A venda de veículos novos registrou queda em abril de 2023 no Rio Grande do Sul, aponta dados do sindicato das revendedoras gaúchas. O número frustra o setor, já que março tinha apresentado crescimento, com o melhor mês de venda no ano até agora. A comercialização de automóveis caiu 20,1% em relação a março. No total de emplacamentos entre todos os modelos, o recuo foi de 19,2%, aponta o Sincodiv/Fenabrave-RS.
Abril somou emplacamento de 5,7 mil unidades particulares, ante 7,2 mil do mês anterior. Já entre todos os segmentos, foram 12 mil unidades, ante 14,8 mil dois meses atrás. No quadrimestre, os dados vieram positivos em relação ao mesmo período de 2022, que ainda sofria com problemas de abastecimento de insumos para a produção, como semicondutores, que geraram paradas de fábricas e menor oferta de veículos.
Os dados de janeiro a abril deste ano registram a comercialização de 23,2 mil carros ante 19,8 mil do mesmo período do ano passado, com crescimento de 16,6%. No total, foram 47,5 mil no quadrimestre recente, ante 41,2 mil nos quatro primeiros meses de 2022, avanço de 15%. O mês de abril deste ano também teve alta frente o mesmo mês do ano passado, com 12,1% e 11,7% em automóveis e veículos (todos os tipos) respectivamente.
O sindicato aponta, em nota, instabilidade econômica, aumento das taxas de juros para financiamentos, restrição de crédito e queda do poder de compra dos consumidores e da demanda como fatores que embasam o momento do setor. Além disso, o sindicato cita que abril teve cinco dias úteis a menos do que março devido a feriados.
Números anteriores à pandemia de Covid-19, em 2019, apontaram a venda de 60,8 mil unidades entre todos os segmentos no quadrimestre. Foram 13.421 veículos a menos vendidos este ano. “Se olharmos para uma década atrás, a venda acumulada, entre janeiro e abril de 2013, havia sido de 96.593 unidades no Estado. São 49.132 unidades a mais do que agora”, contrasta a entidade. A queda agora é de mais de 50% frente os dez anos anteriores.
O presidente do Sincodiv/Fenabrave-RS, Paulo Siqueira, espera que a comercialização de 2023 possa “pelo menos empatar” com a de 2022 e cita outro contratempo que segura melhor desempenho. “Os estoques nas montadoras alcançam um nível muito alto, exigindo procedimentos que não favorecem o aumento de produção”, cita Siqueira.
O que influencia bastante o segmento, que opera com bens duráveis e de maior valor, é a limitação de crédito, com manutenção da taxa de juro básica Selic em patamar alto e sem indicação de recuo, e a inadimplência, que vem crescendo. Indicador da CDL Porto Alegre mostrou alta que ainda não havia sido computada desde que a série foi lançada em fevereiro de 2022.
Siqueira lembra que, em meio a este quadro, “há muitas ofertas e promoções”, o que pode viabilizar a aquisição de um veículo, sugere o dirigente das concessionárias.
Fonte: Jornal do Comércio
Coluna: Minuto Varejo – Patrícia Comunello