Os dados oficiais do IBGE apontam que a taxa de desocupação do Brasil – percentual dos investigados que procura ofícios com ou sem carteira assinada, porém sem sucesso – atingiu 9,3% no segundo trimestre de 2022. Trata-se do menor número desde o mesmo intervalo de 2015 (8,4%). Apesar da baixa considerável observada a partir de 2021, em linha com a sustentação da retomada do nível de atividade, é factível afirmar que o mercado de trabalho nacional está aquecido?
Taxa de desocupação – Brasil
(Em %)
Fonte: IBGE / PNAD Contínua. | Elaboração: AE/CDL POA.
Alguns indicadores complementares mostram que ainda há um caminho a ser percorrido. Em primeiro lugar, convém analisar a taxa de participação. A definição parte da chamada força de trabalho, constituída pela soma entre ocupados e desocupados. Se dividirmos esse total pela população com 14 anos ou mais – dita em idade ativa, ou seja, apta para ofertar sua mão de obra – temos a variável desejada. É possível interpretá-la como um termômetro de atratividade do mercado de trabalho: quanto mais intensa é a dinâmica das contratações e do avanço dos rendimentos, maior é a disposição em ingressar, e vice-versa. As estatísticas demonstram patamar inferior em relação a 2019.
Taxa de participação na força de trabalho – Brasil
(Em %)
Fonte: IBGE / PNAD Contínua. | Elaboração: AE/CDL POA.
Através de um exercício simples, podemos simular o efeito sobre o desemprego se o excedente de pessoas que compunham a força de trabalho no segundo trimestre de 2019 buscasse uma vaga hoje sem lograr êxito – caso, portanto, a taxa de participação fosse de 63,7%, e não os atuais 62,6% –. Consequentemente, a taxa de desocupação não seria de 9,3%, mas 11,1%: alta de 1,8 ponto percentual.
Por sua vez, o percentual de informalidade entre empregados, empregadores e contas próprias (ambos sem CNPJ) alcançou 38,2%, mantendo-se elevado para nossos padrões.
Taxa de informalidade – Brasil
(Em %)
Fonte: IBGE / PNAD Contínua. | Elaboração: AE/CDL POA.
Além disso, conforme o Salariômetro da FIPE, que mede os resultados dos Acordos e Convenções Coletivas, o montante de negociações cujo reajuste não superou a inflação (INPC) foi de 43,8% em junho – comparável somente ao pior momento da crise entre 2015 e 2016 para a série histórica desde 2007.
Em suma, é inegável a melhora do mercado de trabalho desde a janela crítica do distanciamento social. Todavia, é necessário progredir no aspecto qualitativo de outros importantes sinais.
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