Brasil registra menor taxa de investimento dos últimos 50 anos: conheça as causas
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JULHO, 2019
Notícias
A taxa de investimentos mostra a participação dos gastos em construção civil, máquinas e equipamentos, propriedade intelectual e outros ativos como proporção do tamanho da economia (PIB). Trata-se, portanto, de um indicador valioso para averiguar a capacidade de um determinado país em gerar crescimento sustentado de sua renda ao longo do tempo, proporcionando, dessa forma, a melhora da qualidade de vida da população.
Para avaliar a evolução dessa variável ao longo do tempo, selecionamos os dados oficiais do IBGE, desde 1947 até o primeiro trimestre de 2019, optando pela média móvel de 4 anos. A ideia dessa transformação é suavizar as oscilações de curto prazo, que podem acarretar em distorções. O resultado está disposto no gráfico abaixo: a taxa de investimento hoje, situada em 15,5%, encontra precedente apenas em 1967. Além disso, está 8,2 ponto percentual abaixo dos picos registrados em 1982 e 1989. Em termos financeiros, essa diferença corresponde, medida a preços de hoje, a R$ 560 bilhões.
Entre as causas que ajudam a explicar a dinâmica tão ruim verificada nos anos mais recentes estão:
- Elevado nível de ociosidade da economia: quando os fatores de produção encontram-se subutilizados – maquinário instalado nas empresas, por exemplo –, a retomada da demanda será atendida a partir da intensificação do uso desses equipamentos.
- Incertezas sobre o futuro: a ausência de estabilidade econômica, política e institucional faz com que muitos projetos, principalmente aqueles cujo prazo de maturação é longo, não saiam do papel.
- Economia em marcha lenta e crise das finanças públicas: o período entre 2015 e 2016 ficou marcado pela maior recessão da história do Brasil em mais de um século. Além da queda da receita, o governo aumentou sistematicamente os gastos obrigatórios acima da inflação nas últimas décadas, gerando um engessamento das despesas que exigiu, como contrapartida, a míngua dos investimentos na tentativa de consolidar um ajuste fiscal.
- “Operação Lava-Jato”: o desmantelamento da rede de corrupção entre as maiores empreiteiras do Brasil e o mundo político diminuiu significativamente o ritmo de expansão de obras públicas.
Para viabilizar a retomada dos investimentos, necessitamos de reformas para conter o avanço dos gastos públicos, além de viabilizar parcerias para que a iniciativa privada contribua de maneira mais atuante nesse processo.
*Conteúdo exclusivo – Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA
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