialização do país através da redução dos déficits no âmbito do setor externo. Cabe ressaltar que não há problema de Balanço de Pagamentos: os sucessivos rombos nas transações correntes são financiados pela entrada de capitais relativos a investimentos diretos e em portfólio. Ademais, o dólar ainda é moeda de reserva global.

Do ponto de vista das contas nacionais, as importações são subtraídas para fins de apuração do PIB. No entanto, diversos dos itens comprados do exterior fomentam a agregação de valor não só para o consumo interno como de exportações em um momento futuro.

Em manifestação recente, John Williams, diretor do Federal Reserve de Nova York, afirmou que o PIB americano deve desacelerar consideravelmente em 2025, provavelmente para algo inferior a +1,0%, lembrando que o crescimento atingiu +2,8% em 2024. No seu entendimento, a taxa de desemprego gravitará entre 4,5% e 5,0% (atualmente em 4,2%) e a inflação entre +3,5% e +4,0% (hoje em +2,5%, conforme o PCE). A incerteza no horizonte é relevante, pois ações judiciais, possíveis negociações com parceiros e estímulos governamentais são capazes de mitigar parte das consequências.

No que se refere ao Brasil, julgamos que o choque tarifário é um vetor de baixa para o nível de atividade e para os preços. Nesse último caso, o efeito da depreciação cambial não é suficiente para compensar os desdobramentos do recuo do comércio internacional e da cotação das commodities. O fenômeno pode colaborar para que o COPOM eventualmente antecipe os cortes da Taxa SELIC, embora um movimento brusco de quedas não seja aguardado em virtude do comportamento do IPCA efetivo e de suas expectativas.

Enquanto o vaivém protecionista continuar, a volatilidade tende a imperar, o que traz prejuízos não somente para os EUA, mas para todo o mundo.

Data

16 abril 2025

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