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Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

Projeções para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)
Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (04/10/2024) *Mediana. | Elaboração: AE/CDL POA.

A presente edição não apresentou novidades relevantes em virtude da agenda fraca de indicadores. No tocante ao PIB de 2024, a estimativa permaneceu em +3,0%. Ao longo da semana passada, o IBGE divulgou que o volume de manufaturados do parque fabril em agosto registrou majoração de +0,1% em relação a julho, na série com ajuste sazonal. O resultado veio em linha com o consenso entre os especialistas sondados pelo Valor Data. Já o PMI Composto calculado pela S&P Global – termômetro que congrega a atividade da indústria e dos serviços (sem o varejo) – avançou de 52,9 pontos em agosto para 55,2 pontos em setembro. Cabe ressaltar que números acima de 50 denotam expansão no confronto com o período imediatamente anterior. Esse, portanto, é um sinal de resiliência do desempenho no terceiro trimestre e que contribui para a formação de um viés ascendente para o PIB de 2024. Em 2025, o prognóstico exibiu pequeno incremento (de +1,92% para +1,93%).

Não houve alterações da Taxa SELIC antevista para o encerramento de 2024 (11,75% ao ano) e 2025 (10,75% ao ano). Por sua vez, a previsão para o índice oficial de preços (IPCA) mostrou leve acréscimo nos últimos sete dias (de 4,37% para 4,38%), enquanto para 2025 seguiu em 3,97%. Em contrapartida, a taxa de câmbio computada para o término de 2024 continuou em R$ 5,40, ao passo que para o fim de 2025 subiu de R$ 5,35 para R$ 5,39.

O grande destaque em nível nacional envolveu o aumento do rating (nota) soberano do Brasil por parte da agência internacional de risco Moody’s. Agora, estamos apenas um estágio abaixo do chamado “grau de investimento”, o que facilitaria o acesso a crédito para empréstimos com custos inferiores. Além disso, a perspectiva é positiva, de modo que no horizonte de 6 a 12 meses poderemos obter a distinção. O órgão citou como justificativa a consolidação de diversas reformas postas em marcha por diferentes espectros políticos que acarretaram na aceleração do crescimento do produto. No que se refere ao fiscal, existe a aposta de que a imposição das regras do arcabouço propicie a estabilização da dívida como proporção do PIB no médio prazo, ainda que em patamares elevados. Vemos, no entanto, um quadro bastante desafiador para a concretização do cenário, sobretudo pela falta de disposição do governo em enxugar gastos e da ausência de um impulso significativo de fora das nossas fronteiras.

No que tange ao panorama externo, tivemos o payroll – importante monitor do mercado de trabalho americano – de setembro. O levantamento trouxe surpresas benignas: a geração de vagas formais superou o esperado (254 mil contra 150 mil), a taxa de desocupação caiu para 4,1% (expectativa era de manutenção em 4,2%) e os ganhos de salários atingiram +4,0% (analistas aguardavam 3,8%). Ademais, a criação líquida de postos com carteira assinada em julho, que à época causou um alvoroço junto aos investidores por conta da interpretação de que os Estados Unidos enfrentariam uma recessão iminente, sofreu forte revisão altista (de 89 mil para 144 mil). Dado o peso que o Banco Central dos EUA (Federal Reserve) atribui ao comportamento do emprego na condução da política monetária, entendemos como sendo mais provável que ocorra uma queda com intensidade menor da taxa básica de juros (de -0,50 para -0,25 ponto percentual) na reunião de novembro do FOMC.

Análise da PNAD e do Novo CAGED – agosto de 2024

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) – referência: trimestre móvel encerrado em agosto de 2024

→ A taxa de desemprego alcançou 6,6% no período – em linha com o piso das estimativas dos agentes sondados pelo Broadcast+;

• É o menor resultado já registrado para essa janela em toda a série histórica, iniciada em 2012;

→ Houve queda de 0,5 ponto percentual no confronto com o trimestre móvel fechado em maio;

• A população ocupada avançou +1,2% (equivalente a cerca de 1,2 milhão de pessoas);

• Embora a modalidade formal tenha apresentado incremento consistente (+0,8%, ou +317 mil), os informais galgaram +4,1% (+565 mil);

• Por sua vez, os desocupados diminuíram 6,5% (-502 mil pessoas);

→ Logo, a massa de rendimentos corrigida pelas variações nos preços exibiu alta 1,7% no conceito habitual e +1,8% no efetivo;

Novo CAGED – referência: agosto de 2024

→ A diferença entre recrutamentos e demissões com carteira assinada totalizou 232,5 mil para o Brasil, levemente abaixo, portanto, do consenso entre os especialistas consultados pela Reuters (+241,0 mil);

• É possível constatar que a majoração foi disseminada: serviços (+118,4 mil), indústria (+51,6 mil) e comércio (+47,8 mil);

Ambos os levantamentos confirmam o quadro de resiliência do emprego, fenômeno que seguirá colaborando para que os gastos das famílias continuem como o principal vetor do crescimento no curto prazo. Se, por um lado, a notícia é positiva para as perspectivas de expansão do nível de atividade, por outro suscita preocupações no tocante às pressões inflacionárias e, consequentemente, do esforço exigido pela política monetária para gerar a convergência do IPCA rumo à meta de 3,0%.

