Deflação e fortalecimento das transferências sociais, como Auxílio Brasil, ajudam a explicar o resultado
A CDL Porto Alegre divulgou o Indicador de Inadimplência do mês de agosto. De acordo com a base de informações restritivas da Boa Vista – a maior disponível para o Rio Grande do Sul –, o percentual de pessoas físicas com algum tipo de limitação em crédito, cheque ou protesto somou 29,3% no Rio Grande do Sul e 31,6% em Porto Alegre em agosto de 2022. Os percentuais, mais uma vez, superaram a média nacional (28,8%). Em relação ao mês de julho, Porto Alegre permaneceu igual a julho, enquanto para o RS houve queda de 0,1 ponto percentual.
Indicador de Inadimplência da CDL Porto Alegre
(Em %)
Fonte: Boa Vista SCPC.
Elaboração: AE/CDL POA.
De acordo com as estimativas, a população adulta (acima de 18 anos) inadimplente é de 2,6 milhões no RS e de 368,4 mil em Porto Alegre. Segundo o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, o mês de agosto foi marcado não só por uma nova deflação, como também pelo começo do fortalecimento das transferências sociais via Auxilio Brasil e do pagamento de uma série de benefícios para determinados grupos, como caminhoneiros e taxistas. “Entendemos que as medidas do governo contribuíram para evitar aumentos do índice em comparação com julho. Mesmo com esse alívio para a situação financeira das famílias, é importante notar que o cenário econômico permanece desafiador”, pontua Frank.
De acordo com o economista, em primeiro lugar, os preços continuam altos ao longo dos últimos 12 meses. Além disso, os juros estão em patamares elevados, o que encarece o custo dos empréstimos/financiamentos. Por fim, apesar da retomada consistente do emprego, a massa de salários gerada pelos trabalhadores gaúchos ainda é menor do que a verificada antes do início da pandemia, fruto da perda do poder de compra do Real e dos níveis consideráveis de informalidade, cujos rendimentos, via de regra, são inferiores aos que possuem carteira assinada.
Neste mês, o Indicador de Inadimplência da CDL POA trouxe um recorte de gênero que apontou que, no Rio Grande do Sul, a distribuição do público com restrição é a seguinte: 43,3% masculino, 44,8% feminino e 11,9% de gênero não identificado. Em Porto Alegre, 42,8% são homens, 47,3% mulheres e 9,9% não identificados (nomes que, por exemplo, são compartilhados por ambos os sexos).
Metodologia
O indicador mede a parcela de pessoas físicas com algum grau de restrição em crédito, cheque ou protesto inscritas na base de informações do Sistema Central de Proteção ao Crédito (SCPC), da Boa Vista Serviços, independentemente do prazo de atraso. Todas os dados dizem respeito ao último dia útil de cada mês. O cômputo do número absoluto de adultos nessa condição é feito mediante a utilização de estimativas do IBGE para a população acima de 18 anos.
