No entanto, levantamento realizado pela Fecomércio-RS aponta que o varejo gaúcho deve apresentar um aumento real de 2% a 3% nas vendas de artigos para o Dia dos Pais. A economista-chefe da entidade, Patricia Palermo, observa que a temperatura tende a modificar o perfil do consumo: “O frio favorece a procura por peças de vestuário e calçados, e também por vinhos, que por serem produtos de maior ticket médio, ajudam a alavancar o desempenho dos varejistas em termos de faturamento.” Mesmo assim, Patricia opina que a tendência para o primeiro mês e todo o resto do segundo semestre é de que as vendas evoluam em ritmo lento, a exemplo dos primeiros seis meses do ano. “Não acredito que até dezembro ocorra alguma mudança mais relevante neste desempenho”, admite.
Patrícia aponta duas variáveis ligadas à macroeconomia que podem limitar as vendas do comércio para o Dia dos Pais, em comparação com anos anteriores. Um desses fatores é a desaceleração do mercado de trabalho – com taxa de desocupação em seu mínimo histórico na Região Metropolitana de Porto Alegre (3,2% em abril). “Outro dado importante no desenho do cenário para o varejo é o nível de confiança das famílias gaúchas, que sofreu queda nos últimos meses, conforme pesquisas recentes da Fecomércio.” A economista ainda lembra que a alta da taxa básica de juros (Selic) – que impacta na tomada de crédito pelo consumidor – e a inflação “persistentemente alta”, acima da meta estipulada pelo governo federal, também são fatores negativos para as vendas.
Já o presidente da Associação Gaúcha do Varejo (AGV), Vilson Noer, garante que
lojistas do Interior estão mesmo comemorando a chegada do frio no Estado. “As baixas temperaturas vão contribuir muito para vender produtos que estão parados nas lojas, o que eleva a projeção de vendas. Julho deve fechar com 8,5% acima do que o mesmo período de 2013”, estima o dirigente, lembrando que este índice é nominal. “O aumento real deve ser de 2,5%”, pondera.
Também o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-RS), Vitor Augusto Koch, acredita na recuperação dos negócios no período que antecede o Dia dos Pais e faz coro ao fato de que as temperaturas mais baixas poderão ajudar a potencializar o desempenho. “A estimativa é de 3,5% de crescimento nas vendas, na comparação com o mesmo mês em 2013.” Koch lembra que o fato das temperaturas demorarem a cair fez com que sobrassem produtos nos estoques. “Isso explica os descontos reais de 40% a 70% que já começam a ocorrer nas liquidações de agosto”, emenda o presidente da CDL-POA.