Fique bem informado
10
AGOSTO, 2020
Notícias
Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira
As expectativas para o PIB do Brasil em 2020 avançaram ao longo dos últimos sete dias: de -5,66%, em 31/07, para -5,62% em 07/08. Foi a sexta oportunidade consecutiva em que o consenso das instituições aponta para uma “despiora” da retração computada para o nível de atividade no presente ano. Para 2021, o crescimento esperado prosseguiu em +3,50%.
Por sua vez, o cenário prospectivo para a inflação, medida pelo IPCA, não teve alterações. Dado que a recessão provocou o aumento da capacidade ociosa, a tendência é de que os preços se mantenham comportados. Nesse sentido, as variações calculadas para 2020 (+1,63%) e 2021 (+3,00%) estão aquém dos alvos definidos pelo Conselho Monetário Nacional, de +4,00% e +3,75%, respectivamente.
Segue breve resumo do comunicado do COPOM, que decretou o recuo dos juros básicos de 2,25% para 2,00% a.a. na quarta-feira passada.
A visão do Comitê de Política Monetária sobre o estágio da economia
Mundo: há evidências positivas sobre a retomada dos negócios e a redução da volatilidade no mercado financeiro. Todavia, os desafios permanecem, especialmente para os emergentes.
Brasil: processo de recuperação das perdas incorridas nos primeiros meses do distanciamento social. Os membros com poder de voto manifestam preocupação com a sequência dessa trajetória no futuro, sobretudo após o término das ações de auxílio às famílias e às empresas que vêm garantindo importante parte da sustentação da demanda – diferimento no pagamento de impostos, antecipação de recebíveis, MP’s 927 e 936, coronavoucher, entre outros.
Para 2020 e 2021, independente das premissas consideradas, o IPCA estará abaixo da meta. Já para 2022, os cálculos acusam algo próximo do objetivo, de 3,5%. O balanço de riscos, portanto, é benigno.
O COPOM reconhece que o ciclo de ajustamento dos juros está perto do fim, em função de “questões prudenciais e de estabilidade financeira”.
Uma das grandes novidades da última deliberação foi a indicação de que não haverá elevações na Taxa SELIC enquanto as projeções de inflação não se aproximarem da meta de 2021 (com maior peso) e de 2022 (importância menor). Naturalmente, existem condicionantes, como a manutenção do regime fiscal vigente, marcado pela regra do teto dos gastos.
No nosso entendimento, outro corte, de 0,25 ponto percentual, ocorrerá em setembro, para 1,75% a.a.. Cremos que esse patamar deverá se conservar até o início de 2022.
Comitê de Política Monetária (COPOM) reduz a Taxa SELIC em 0,25 ponto percentual
*Observação: relatório escrito antes da decisão.
Apontamentos sobre o panorama econômico:
Atividade e crédito: indicadores de curto prazo de diversos setores apresentam trajetória ascendente. Por sua vez, as estatísticas de ocupação formal celetista e de pedidos de Seguro-Desemprego denotam certa acomodação do mercado de trabalho. Essas notícias positivas têm como causa explicativa a reabertura das atividades, aliada ao arsenal de políticas fiscais e monetárias expansionistas para amenizar os impactos da recessão: tanto aqui quanto no exterior.
Inflação: as previsões do Relatório FOCUS, do Banco Central, sinalizam para IPCA abaixo da meta em 2020 e 2021. Embora a alta do IGP-M mostre a pressão de custos dos empresários, a capacidade de repasse para a ponta final é limitada, uma vez que a demanda está debilitada.
Taxa de câmbio: a cotação permanece bastante volátil, refletindo informações domésticas e estrangeiras sobre os desdobramentos das crises econômica e sanitária. Ainda que o fluxo de dólares seja negativo, a tendência de recuperação paulatina deverá ajudar na diminuição das incertezas e, consequentemente, conter desvalorizações mais acentuadas.
Conjuntura internacional: os membros da União Europeia firmaram acordo em torno de plano de, aproximadamente, € 750 bilhões, com recursos voltados, entre outros objetivos, para a concessão de crédito e de garantias para investimentos e reformas. Ademais, o Banco Central dos Estados Unidos resolveu prorrogar o programa de compra de títulos do Tesouro e de hipotecas, com o intuito de prover liquidez para as empresas.
Fiscal: as perspectivas para o resultado primário em 2020 persistem em franca deterioração. Além disso, o governo tem recorrido, cada vez mais, às operações de curtíssimo prazo para rolar a dívida, o que naturalmente abrevia seu prazo médio. Cremos que essa piora restringe a adoção de uma postura mais agressiva da parte do COPOM.
Avaliação da Assessoria Econômica da CDL-POA sobre a decisão: diante do exposto, acreditamos que o COPOM reduzirá a Taxa SELIC de 2,25% ao ano para 2,00% ao ano, renovando a mínima histórica.
IPCA sobe +0,36% em julho
O índice oficial de inflação do Brasil avançou +0,36% em julho, configurando a maior alta para o mês desde 2016 (+0,52%). De acordo com o Relatório FOCUS, do Banco Central, a estatística do IBGE equiparou-se à expectativa do mercado.
O resultado também veio abaixo da média histórica entre 1999 e 2019, durante o Regime de Metas (+0,49%). Aliado à variação dos preços em junho (+0,26%), temos, hoje, praticamente o nível antecedente às duas deflações em abril (-0,31%) e maio (-0,38%).
Na análise por grupamentos, dois recortes foram relevantes: transportes (+0,78%) e habitação (+0,80%), responsáveis por 77,8% de todo o incremento do IPCA. No primeiro caso, destaque para os combustíveis (+3,12%), muito por conta da recuperação da cotação do barril de petróleo, motivada pela reabertura das atividades em escala global. No segundo, a contribuição principal decorreu de energia elétrica.
Embora com o maior aumento, os artigos de residência (+0,90%) exerceram pequena influência sobre o agregado, dado o seu peso diminuto. Entre os produtos investigados, televisão, som e informática (+2,87%) e eletrodomésticos e equipamentos (+1,01%) apresentaram expansões consideráveis. Acreditamos que a liquidez injetada pelos programas de manutenção de renda do governo federal, como o coronavoucher, podem ter ajudado.
Por sua vez, despesas e cuidados pessoais (-0,11%, menor valor de todo Plano Real), vestuário (-0,52%) e a estabilidade de alimentos e bebidas (0,01%) impediram que a aceleração fosse mais expressiva.
No acumulado em 12 meses, o IPCA alcançou +2,31%. A leitura continua aquém do piso da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional em 2020, de +2,5%.
IPCA da Região Metropolitana de Porto Alegre: o IPCA da Região Metropolitana de Porto Alegre sofreu elevação de +0,37% em julho, quase em linha com a média nacional (+0,36%). Foi o sétimo menor patamar entre os 16 localidades averiguadas pelo IBGE. Já nos últimos 12 meses, a inflação na RM de POA somou +1,41%: 0,9 ponto percentual inferior a do BR (+2,31%).