O FMI atualizou recentemente suas estimativas para indicadores relevantes de diversos países. Com base nos números, é possível traçar alguns cenários para o ano que vem.
Tanto a América Latina quanto o Brasil apresentaram revisões para cima no PIB de 2022 desde o último levantamento, realizado em julho: de +3,0% para +3,5%, e de +1,7% para +2,8%, respectivamente. De uma maneira geral, a região foi beneficiada pelos ganhos das commodities e pela melhora do quadro sanitário, favorecendo assim a retomada do segmento terciário – importante gerador de renda e emprego – nesse período.
Porém, as expectativas para 2023 acusam desaceleração: +1,7% no bloco e 1,0% para o Brasil. O Fundo ressalta o peso que a conjuntura internacional exerce para o referido movimento, a partir da continuidade da elevação dos juros por parte dos bancos centrais do mundo desenvolvido.
Especificamente sobre os Estados Unidos, o grande desafio envolve a escalada dos preços dos serviços. Portanto, para apaziguar o desequilíbrio, será necessário promover um desaquecimento considerável do mercado de trabalho e da demanda doméstica americana.
No que tange à Europa, o aperto da política monetária já começou, embora mais tardio em comparação com os EUA. Ainda que, provavelmente, não tenhamos altas tão exacerbadas para evitar efeitos adicionais danosos ao nível de atividade, a persistência do choque de energia provocado pela guerra entre Rússia e Ucrânia pode causar resistência da inflação, o que representa um problema.
Como resultado da deterioração da relação entre risco e retorno das nações emergentes, o custo do crédito interno sobe, diminuindo o apetite pela tomada de empréstimos / financiamentos. Além disso, a moderação do PIB global (de +3,2% em 2022 para +2,7% em 2023) afeta negativamente nosso crescimento através: (1) da queda das exportações; (2) de menores remessas de recursos de pessoas físicas e jurídicas do exterior; (3) do declínio do turismo.
Em suma, a leitura para os próximos meses inspira cautela.
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