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Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

Projeções para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)

Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (01/11/2024). *Mediana. | Elaboração: AE/CDL POA.

O IGP-M previsto para 2024 apresentou piora relevante (de +4,57% para +5,35%). Acreditamos que a mudança reflete o efeito da leitura oficial de outubro, de modo que a majoração (+1,52%) excedeu, e muito, o consenso entre os respondentes que enviaram seus prognósticos ao BC (+0,94%). Conforme a FGV, o subíndice do atacado registrou forte aceleração (de +0,70% para +1,94%), lembrando que seu peso para o indicador é de 60%. As commodities figuraram entre os destaques negativos, incluindo bovinos, minério de ferro e soja. Nos dois últimos casos, apesar da queda das cotações internacionais, a desvalorização cambial contribuiu para o aumento.

Houve novas rodadas de apreciação do Dólar em comparação com o Real recentemente, causadas, entre outras razões, pelas incertezas fiscais. Convém ressaltar que o governo federal prometeu anunciar cortes de gastos após as eleições municipais de outubro, o que não ocorreu até o momento. Como resultado, os agentes revisitaram a taxa de câmbio esperada tanto no encerramento de 2024 (de R$ 5,45 para R$ 5,50) como para o fim de 2025 (de R$ 5,40 para R$ 5,43).

No que se refere ao nível de atividade, o PIB antevisto para 2024 avançou pela quarta oportunidade consecutiva (de +3,08% para +3,10%) e permaneceu em +1,93% para 2025. Ao longo da semana passada, tivemos a divulgação de termômetros do mercado de trabalho que corroboram com o quadro de aquecimento do emprego: (1) o saldo entre admitidos e desligados com carteira assinada em setembro (+247,8 mil) superou a mediana das estimativas obtida pelo Valor Pro (+225 mil); (2) a taxa de desocupação medida pela PNAD no terceiro trimestre atingiu 6,4% – mínima para o período de toda a série histórica, iniciada em 2012. Embora positivas para os dispêndios das famílias, as evidências sugerem maior dificuldade na busca pela acomodação dos preços.

Já as expectativas para o IPCA em 2024 (de 4,55% para 4,59%) e 2025 (de +4,00% para +4,03%) subiram pela quinta e terceira vez seguidas, respectivamente. Entre as hipóteses capazes de explicar o movimento estão: (1) crescimento do PIB acima do patamar considerado sustentável; (2) impacto do enfraquecimento da moeda brasileira sobre o custo dos importados e limitação da concorrência com similares domésticos; (3) repasse, ainda que imperfeito e defasado, das pressões no âmbito do produtor para o consumidor.

Em virtude da perspectiva de deterioração do poder de compra do Real, a Taxa SELIC terminal (aquela que marcará a conclusão do ciclo de alta em curso) passou de 12,00% para 12,50% em meados do ano que vem (4ª reunião do COPOM, a ser realizada entre 17 e 18 de junho). Em dezembro de 2025, o balizador saiu de 11,50% para 11,75% ao ano.

Análise da PNAD e do Novo CAGED – setembro de 2024

→ A taxa de desemprego no Brasil passou de 6,6% no trimestre móvel encerrado em agosto de 2024 para 6,4% no trimestre com término em setembro;

• Número veio abaixo do consenso entre os especialistas sondados pelo Broadcast+ (6,5%);

• É o menor resultado no referido período em toda a série histórica, iniciada em 2012;

→ No que concerne à massa de salários reais no conceito efetivo, o incremento de +7,7% sobre 2023 ainda é bastante expressivo, apesar da perda de tração desde o pico recente atingido no segundo trimestre (+9,5%);

Novo CAGED

→ A diferença entre recrutamentos e desligamentos formais totalizou 247,8 mil para o Brasil;

• Dado superou a mediana das estimativas colhidas pelo Valor Pro (+225,0 mil);

As novas leituras reforçam a tendência de que as despesas das famílias continuarão sendo cruciais para a expansão do produto no curto prazo. No entanto, a escassez de funcionários acirra a disputa pelo lado das firmas e, consequentemente, causa pressões inflacionárias através dos aumentos substanciais dos rendimentos. Esse vetor, aliado ao impulso fiscal, às questões climáticas e aos efeitos da depreciação da taxa de câmbio dificultam o processo de convergência do IPCA rumo à meta de 3,0%. Logo, o cenário prescreve a elevação dos juros para conservar o poder de compra da moeda.

