O economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, foi um dos painelistas da apresentação ‘Os desafios do cenário econômico do varejo para 2023’, realizada no dia 25 de maio, segundo dia da Feira Brasileira do Varejo, realizada pelo Sindilojas Porto Alegre. O painel foi dividido com o analista macroeconômico do Banrisul, Daniel Bozz, e mediado pela colunista de economia do Grupo RBS, Giane Guerra.
Já na apresentação do debate, a jornalista questionou os economistas acerca do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado na mesma quinta-feira pelo IBGE. O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial do País, subiu 0,51% em maio, puxada pelo avanço de 1,49% dos gastos com saúde e cuidados pessoais. O indicador apresentou uma desaceleração frente ao mês passado: em abril, o índice subiu 0,57%, impulsionado pelo preço dos combustíveis, e acumulou alta de 4,16% em um ano. Com o resultado, o índice passou a acumular uma alta de 4,07% no período de 12 meses.
Como os números vieram bem abaixo das expectativas de economistas e analistas do mercado financeiro, Giane Guerra perguntou se poderia haver alguma possibilidade de que o Banco Central baixasse a taxa Selic (13,75%) antes do esperado. Além disso, a colunista citou outras medidas do Governo Federal que também poderiam influenciar na confiança do cenário econômico, como a votação do Arcabouço Fiscal e incentivos à indústria. Ambos os economistas defenderam que a taxa Selic ainda não deve ser alterada antes do previsto, e que isto deve acontecer entre o terceiro e o quarto trimestres de 2023.
O economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, foi o primeiro a realizar sua apresentação, com foco no cenário atual e em dicas práticas para que o varejista possa atuar da melhor forma possível diante do momento vivido pelo País. Com expectativa de crescimento baixo para 2023, Frank trouxe um balanço dos riscos da economia. Dentre os vetores de baixa, estão a desaceleração global / risco geopolítico; os juros elevados, a queda da demanda reprimida pelos setores afetados pela Covi–19; e a redução da poupança agregada. Dentre os fatores de alta, Frank citou a deflação do atacado; a melhora da cadeia de insumos; a resiliência do mercado de trabalho; o desempenho da safra de grãos (com exceção do RS); e o impacto defasado da taxa de investimentos.
E, para aumentar o ganho e a eficiência operacional dentro das empresas, o economista da CDL POA desenvolveu algumas dicas. Algumas delas são: verificar a gestão de estoques; a renegociação periódica com fornecedores e credores; foco na reativação de antigos clientes e prospecção de novos com assertividade; a oferta dos meios de pagamentos; uma utilização assertiva e profissional na oferta do crédito; a diversificação das receitas a partir de serviços agregados; a cadeia do reuso com os produtos de segunda mão; encontrar propósito dentro da comunidade.
Em seguida, Daniel Bozz apresentou sua análise, começando pelo cenário-base de desaceleração gradual da inflação, que prevê acontecer ao longo de 2024. Em sua opinião, o corte de juros deve ocorrer em ritmo cauteloso por parte do Banco Central. Bozz indicou ainda, que nos próximos trimestres devem melhorar o nível de endividamento. O especialista do Banrisul explicou que as incertezas do cenário externo superam a crise doméstica e que há uma desaceleração leve e gradual, ajudando o varejo a voltar a crescer.
Ao final das apresentações, o bate-papo dos economistas desenvolveu-se mais a partir da provocação da jornalista Giane Guerra sobre antecipação da redução de juros. Frank apontou que a próxima reunião do Conselho Monetário Nacional pode vir a ser um divisor de águas na questão da flexibilização dos juros. Entretanto, para o economista-chefe da CDL POA, ela deve ocorrer no quarto trimestre ou apenas em 2024. Bozz complementou a análise lembrando que a inflação alta não diz respeito apenas ao Brasil, os Estados Unidos passam pela a maior alta dos últimos 40 anos por exemplo.
O economista do Banrisul recomendou aos varejistas presentes que busquem as melhores linhas de créditos direcionadas as suas atividades no mercado, como o Pronampe por exemplo, que são menos ‘salgadas’ que o crédito rotativo. Ao final do encontro, Frank mencionou o comportamento do mercado de trabalho, que tem uma reação mais lenta em comparação ao mercado, devido justamente aos seus custos operacionais vinculados às regras mais rígidas. Por isso, este fator deve ser observado nas análises de cenário.
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