Irio Piva estreia o quadro ‘Lideranças Gaúchas’ do Pampa Debates - CDL POA

Irio Piva estreia o quadro ‘Lideranças Gaúchas’ do Pampa Debates

Nesta segunda-feira (12), o presidente da CDL Porto Alegre, Irio Piva, foi o convidado da série de final de ano do programa Pampa Debates ‘Lideranças Gaúchas”, apresentado pelo jornalista Paulo Sérgio Pinto, na TV Pampa. Em novo formato, com apenas um entrevistado, o programa tem o propósito de obter de lideranças gaúchas um balanço de 2022 e perspectivas para 2023.

Sobre o que esperar em 2023, Piva destacou que é difícil projetar o futuro, porque, no próximo ano, poderão ocorrer momentos de turbulências e incertezas, mas, na medida do possível, a CDL POA tenta prever o que acontecerá para informar as pessoas, especialmente os comerciantes do Rio Grande do Sul. A seguir, trechos da entrevista, com a fala do presidente:

Copa do Mundo

Foi uma frustração grande o Brasil ter perdido do jeito que perdeu. Semana passada, eu estava na Argentina e havia a expectativa de uma semifinal entre o nosso vizinho e o Brasil. Sobre os prejuízos causados pela derrota, o comércio vive de riscos, investe primeiro para colher depois e, quando acontece algo assim, o empresário deve estar preparado. Tudo estava projetado nessas estruturas temporárias para assistir aos jogos, para vender muito, mas faz parte. O comércio é resiliente e sabe se reinventar.

Quando acontece uma situação dessas, uns perdem e outros podem ganhar. Por exemplo, agora temos duas semanas cheias para o comércio, sem aquelas paralisações que aconteceram durante o jogo. Às vezes, um lado está perdendo e o outro está ganhando, e assim vai. É claro que sempre tentamos trabalhar com previsibilidade e quando temos quebra disso é muito ruim.

Feriados

Muitas vezes, os feriados são uma tragédia para o comércio. Recordo da luta das entidades do varejo como a CDL POA e o Sindilojas, que foi vital para que o comércio pudesse funcionar aos domingos. Eu sou do tempo em que o comércio fechava nos sábados ao meio-dia. Isso, do ponto de vista do consumidor, é terrível. As pessoas que trabalham durante toda a semana e não têm tempo para fazer compras, isso foi vencido, há anos, a partir de uma luta muito grande das entidades de classe, da qual a CDL POA foi uma das protagonistas.

Quando o feriado acontece numa quinta ou sexta-feira, acaba com um fim de semana do comércio.  As pessoas viajam, e o prejuízo é grande. Em uma época, existia a ideia de se colocar todos os feriados na segunda-feira. Era uma ideia muito boa para as pessoas aproveitarem e, ao mesmo tempo, não prejudicarem tanto o comércio.

Horário de Verão

O horário de verão é excelente, eu torço para que volte. Eu, pessoalmente, sou fã do horário de verão, acho que foi um erro do Bolsonaro retirá-lo. Primeiro, porque gerava uma economia de energia, depois porque as pessoas também podiam sair do trabalho e aproveitar o dia. O trabalho é uma parte da vida, mas todo mundo precisa aproveitar o tempo livre. Só vejo lados positivos no horário de verão, espero que volte.

Balanço Pandemia

A pandemia não só gerou prejuízos para o comércio, como continua gerando. Hoje, a gente ainda não enxerga os reflexos de tudo aquilo que aconteceu. Infelizmente, tivemos erros de avaliação muito grandes. Não por maldade, mas houve um erro em se ter o comércio fechado durante muitos meses, e comerciante com a necessidade de manter a folha de pagamento. Restaurantes nem se fala. As pessoas pensavam que tudo acabaria mais rápido do que aconteceu e, com os fechamentos prolongados, os pagamentos de tributos não foram perdoados. E, depois de tudo, quem teve problemas na pandemia ainda teve dificuldade para financiar os impostos.

Tudo isso teve um reflexo profundo nos fechamentos de empresas. Em torno de 15% dos empreendimentos de varejo fecharam. É muita coisa. E muitos ainda estão sofrendo esse reflexo. E agora estamos vivendo um novo problema. Nós tínhamos um juro baixo, agora, imagina quem está financiando dívida neste momento, com juro a 13,75% ao ano. Muito difícil de dar a volta por cima. O comércio sofreu e ainda estamos sofrendo. Não dá para voltar atrás, o que temos que pensar é que tipo de medidas e atitudes temos que tomar para aqueles que ainda estão sentindo o reflexo da pandemia.

Em um ambiente controlado, como foi o caso do meu negócio, que pôde ficar aberto, não houve contaminação pelo coronavírus. A educação e a orientação eram muito mais  importantes do que o ‘fechar tudo’. Foi um período muito difícil que deixou uma marca e que vamos levar muitos anos para superar. Independentemente dos aspectos políticos, todas as esferas erraram de maneira muito forte nesse sentido.

Hoje, é olhar para os que mais sofreram para ajudá-los. A CDL POA protocolou no Governo do RS a proposta de um REFIS (Programa de Recuperação Fiscal), olhando especificamente para os lojistas que ficaram fechados por um período mais longo. Temos que encontrar uma saída para facilitar e fazer com que essas empresas estejam em dia de forma fiscal. Esta é uma responsabilidade dos governos, em especial do Estadual, quando o assunto é ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço). As empresas que puderam trabalhar normalmente devem pagar sem nenhum tipo de isenção, mas deve-se viabilizar as empresas que foram afetadas de forma profunda. As empresas não mediram esforços para manter as pessoas.