Detalhamento do Novo CAGED para o Rio Grande do Sul

  O saldo melhorou significativamente ante o mesmo intervalo de 2023 (+10.238 contra +825);

Saldo do CAGED – por CNAE 2.0 – Rio Grande do Sul
(em unidades)

Fonte: Ministério do Trabalho. Elaboração: AE/CDL POA.

→ O fenômeno decorre da base de comparação diminuta herdada pelos recuos dos meses de maio e de junho em 2024 em função das enchentes;

• A despeito dos ganhos verificados desde então, existe um déficit de 3.071 vagas para abril (antes das inundações);

• É importante lembrar que o emprego costuma reagir com defasagem aos ciclos econômicos graças aos custos de admissão e demissão impostos pela legislação;

• Ademais, a medida de preservação dos vínculos oferecida pela União para o RS não só demorou para entrar em vigor como se mostrou insuficiente;

No que tange ao RS, é possível notar que a arrecadação de ICMS, que guarda conexão com o desempenho do nível de atividade, abrandou sua variação nominal em setembro no confronto com igual janela de 2023 (+8,8%) em relação com o ocorrido em julho (+14,1%) e agosto (+25,1%). Já o montante registrado pelas Notas Fiscais Eletrônicas emitidas no estado, envolvendo as vendas B2B (entre empresas) e B2C (da empresa para a demanda final) permaneceu praticamente estável entre agosto e setembro pelo levantamento da Secretaria da Fazenda. Tais fatos constituem evidências de que o uso dos recursos injetados para a recuperação após os alagamentos pode estar chegando próximo ao fim. Cabe ressaltar que uma parcela relevante da retomada aconteceu por conta da antecipação de consumo, fruto do adiantamento de determinados benefícios pagos pelo governo.

Conjuntura atual dos Estados Unidos e perspectivas para os juros

O presente documento visa traçar uma breve análise dos indicadores recentes dos EUA e suas possíveis repercussões para o futuro da taxa básica de juros (fed funds).

Inflação – PCE de set/24:

→ Convém ressaltar que o núcleo (recorte que procura excluir itens tipicamente voláteis, como alimentos e energia) é a medida preferida de preços por parte do Federal Reserve (Banco Central dos EUA);

• Nesse caso específico, a elevação mensal atingiu +0,3%, resultando na manutenção de +2,7% na métrica anual (consenso entre os especialistas sondados pela LSEG acusava +2,6%);

Mercado de trabalho – payroll de out/24:

→ O saldo entre admitidos e desligados com carteira assinada (+12.000) veio bem abaixo da expectativa de criação líquida de +110.000 obtida junto aos agentes entrevistados pela Dow Jones;

• Ademais, as leituras de agosto e setembro sofreram uma revisão responsável pela subtração de 112 mil vínculos;

→ É importante lembrar que o número acabou impactado por fatores temporários, em virtude da passagem de furacões e também de greves, com destaque para a paralisação na Boeing;

• De acordo com o Bank of America, as distorções supracitadas causaram a destruição de, pelo menos, 50 mil vagas;

• Já as contratações do governo por conta do processo eleitoral geraram uma contribuição positiva de 25 mil;

→ Por sua vez, a taxa de desocupação permaneceu em 4,1%, ou seja, ainda inferior em comparação com o patamar que equilibra a oferta e a demanda por mão de obra (4,4%, conforme o CBO);

Quais as implicações para a política monetária?

→ Na nossa visão, a economia americana continua emitindo sinais de resiliência;

• O PIB do terceiro trimestre de 2024 aumentou +2,8% (taxa anualizada) contra o segundo na série com ajuste sazonal. Embora levemente aquém das projeções de +3,0%, o crescimento seguiu expressivo, com proeminência do consumo das famílias (de +2,8% para +3,7%);

→ Logo, entendemos que o quadro como um todo prescreve a sequência do ciclo de queda das fed funds, porém em um ritmo de -0,25 ponto percentual, diferindo, portanto, do movimento inicial de baixa realizado em setembro (-0,5 ponto percentual).

Data

05 novembro 2024

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