BC mantém a Selic em 13,75% ao ano e interrompe maior ciclo de elevação de juro em 23 anos - CDL POA

BC mantém a Selic em 13,75% ao ano e interrompe maior ciclo de elevação de juro em 23 anos

Copom mantém a Selic em 13,75% ao ano. Decisão foi por sete votos a dois que foram favoráveis a uma elevação para 14%

O Banco Central (BC), por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), decidiu ontem interromper o maior e mais longo ciclo de alta da taxa Selic desde 1999, com 12 aumentos seguidos, iniciado em março do ano passado – em 17 meses, passou de 2% para 13,75% ao ano. Mas o colegiado saiu dividido: foram sete votos em manter o juro básico em 13,75%, enquanto outros dois se mostraram favoráveis a mais uma elevação, de 0,25 ponto percentual, para 14%.

A medida não encerra o atual ciclo, ressaltou o Copom. Em seu comunicado, o comitê expressa que “se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”.

O colegiado destaca que vai perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também “a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”. Em seguida, não descarta novos aumentos na taxa Selic se considerar necessário. “O comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, ressalta a nota.

O Copom afirma que a decisão de ontem é compatível com a estratégia de convergência da inflação para ao redor da meta “ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2023 e, em menor grau, o de 2024”. As metas de inflação para 2023 e 2024 são de 3,25% e 3%, respectivamente, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

A nota avalia ainda que o ambiente externo se mantém “adverso e volátil” e o ambiente inflacionário “segue pressionado”, enquanto os bancos centrais nos países mais industrializados prosseguem seus ajustes nas taxas de juro para restringir a atividade econômica. Sobre o Brasil, o comunicado aponta que a economia brasileira teve ritmo de crescimento acima do esperado no segundo trimestre, mas a inflação ao consumidor, apesar da queda recente, continua elevada.

Para o economista e professor da UFRGS Marcelo Portugal, há várias razões que explicam a opção pela estabilidade da Selic. A principal, avalia, é a desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

– Tudo indica que a dosagem de juros foi o suficiente para reverter o processo inflacionário que obtivemos em 2021 e 2022. O IPCA deve cair em setembro e no final deste mês, provavelmente, já teremos algo abaixo de 8% em outubro, de tal forma que tudo indica que não será necessário novo aperto. Mas resta saber quando começarão as baixas – comentou.

Incertezas

O economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, destacou a taxa de juro real (descontada a inflação). Segundo ele, nos atuais patamares e projeções futuras para o IPCA (próximo de 5% em 2023, conforme o relatório Focus, do BC), já se está sendo duro no combate, sem precisar pesar a mão nos juros. Ainda assim, Frank diz que é importante não fechar a porta para a necessidade de eventuais novos aumentos no futuro. Isso acontece, disse, porque as incertezas permanecem, no âmbito doméstico ou internacional:

– São muitas perguntas sem respostas, e o BC precisa ser humilde e reconhecer essas dificuldades para ter mais grau de flexibilidade na hora de tomar as decisões. Se sinalizasse que daqui para frente os juros só cairiam poderia ser muito ruim e aumentaria o custo de fazer com que a inflação convirja para patamares mais comportados.

Em linha de raciocínio similar, o economista e especialista em alocação de investimentos na Warren, Carlos Macedo, avaliou que há margem para outros aumentos e os juros acima de dois dígitos continuarão a moldar a economia nacional por tempo prolongado.

– Ainda que a expectativa de inflação para 2023 tenha melhorado a partir de inércia menor em 2022, observamos dinâmica forte do setor de serviços e mercado de trabalho, o que coloca em dúvida se a inflação de serviços arrefecerá nos próximos meses – disse.

Fed eleva taxa pela terceira vez consecutiva

Em luta contra a inflação, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) anunciou ontem nova alta de 0,75 ponto percentual no juro e advertiu que espera agora crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) quase nulo para 2022. A principal taxa de juros do Fed situa-se agora entre 3% e 3,25%, anunciou a instituição em nota à imprensa.

Esta é a terceira vez consecutiva que o Fed aumenta as taxas nesta proporção em meio ao combate contra inflação, que atingiu cifras recorde em 40 anos – atualmente, está em 8,3% no acumulado de 12 meses até agosto. Além disso, a instituição estima que serão necessários novos aumentos de juros neste ano, segundo o comunicado.

Dólar

Em consequência à ação do Fed, o dólar alcançou ontem seu maior valor frente ao euro em quase 20 anos. A moeda americana chegou a US$ 0,9814 por um euro pela primeira vez desde o fim de outubro de 2002, meses depois de iniciada a circulação da moeda única europeia.

Em sessão com forte oscilação, os principais índices das bolsas de valores nova-iorquinas fecharam em baixa – a Nasdaq recuou 1,79%, o Dow Jones caiu 1,70% e o S&P 500 reduziu 1,71%. No Brasil, o Ibovespa seguiu a tendência e diminuiu 0,52%, a 111.935 pontos.

Em coletiva à imprensa após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a instituição continuará endurecendo sua política monetária até que a inflação retorne a níveis aceitáveis. O Fed está “firmemente comprometido em conseguir que a inflação volte a 2% e continuará assim até que o trabalho esteja concluído”, assegurou o dirigente, indicando juro elevado por longo período. A entidade também advertiu para os riscos de uma “flexibilização prematura” dessa política.

A elevação das taxas de referência eleva automaticamente os juros dos empréstimos a pessoas físicas e jurídicas. O objetivo é frear a atividade econômica e, assim, aliviar a pressão sobre os preços. Os juros dos empréstimos imobiliários, por exemplo, subiram desde o começo do ano e acabam de passar dos 6% para créditos a 30 anos pela primeira vez desde 2008. Isto faz caírem as vendas em um setor que gozava de excelente saúde desde o início da pandemia.

Conforme o Fed, o crescimento do emprego tem sido “robusto” nos últimos meses, com a taxa de desemprego “seguindo baixa”, mas também alerta para o fato de que a inflação “continua elevada, o que reflete desequilíbrios na oferta e na demanda relacionados à pandemia, preços de alimentos e energia mais elevados e pressões mais amplas dos preços”. A instituição destaca ainda os impactos econômico e humanitário da guerra na Ucrânia e diz que ela “e eventos relacionados”, como sanções contra a Rússia, criam “pressão adicional sobre a inflação e estão pesando na atividade econômica global”.

Fonte: Jornal Zero Hora

Data

22 setembro 2022

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