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Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

Previsões para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)
Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (27/01/2023) *Mediana. | Elaboração: AE/CDL POA.

IPCA: ao longo dos últimos sete dias, o grande destaque ficou por conta da alta expressiva na projeção do IPCA para 2023 – de +5,48% para +5,74%. Cremos que duas causas principais ajudam a explicar o fenômeno. A primeira delas diz respeito ao aumento divulgado pela Petrobras junto às refinarias de 7,5% na gasolina. Cabe ressaltar que a elevação do barril de petróleo, como reflexo da reabertura da China a partir das flexibilizações da política de “COVID zero”, determinou o incremento da defasagem do preço no mercado doméstico em comparação com o internacional.

Por sua vez, a prévia da inflação oficial (IPCA-15) de janeiro (+0,55%) veio acima do consenso dos analistas sondados pela Bloomberg News (+0,51%) e do Valor Data (+0,52%). Muito embora estejamos observando dinâmica relativamente benigna nos recortes mais sensíveis ao comportamento do nível de atividade, o panorama requer cautela, pois os prognósticos seguem se afastando das respectivas metas para 2023 (3,25%) e 2024 (3,00%).

Taxa SELIC: de acordo com o modelo que extrai a probabilidade das apostas dos investidores da B3 para a reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) de amanhã e quarta-feira, o cenário abrangendo a manutenção dos 13,75% ao ano (a.a.) é amplamente majoritário (96,3%). Julgamos que diante da deterioração do quadro referente ao poder de compra da moeda para o futuro, o BC pode endurecer o tom e manifestar de forma mais clara a possibilidade de termos, inclusive, novos acréscimos de juros dependendo da evolução das condições.

PIB: notamos perda relevante do ímpeto do produto no quarto trimestre de 2022. A moderação ocorreu tanto nos setores secundário quanto no terciário, com proeminência para o freio puxado pelo parque fabril, especialmente após as eleições. Consequentemente, o volume total de bens e serviços no período, cuja variação esperada contra o terceiro trimestre descontados os efeitos sazonais apontava estabilidade há algumas semanas, deverá apresentar encolhimento de aproximadamente -0,3%.

Contas públicas: as medidas de ajuste fiscal anunciadas no dia 12 para diminuir o rombo estimado de cerca de R$ 232 bilhões no orçamento federal não foram capazes de mudar de maneira significativa o déficit calculado para União, estados e municípios em 2023. Entendemos que a razão passa pelo tipo de ação a ser colocada em marcha pelo governo, com foco quase que único no lado da receita, sendo que o motivo capital para o desequilíbrio é a expansão dos gastos, sobretudo das despesas obrigatórias – aquelas exigidas por força da lei e da Constituição.

Confiança do consumidor brasileiro começa 2023 em queda

A sondagem de janeiro da Fundação Getúlio Vargas (FGV) entrevistou domicílios espalhados pelo território nacional entre os dias 1º e 21º. Houve recuo em comparação com dezembro de 2022 de -2,2 pontos (de 88,0 para 85,8) nas estatísticas ajustadas pela sazonalidade. Por um lado, o componente da situação atual (de 70,9 para 71,1 pontos) permaneceu praticamente estável. Por outro, as expectativas para os próximos períodos (de 100,3 para 96,7 pontos) foram determinantes para o decréscimo no agregado.

Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em janeiro/23 – Brasil*
(Em pontos*)
Fonte: FGV/IBRE. *Com correção sazonal. *A referência (100) corresponde à média entre junho de 2010 e junho de 2015. | Elaboração: AE/CDL POA.

Análise:

A abertura dos dados por diferentes classes de rendimentos mostra que os dois recortes que ganham acima de R$ 4.800 mensais apresentaram piora, em oposição ao crescimento dos que auferem até R$ 2.100.

Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em janeiro/23 por faixa de renda – Brasil*
(Em pontos*)
Fonte: FGV/IBRE. *Com correção sazonal. *A referência (100) corresponde à média entre junho de 2010 e junho de 2015. | Elaboração: AE/CDL POA.

Nesse caso específico, convém destacar o comportamento dicotômico entre ricos e pobres desde setembro do ano passado, ou seja, a visão de cada segmento durante e após a corrida eleitoral. À época da disputa, diversas pesquisas sinalizavam que a propensão de voto do primeiro grupo era muito maior em Jair Bolsonaro, enquanto que no segundo Lula se sobressaía de maneira expressiva. Julgamos, portanto, que a questão política, que segue contrapondo plataformas distintas, esteja possivelmente pesando na avaliação. Além disso, as medidas anunciadas pelo governo são, em grande parte, direcionadas para os menos abonados.

Índice de Confiança do Consumidor (ICC) por faixa de renda – Brasil*
(Em pontos*)
Fonte: FGV/IBRE. *Com correção sazonal. *A referência (100) corresponde à média entre junho de 2010 e junho de 2015. | Elaboração: AE/CDL POA.

Mantemos nosso entendimento relativo à dificuldade de gerarmos altas sustentadas para o indicador no futuro. Fatores como a desaceleração da economia em curso, que deverá provocar impacto negativo no mercado de trabalho e nos salários em breve, o aumento das projeções para a inflação em 2023 e a conservação dos juros em patamares elevados são alguns dos obstáculos para o emprego e o poder de compra.

 

Data

30 janeiro 2023

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