IPCA desacelera, mas ainda mostra sinais de persistência - CDL POA

IPCA desacelera, mas ainda mostra sinais de persistência

Alta no país, em abril, foi de 0,61%, acima do esperado, disseminada em vários itens e com pressão dos alimentos

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou em abril, tanto na Grande Porto Alegre quanto no país. Passou de 1,25% em março para 0,49% na região metropolitana da Capital. No Brasil, saiu de 0,71% para 0,61%. Os dados foram divulgados na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Porém, a alta no Brasil veio acima da expectativa do mercado financeiro, cuja média era de 0,55%. Além disso, há sinais de maior disseminação da inflação – o índice de difusão, indicador que mede quantos componentes subiram, avançou de 59,9% a 66% de um mês para outro – e aceleração do aumento dos preços dos alimentos. Com isso, há especialistas que apontam que o Banco Central (BC) não deve indicar um eventual ciclo de redução da taxa básica de juro.

“Pelo menos em curto prazo, não entendo que isso possa gerar algum tipo de corte de juros” afirma o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank.

Já o economista André Perfeito aponta “pressões baixistas” que terão de ser levadas em conta pelo Comitê de Política Monetária (Copom), como o avanço do novo marco fiscal no Congresso e a supersafra no país que pode ajudar a baixar os preços de alimentos.

Com o resultado de abril, o IPCA acumula, nos primeiros quatro meses de 2023, alta de 2,75% na Grande Porto Alegre e 2,72% no país. O aumento nos preços dos alimentos em abril foi provocado, principalmente, por uma restrição de oferta, apontou André Almeida, analista do Sistema de Índices de Preços do IBGE.

Frank destaca que, embora o grupo alimentação e bebidas tenha tido em abril, na Região Metropolitana, resultado bastante acima da média nacional (1,17%, na Grande Porto Alegre, e 0,71% no país), outros itens atuaram para compensar essa diferença. Foi o caso da habitação, por exemplo, que avançou 0,48% no Brasil, mas caiu 0,23% no recorte gaúcho.

Segundo Frank, o dado reforça que o processo de queda gradual da inflação se dará de maneira muito mais lenta do que o desejado, sobretudo, pelo que está associado com o comportamento da atividade econômica. A explicação passa pela tarifa de energia elétrica residencial, que no Brasil subiu 0,48% e no Estado apresentou deflação de 0,13%. Isso em razão de um reajuste de valores verificado em quatro grandes praças, que não aconteceu no RS.

“É preciso cuidado para avaliar dados mensais, porque existem esses aspectos sazonais e questões típicas de períodos e janelas que devem ser desconsideradas para avaliar as tendências” comenta.

Ao abrir as análises, Frank afirma que a principal surpresa não veio dos medicamentos e dos planos de saúde, que tiveram a maior contribuição no índice de abril, mas da alimentação in natura. Para o economista, isso ocorre porque esses itens não são tão sensíveis à safra de grãos.

Comparação

A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, destaca que, entre os nove grupos de despesas acompanhados pelo IBGE, em quatro a inflação foi menor na Grande Porto Alegre do que no Brasil. Dois deles ficaram no campo negativo (habitação e transportes).

“Só não foi menor porque a inflação de alimentação e bebidas foi significativamente maior do que no Brasil, o que potencializou seu efeito em decorrência do peso desse grupamento no IPCA. O subitem que mais se destacou no mês foi o tomate, que subiu 25,53% no mês na Capital, enquanto no Brasil o aumento foi de 10,64%” analisa.

Apesar do resultado de abril, no acumulado em 12 meses, a inflação da região metropolitana é inferior. Enquanto em Porto Alegre é de 3,71%, no Brasil bate em 4,18%.

Cenário nebuloso

O economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, avalia que a alta da inflação em abril não facilita a visualização da redução do juro básico pelo Banco Central (BC). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito diversas críticas e ataques ao BC por manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, patamar que encarece o crédito e inibe o crescimento econômico, com intuito de atacar a inflação.

“Se não houver mudança no regime de metas inflacionárias, entendo que os juros só serão reduzidos no próximo ano. Por outro lado, se tiver alteração nas bandas ou na utilização do ano-calendário para gerar uma convergência da inflação no ano-calendário, poderíamos pensar em diminuição da Selic ainda em 2023” afirma Frank.

A principal justificativa, explica, é que há uma piora dos aspectos “qualitativos”. Isso fica claro, diz, ao avaliar os preços mais sensíveis aos ciclos da economia, e que não estão tão expostos aos solavancos temporais. Os núcleos de inflação cumprem com esse papel e segregam os elementos mais voláteis. E, nesse aspecto, alerta o economista, houve aceleração em três meses.

Economista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauro Rochlin acrescenta que o comportamento dos preços da economia no mês passado “decepciona”, sobretudo, no grupo alimentação e bebidas. O problema, afirma, é que o BC parece “obcecado em convergir a inflação para a meta muito rapidamente e está preocupado em desancorar as expectativas para 2024”. Desse processo, analisa, emerge o que considera como “uma condução extremamente rigorosa” da curva de juros:

“O núcleo da inflação, principalmente, no que diz respeito aos serviços, ainda se encontra pressionado. É o que justifica a reticência do BC em dar início a um novo ciclo de redução de juros. De toda maneira, insisto que trabalhamos, atualmente, com uma taxa extremamente elevada para a realidade que se apresenta”.

Fonte: Zero Hora

Data

15 maio 2023

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