Muito embora sem surpresas – deliberação pela queda de 0,5 ponto percentual da Taxa SELIC, de 12,25% para 11,75% ao ano –, investidores e analistas tinham grande interesse no comunicado emitido logo após o fim do encontro.
Principais tópicos:
1) O cenário internacional apresentou melhora. Entendemos que além da acomodação das questões geopolíticas, a diminuição dos rendimentos dos títulos da dívida dos Estados Unidos com vencimento de 10 anos, de cerca de 5,00% para 4,30% ao ano, exerceu a maior contribuição positiva;
1.1) Esse movimento de baixa foi impulsionado: (a) pelo arrefecimento do nível de atividade e do mercado de trabalho, assim como leituras de inflação benignas; (2) pela aprovação do adiamento da paralisação da estrutura governamental (shutdown) para 12/01 pelo Congresso americano; (3) por discursos dos membros do Federal Reserve (Banco Central dos EUA) com visões otimistas a respeito do processo de convergência dos preços para o objetivo de 2,0%.
2) Especificamente sobre o quadro doméstico, a produção e o IPCA vêm desacelerando de acordo com o antecipado. No que se refere ao segundo, o destaque ficou por conta dos recortes “subjacentes”, ou seja, mais sensíveis ao ciclo econômico, obtidos, por exemplo, pela exclusão de componentes voláteis ligados a alimentos e energia. De fato, para diversos casos, a variação em 12 meses tangencia os intervalos compatíveis com o Sistema de Metas em 2024 e 2025 (tolerância máxima de 4,5%). Por sua vez, as métricas de curto prazo (acumulado da média móvel em três meses da série com ajuste sazonal e em ritmo anualizado) já gravitam em torno de 3,0%.
3) Conforme as simulações para o IPCA calcadas nos parâmetros do Relatório FOCUS (redução gradual da Taxa SELIC para 9,25% ao ano e taxa de câmbio partindo de R$ 4,90), os índices projetados para 2024 e 2025 são de 3,5% e 3,2%, respectivamente.
3.1) Consequentemente, a trajetória dos juros esperada para o ano que vem não é suficiente para colocar o IPCA em 3,0%. O resultado reforça nossa aposta de uma Taxa SELIC acima do consenso em dezembro de 2024, de 9,75% ao ano.
4) No tocante ao futuro da condução da política monetária, o texto manteve o trecho “próximas reuniões” (ênfase para o uso do plural) com o intuito de sinalizar aos agentes a velocidade dos cortes antevista pelo COPOM. Portanto, pelo menos em janeiro e março, a tendência é de que a Taxa SELIC caia novamente 0,5 ponto percentual em cada oportunidade.