Os últimos dias do mês e os primeiros do seguinte, antes do pagamento do salário, coincidem com o período de preços mais baixos e promoções.
O consumidor que rganizar o orçamento doméstico de modo a não ficar sem dinheiro no período entre os dias 20 de um mês e 5 do seguinte pode tirar proveito de preços mais atrativos no comércio.
No mercado de horgranjeiros, por exemplo, o comparativo semanal da Ceasa, divulgado nesta quarta-feira, aponta 17 produtos em baixa e 14 estáveis – apenas quatro registraram alta na comparação com a semana anterior. A queda nos preços, conforme a análise, dá conta de que esta foi uma semana de grande retração na aquisição de hortigranjeiros.
Mais produto na prateleira e menos procura ocasionam, neste caso, queda no preço.
– Nos dias em que tem bastante produto e pouca procura, o produtor baixa o preço, ou tem que levar de volta. Agora, quase tudo está mais barato – observa o feirante Jorge Pires, 54 anos.
Em sua banca, a alface, por exemplo, está mais barata também porque cai o consumo no inverno. O pé passou de
R$ 2 para R$ 1,50.
Ginástica para o dinheiro durar
Nos úftimos dias do mês, a funcionária pública Vera Tavares, 50 anos, costuma reduzir os produtos mais caros da lista de compras. Na quarta, ela fazia compras na feira do Leopoldina, onde encontrou preços mais baixos.
– A gente faz a ginástica para o dinheiro durar até o final do mês – explica.
Segundo a Associação Gaúcha de Supermercados(Agas), de um ano para cá, os consumidores estão optando por fazer uma compra de maior volume no começo do mês – quando geralmente há promoção de itens básicos, como leite, para atrair o cliente que está com dinheiro. Depois disso, fazem compras menores, jogando com o orçamento. Neste período, há mais promoções de supérfluos no supera.
Período em que é mais fácil negociar
O diretor de Sustentabilidade da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Porto Alegre), Rafael Wainberg, também confirma que, historicamente, a última semana do mês e a semana seguinte são as de menor venda. As metas dos vendedores, inclusive, são reduzidas no período por conta disso. O único mês em que isso não acontece é dezembro, por conta do 13° salário e das compras de Natal.
– O consumidor paga as obrigações, garante o que precisa para suprir a família e, por último, vêm os bens de consumo. E aí essa demanda cai. E uma tendência
comportamental – diz o diretor, sem precisar percentuais por conta da diversidade de segmentos.
Segundo Rafael, neste período, o lojista está mais aberto a realizar promoções, a renegociar dívidas, aumenta a flexibilidade na forma de pagamento, e há até a possibilidade da distribuição de brindes.
– E quando colocamos os produtos em promoção na porta, mudamos as vitrines, para pegar quem passa, aquela compra por impulso. Têm clientes que já sabem disso e vêm neste período – afirma Rafael.
Em outras áreas, não é diferente a queda na procura. O presidente do Sindicato dos Taxistas, Luiz Nozari, explica que do dia 20 até o dia 5 do mês seguinte é a entressafra para o serviço de táxi, com queda de 30% a 40% na quantidade de corridas. Mas o valor pelo serviço, por ser tabelado, não muda nesta época.
PROMOÇÕES QUE FISGAM
Na loja de bolsas onde Olga Kessler trabalha, no Centro, diariamente mudam os produtos que estão em promoção na entrada do comércio. A estratégia ajuda a chamar a clientela.
– Fazemos a mudança porque a promoção chama. Não podemos deixar o cartaz “Só hoje” no mesmo produto por três ou quatro dias porque o cliente percebe – observa.
A microempresária Geciane Antunes, 27 anos, e as amigas vieram de Sertão Santana e Barão do Triunfo, na região Centro-Sul do Estado, para aproveitar as promoções.
– Essa é a melhor época do mês para comprar! Chegando na loja, a gente descobre que tem desconto no cartão, que parcela, não precisa dar entrada – diverte-se Geciane.
Já a amiga Eliete de Deus Vasques, 22 anos, economizou para fazer as compras. Comprou, inclusive, o vestido da formatura. A vendedora Juliane Vasques também não resistiu às promoções e saiu cheia de sacolas para a filha Kauane, dez anos.
– Compramos mais por impulso! confessou Geciane.
Pechincha é para quem pode
Como recebe o pagamento mais seguido, por realizar faxinas de segunda a sábado, a diarista Salete Lorenço, 42 anos, consegue aproveitar as promoções. As contas do mês, como água, luz e telefone, ficam com o marido, que trabalha na construção civil e recebe salário fixo.
– O miúdo fica comigo. Compro pão, leite, uma fruta.
Quando não dá para comprar um queijo, a gente deixa para mais adiante explica a consumidora, que não perde a oportunidade de pechinchar porque tem poder de compra.
Para a grana render
Em um papel, anote quanto ganha de um lado e ondeiem que gasta de outro. Saber para onde vai o dinheiro é fundamental para cortar excessos.
Viva dentro da sua realidade financeira.
O problema de quem empata o valor que ganha com o que gasta é a falta de uma reserva para o caso de um imprevisto. Uma dificuldade que surgir poderá desorganizar o orçamento por um bom tempo.
Compre o que precisa e quando precisa, e não apenas porque está em promoção.
Dicas do economista e consultor financeiro Éverton Lopes.