Detalhamento do Novo CAGED para o Rio Grande do Sul – referência: agosto de 2024

→ O saldo melhorou significativamente ante o mesmo intervalo de 2023 (+10.413 contra +2.431);

Saldo do CAGED – por CNAE 2.0 – Rio Grande do Sul
(em unidades)
Fonte: Ministério do Trabalho. | Elaboração: AE/CDL POA.

→ No entanto, é necessário contextualizar a estatística, fruto do processo de retomada após as enchentes;

• Apesar do ganho de agosto, ainda temos um déficit de 13.424 vagas em relação a abril (antes das inundações);

→ O acréscimo decorreu da conjuntura semelhante à de junho e julho, marcada pela disponibilidade de liquidez em virtude das ações adotadas pelo poder público e pelos bancos para estimular a demanda e a oferta como resposta à crise climática;

→ Entendemos que o programa do governo federal de preservação dos vínculos, não obstante insuficiente, também ajuda na composição dos números;

→ Porém, a recuperação têm sido mais lenta em comparação com a produção;

• Em julho, o IBC, termômetro da economia, ultrapassou o patamar de abril em +0,5%;

• Nossa tese para o descasamento diz respeito ao cenário complexo experimentado por vários setores intensivos em mão de obra, com destaque para os ligados ao turismo e ao lazer, como hospedagem, bares e restaurantes;

• Além disso, é importante lembrar a rigidez do mercado de trabalho provocada pelos custos envolvidos na admissão e na demissão;

→ No caso específico do varejo, os ramos essenciais (alimentos e farmacêuticos) se sobressaíram;

• Somados ao capital injetado e à incerteza, existem questões adicionais que contribuem para a renda, incluindo o comportamento dos salários e das transferências de recursos da União;

Mantemos o alerta quanto à sustentabilidade da dinâmica recente no RS, pois boa parte do movimento está sendo fomentada pela antecipação do consumo. É difícil precisar exatamente quando ocorrerá a acomodação. Todavia, alguma moderação deve acontecer, sobretudo no momento em que o dinheiro ora agendado para o futuro não entrar em circulação, ou no vencimento da carência dos empréstimos contratados pelos empreendedores.

Análise do IPCA-15 de setembro de 2024

→ A prévia da inflação oficial de setembro (IPCA-15) subiu +0,13%, ou seja, veio bem inferior em relação ao consenso de +0,30% obtido junto aos agentes sondados pela Reuters;

• De acordo com as aberturas existentes, a principal surpresa ocorreu no âmbito do setor terciário;

• Os “serviços subjacentes” – recorte que exclui componentes tipicamente voláteis, como as passagens aéreas – registraram variação nula, enquanto que a projeção acusava +0,31%. É o melhor resultado desde junho de 2020 (logo após o auge do distanciamento social em função do coronavírus);

→ Apesar da estatística benigna, julgamos que os fundamentos econômicos seguem apontando para um cenário desafiador envolvendo os preços:

1) As expectativas de mercado e do próprio Banco Central para o IPCA apresentaram deterioração ao longo de praticamente todo o horizonte relevante da política monetária nos últimos três meses e se afastaram da meta de 3,00%, a despeito do endurecimento da trajetória dos juros utilizada como premissa no exercício;

• No primeiro caso, a mediana das previsões do Relatório FOCUS entre 27 de junho e 26 de setembro exibiu majoração para 2024 (de 3,99% para 4,37%) e 2025 (de 3,85% para 3,97%). Em 2026, o prognóstico permaneceu em 3,60%;

• Já no segundo, houve incremento para 2024 (de 4,00% para 4,30%), 2025 (de 3,40% para 3,70%) e 2026 (de 3,20% para 3,30%);

2) Mercado de trabalho e pequena ociosidade: a taxa de desemprego medida pela PNAD no trimestre móvel com término em agosto atingiu 6,6%;

• A disputa intensa por mão de obra escassa favorece a geração de ganhos reais de salários, o que naturalmente colabora para um descasamento entre oferta e demanda;

3) Taxa de câmbio desvalorizada: em abril, o Dólar estava em torno de R$ 5,00. Hoje tem oscilado próximo a R$ 5,50;

• Cabe lembrar que parcela do efeito sobre o encarecimento dos importados / restrição da concorrência com similares domésticos é defasada, em virtude da adoção de contratos que, em muitas situações, acabam por travar a cotação temporariamente;

→ Além disso, a ANEEL anunciou recentemente a vigência da bandeira vermelha patamar 2 em outubro: cobrança extra de R$ 7,88 a cada 100 kWh, em substituição ao patamar 1 (R$ 4,46 a cada 100 kWh);

• Estimativas mostram impacto de cerca de 0,17 ponto percentual para o índice cheio de outubro;

• O bônus de Itaipu (saldo da comercialização da usina a ser dividido entre os consumidores em novembro) e a quitação da chamada “conta-covid” (operação para aliviar o caixa das distribuidoras em decorrência da pandemia), por outro lado, devem ajudar na contenção do custo da energia elétrica até o final do ano;

Dado o reconhecimento por parte do COPOM de que os riscos de alta do IPCA são mais importantes em comparação com os de baixa, entendemos que o Comitê continuará aumentando a Taxa SELIC, e, inclusive, pode acelerar o ritmo dos atuais +0,25 para +0,50 ponto percentual nos dois encontros restantes até o encerramento de 2024.

Data

07 outubro 2024

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