Análise da proposta de correção da tabela do Imposto de Renda e do Salário Mínimo - CDL POA

Análise da proposta de correção da tabela do Imposto de Renda e do Salário Mínimo

Recentemente, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manifestou a disposição do governo em lançar mão de duas medidas com repercussão sobre o erário. A tendência é de que no dia 1º maio sejam anunciadas: (1) o aumento do Salário Mínimo de R$ 1.302 para R$ 1.320; e (2) a atualização do limite de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) em R$ 736,80 a partir de 2024 (de R$ 1.903,20 mensais para R$ 2.640,00). 

De acordo com a MCM Consultores, a estimativa é de que os cofres sejam onerados em R$ 34,7 bilhões, cujo valor é dividido entre: R$ 4,7 bilhões no primeiro caso (montante para o período entre maio a dezembro 2023) e R$ 30 bilhões no segundo a cada 12 meses. Dado o caráter permanente dos impactos, o grande problema reside na ausência de ações concretas que visem o corte de outros gastos. Nesse sentido, o programa de ajuste das contas divulgado em janeiro focaliza no lado da arrecadação. Logo, não ataca a verdadeira causa dos sucessivos desequilíbrios orçamentários: a expansão continuada da despesa.

Os cálculos da Instituição Fiscal Independente (IFI), a respeito do esforço para estabilizar a endividamento da União, estados e municípios como proporção do PIB, ajudam a entender o tamanho do desafio que temos para o futuro. Em 2023, o superávit primário exigido é de 3,8% do PIB, número que leva em consideração a previsão de crescimento de +0,9% da economia e de 6,1% de juros reais. Por sua vez, a poupança requerida entre 2024 e 2031 é um pouco menor (1,5% do PIB ao ano). No entanto, as premissas subjacentes são mais otimistas: +1,9% de elevação do produto ao ano e custo da dívida de 3,9% ao ano já descontando a variação dos preços.

Todavia, a IFI projeta déficit de -1,3% do PIB em 2023 e de -1,1% do PIB em 2024. Como resultado, o estoque de débitos como razão do PIB subirá, lembrando que o patamar do Brasil em 2022 (88,2%) superou com folga a média dos emergentes (64,5%) pelo critério que permite comparativos internacionais.

As novas políticas também atuarão para colocar pressão adicional sobre o mercado de juros e para alimentar a inflação de demanda. Consequentemente, o efeito benigno esperado para as famílias acaba restringido pelo encarecimento dos empréstimos / financiamentos e pela aceleração da perda do poder de compra da moeda ao longo do tempo. 

Sem finanças públicas organizadas não geraremos as condições para desempenhar de forma minimamente compatível com nossas necessidades.

Data

17 fevereiro 2023

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