Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira
Previsões para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)
Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (15/03/2024) *Mediana. | Elaboração: AE/CDL POA.
Diversos indicadores setoriais referentes ao mês de janeiro surpreenderam positivamente os analistas sondados pelo Valor Data ao longo da semana passada. No comparativo com o período imediatamente anterior após o ajuste sazonal, os serviços avançaram +0,7%, ao contrário da baixa de 0,5% computada pelo mercado. Já o volume de vendas do comércio ampliado subiu +2,4%, enquanto a expectativa era de +0,6%. É fundamental destacar a recorrência do movimento, pois tipicamente em dezembro o varejo tem tido retração no confronto com novembro. Acreditamos que uma das hipóteses capazes de explicar o fenômeno diz respeito à antecipação do depósito do 13º dos aposentados e pensionistas do INSS nas folhas de abril e maio em vez do segundo semestre, ou seja, mais próximo das festas de fim de ano. Logo, a base deprimida favorece o desempenho na leitura seguinte. A estimativa é de que o adiantamento corresponde a R$ 66 bilhões em 2024. Ademais, a criação líquida de empregos formais do CAGED totalizou +180,4 mil, superando o aguardado pelos especialistas (+86,5 mil). Consequentemente, o PIB antevisto para 2024 moveu-se de +1,78% para +1,80%.
Além dos elementos benignos para a renda – desaceleração da inflação, queda da Taxa SELIC e medidas do governo para alavancar o consumo, incluindo o ganho real do Salário Mínimo, o aumento do limite de isenção do IRPF e as transferências sociais –, entendemos que existe um fator crucial que corrobora com esse bom momento: o pagamento de precatórios. Os desembolsos, inclusive, apareceram de forma direta na pesquisa do IBGE relativa ao ramo terciário, especificamente sobre a parte de escritórios de advocacia. Por ora, nossa previsão para o PIB em 2024 é de 2,0%, mas o viés é de alta.
No tocante ao IPCA, a mudança no prognóstico para 2024 (de +3,77% para +3,79%) refletiu o fato de que o dado oficial de fevereiro (+0,83%) veio acima do esperado (+0,78%), conforme o consenso obtido pela LSEG. A diferença ocorreu por conta das pressões em dois vetores: preços administrados – aqueles cuja lógica de correção é determinada pelo poder público ou via contratos – e alimentos.
Não houve alteração na trajetória da Taxa SELIC considerando o encerramento de 2024 (9,00% ao ano) e o término de 2025 (8,50% ao ano). Vale ressaltar que os cálculos para o dia 15 não incorporaram os efeitos das decisões recentes do Comitê de Política Monetária (COPOM) e do Federal Reserve (BC americano) envolvendo os juros aqui e nos Estados Unidos, respectivamente.
Estimativa de impacto da antecipação do Décimo Terceiro Salário em 2024 para o Rio Grande do Sul
O Governo Federal optou novamente pelo adiantamento do 13º salário de aposentados e pensionistas beneficiários do INSS para as folhas de abril e maio – recursos que seriam depositados apenas no segundo semestre, entre agosto e novembro. Notícias dão conta de que a injeção esperada de capital é de R$ 66,0 bilhões para o território nacional. O presente Estudo Técnico visa regionalizar o montante para o Rio Grande do Sul.
Metodologia:
A ideia é averiguar a participação das transferências auferidas por aposentados e pensionistas no RS em relação ao total do Brasil. Ao aplicarmos a razão encontrada à previsão oficial, teremos o resultado desejado.
A primeira etapa consiste na busca dos dados da PNAD, do IBGE. A multiplicação das estatísticas referentes ao ano de 2022 da quantidade pelo rendimento real médio possibilita a criação da massa de rendimentos, tanto para o Brasil quanto para o Rio Grande do Sul.
Massa de rendimentos mensais de aposentados e pensionistas – Brasil e Rio Grande do Sul
(Em R$ milhões – preços médios de 2022)
Fonte: IBGE / PNAD Trimestral. | Elaboração: AE/CDL POA.
A soma para o Brasil alcançou R$ 61,6 bilhões, enquanto coube ao Rio Grande do Sul R$ 5,235 bilhões em 2022. Ou seja, o RS respondeu por 8,50%. Se empregarmos esse percentual sobre os valores projetados pela União para o conjunto dos estados (R$ 66,0 bilhões), chegaremos ao patamar de R$ 5,61 bilhões para os gaúchos oriundo da antecipação.