Novo governo e Ministério da Fazenda

Primeiro, tenho a impressão de que o comércio viverá um período promissor no início do próximo governo. Porque sabemos que há uma cultura de maiores gastos nesse período, como já foi aprovada a PEC do Teto de Gastos, então o dinheiro será jogado no mercado. Mas, por exemplo, se entregar um valor para uma pessoa que está com a vida resolvida, ela pode colocar na poupança, mas, se ela estiver precisando, vai colocar no consumo direto, e o dinheiro circulará. Então, em um primeiro momento, acredito que teremos um aquecimento no varejo.

O problema é que nós teremos que pagar essa conta. Outro exemplo, um dinheiro na mão sem necessidade de ser devolvido, melhora a vida, com certeza. Mas, se depois essa conta chegar lá na frente, esse dinheiro não está mais disponível, e é aí que está o problema.

Para quem é varejista e empresário, é preciso olhar muito para o curto prazo neste momento. Está muito difícil, haverá períodos de incertezas, e será arriscado fazer uma programação de longo prazo. Se, efetivamente, o dinheiro chegar no mercado, será preciso aproveitar essa oportunidade do momento de maneira adequada.

Comércio de rua e de shopping

 

O comércio que está dentro de um shopping tem um custo alto. Muitas vezes, tem acontecido de algumas marcas que estão dentro dos shoppings criarem uma imagem tão forte que não precisam mais daquele fluxo que existe no local e acabam se instalando perto dos shoppings, em uma loja de rua. Por terem uma marca forte, são capazes de atrair o consumidor, operando com um custo mais baixo e sobrevivendo melhor no comércio de rua.

Uma tendência atual é que as pessoas estão consumindo muito próximo de casa, então, muitas vezes, o comércio está se instalando e prosperando nos bairros. As pessoas estão deixando de se locomover por grandes distâncias. Isso é muito bacana porque se desenvolve a região. Fazer o básico bem feito é ter um produto de qualidade, um atendimento de qualidade e adequado. Muitas vezes, as pessoas estão fazendo coisas mirabolantes e esquecem de fazer o básico bem feito – precisa ser feito.

Reforma do Centro Histórico

O prefeito, Sebastião Melo, e o vice, Ricardo Gomes, têm sido sensíveis e abertos ao diálogo com os empresários. Estão fazendo um grande trabalho pela cidade. Porto Alegre está melhorando, temos que valorizar. Essas melhorias acabam trazendo gente do Interior ou de fora do Estado para consumir aqui. Eu recebo amigos de fora que dizem como a cidade mudou, é muito bom ouvir isso. A questão dos alvarás também está melhorando muito, hoje, em alguns casos, as coisas simples são automáticas. Há uma evolução muito grande em relação à desburocratização. A prefeitura está reduzindo vários impostos, especialmente, nas áreas de serviços. Hoje, vemos esforços para melhorar o Centro Histórico, o 4ª Distrito e oferecer incentivos a empresas que estão querendo se instalar e para as que já estão lá.

Desburocratizar significa ter menos trabalho para pagar impostos. Quando falamos em reforma tributária, diante do cenário de gastos públicos atuais, será difícil baixar impostos, mas, se houver a simplificação tributária já ajudará bastante. Isso é algo que precisamos vencer. Na Elevato, abrimos uma filial em Santa Catarina e teremos que instalar uma central de distribuição lá, porque é tão complexo mandar mercadoria de um Estado para outro, é uma complicação. Aqui, tem substituição tributária, lá não tem, é uma diferença de um Estado vizinho para outro que a complexidade para lidar com isso é muito grande. Realmente, o Brasil precisa de uma reforma tributária, se possível, para reduzir imposto, mas, especialmente, para melhorar todo o sistema de gerenciamento de tributos.

Franquias

Eu não acho que o sistema de franquias esteja em desuso, o que está acontecendo são algumas modificações. O que temos que entender é que algumas indústrias estão operando no varejo de maneira direta. Esses modelos vão e vêm. Acredito que, muitas vezes, as coisas são cíclicas. Há muitas franquias novas surgindo, mas também existem algumas empresas que estão preferindo fazer o ciclo completo da gestão, porque com a digitalização muita coisa mudou. Esse modelo não vai acabar.

Ponto final – Natal e Ano Novo

Estamos a duas semanas do Natal, o comércio de Porto Alegre está preparado para atender. Para desenvolver uma cidade, temos que estimular. Por isso, quero fazer um apelo, não comprem do outro lado do mundo para presentear no Natal. Compre das empresas daqui, que geram emprego, renda e tributos aqui. E, para os comerciantes, em 2023, saliento que viveremos momentos turbulentos, onde será necessário estarmos muito atentos. Precisaremos ter disposição para aproveitar as oportunidades que surgirão e olhar atento para mudar rápido, se for necessário. Não teremos espaço para erros, até porque grande parte dos comerciantes já vem com perdas significativas do período da pandemia. Para 2023, vamos dar o nosso melhor e teremos um ano maravilhoso pela frente.

 
 

Data

13 dezembro 2022

Compartilhe

Icone de telefone

Ligue e descubra a solução ideal para a sua empresa

(51) 3017-8008

Capitais e regiões metropolitanas
De segunda a sexta , das 9h às 18h.