Existe espaço para novas políticas de estímulo à economia da China?

Parte da atenção do mercado tem sido dedicada à China, em virtude da atenuação da retomada do nível de atividade verificada no final do primeiro trimestre. Após a flexibilização da “COVID zero”, responsável por duro isolamento social, a recuperação ganhou força por breve momento no início de 2023, mas perdeu fôlego desde então. Consequentemente, na esteira da redução das taxas de juros anunciadas recentemente, investidores e analistas questionam até que ponto o governo é capaz de continuar recorrendo a incentivos sem gerar desequilíbrios.

O processo de reabertura dos negócios ocorreu justamente na sequência do tombo do PMI Composto – termômetro da situação conjugada da indústria e dos serviços – em novembro de 2022: 42,6 pontos. Trata-se de significativa retração no confronto com o período imediatamente anterior (resultados inferiores a 50 pontos denotam queda) e o pior desempenho em toda a janela de circulação da COVID-19. A partir daí, o efeito rebote provocado pela demanda reprimida ajudou, mas as últimas leituras acusaram fraqueza, apesar de alguma aceleração em maio.  

PMI Consolidado da Produção (indústria e serviços) – China*
(em pontos)
Fonte: Escritório Nacional de Estatísticas da China. *Com ajuste sazonal. | Elaboração: AE/CDL POA.

Para responder a pergunta do título, é fundamental avaliar certas variáveis. Conforme o FMI, o hiato do produto deve fechar 2023 em -2,4% no país asiático, sinalizando ociosidade em fatores como o capital, trabalho, terra e tecnologia. As estimativas, inclusive, mostram que o PIB crescerá abaixo do seu potencial até 2026.

Hiato do Produto – China
(Em % do PIB)
Fonte: FMI. | Elaboração: AE/CDL POA.

Além disso, a inflação ao consumidor (IPC) acumulada em 12 meses somou apenas +0,2%: bem distante da meta de 3,0%.

Inflação ao consumidor – China
(Variação % acumulada em 12 meses)
Fonte: Escritório Nacional de Estatísticas da China. | Elaboração: AE/CDL POA.

Já os custos no atacado, cujas mudanças podem refletir, ainda que de maneira imperfeita, a dinâmica futura dos preços às famílias, seguem com deflação cada vez mais intensa.

Inflação ao produtor – China
(Variação % acumulada em 12 meses)
Fonte: Escritório Nacional de Estatísticas da China. | Elaboração: AE/CDL POA.

É importante lembrar que a deterioração do poder de compra do Yuan não foi tão expressiva em comparação com outras nações ao longo da pandemia por conta do tipo da atuação estatal. As medidas estiveram concentradas no lado da oferta, enquanto não houve grandes ações para aquecer a procura, como um programa de transferência de renda como o Auxílio Emergencial no Brasil.

A conclusão é de que os indicadores dessa breve análise apontam que há margem de manobra para impulsionar a economia chinesa visando o cumprimento da meta de expansão do PIB de 5,0% no presente ano, muito embora seja necessária parcimônia para não agravar problemas no ramo imobiliário, por exemplo.

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    Data

    29 junho 2023

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